Lição da Escola Sabatina - 2º Trimestre de 2006
O Espírito Santo
Lição
1 – Personalidade e divindade do Espírito Santo
Quinta, 30/03 – EVIDÊNCIAS DA PERSONALIDADE DO
ESPÍRITO
A linha argumentativa da lição de hoje é bem simples e bem batida, onde nenhum dos textos apresentados é conclusivo, porém todos estarão sujeitos a interpretação dedutiva para se conseguir demonstrar conforme foi proposto.
As evidências apresentadas a respeito da personalidade do Espírito Santo são:
Ação
Pessoal |
Verso |
Nome usado |
Faz lembrar |
João 14:26 |
Consolador, Espírito Santo |
Testemunha de Jesus |
João 15:26 |
Consolador, Espírito da Verdade |
Guia na verdade |
João 16:13 |
Espírito da Verdade |
Glorifica a Jesus |
João 16:14 |
Espírito da Verdade |
Orienta |
Atos 10:19-20 |
Espírito |
Ordena |
Atos 11:12 |
Espírito |
Escolhe ministros |
Atos 13:2 |
Espírito Santo |
Impede |
Atos 16:6 |
Espírito Santo |
Proíbe |
Atos 16:7 |
Espírito de Jesus |
Constitui responsabilidades |
Atos 20:28 |
Espírito Santo |
Testifica conosco |
Rom. 8:16 |
Espírito de Adoção |
Ajuda e intercede |
Rom. 8:26-27 |
Espírito |
Distribui dons |
I Cor. 12:11 |
Espírito Santo |
Pode ser entristecido |
Efés. 4:30 |
Espírito Santo de Deus |
Fala |
I Tim. 4:1 |
Espírito |
Esta tem sido a explicação clássica dos atuais doutores da atual IASD: A Bíblia diz que o Espírito Santo pode ser entristecido (ou qualquer um dos itens acima) e uma força ou influência não pode ter sentimentos (ou fazer qualquer outra coisa peculiar aos seres pessoais). Portanto, conclui-se que a única explicação possível para todos os versos acima é de que o Espírito Santo é uma Pessoa Divina, a Terceira Pessoa da Trindade.
Será que esta seria a única explicação que possibilita entender estes versos? Acredito que não!
Em uma análise bem superficial (para não dizer, simplista e infantil), esta conclusão dos trinitarianos pode até parecer razoável e lógica, porém tudo não passa de “inferências” ou “deduções”:
O Espírito Santo pode ser entristecido
Tristeza = Sentimento
Só Seres Pessoais possuem sentimentos
Logo, Espírito Santo = Ser Pessoal
De acordo com esta lógica tendenciosa poderíamos interpretar Ezequiel 16:51 que diz “Samaria não cometeu metade de teus pecados...”:
Samaria pecou
Pecado = Transgressão da Lei de Deus
Só Seres Pessoais podem transgredir uma lei
Logo, Samaria = Ser Pessoal
Conclusão estranha! Não acham? Samaria é uma cidade e não uma pessoa, e uma cidade não peca e sim as pessoas que nela vivem. Está bem claro para todos que aqui o profeta está usando uma linguagem figurada ou metafórica, onde os habitantes da cidade de Samaria são descritos como a própria cidade.
Por que no caso de Ezequiel 16:51 todos aceitam facilmente a existência de uma linguagem figurada ou metafórica, e no caso dos versos acima as coisas se tornam diferentes? Assim como Samaria é usada figuradamente no lugar dos habitantes desta cidade, não poderia também o “Espírito Santo” ou “Espírito de Deus” referir-se à ação direta e pessoal do próprio Deus?
Uma das premissas básicas de interpretação e exegese da Bíblia é que ela se explica a si mesma. Quando lemos em Jó 19:2: “Até quando entristecereis a minha alma...”, entendemos por tudo aquilo que a Bíblia ensina sobre a palavra “alma” (hebraico=NEPHESH) que o autor está querendo dizer: “Até quando entristecereis a minha pessoa”. A palavra “Alma” na Bíblia não se aplica a uma entidade consciente que pode viver independentemente do corpo da própria pessoa.
Da mesma forma precisamos analisar a palavra “espírito” dentro da Bíblia. Quando Eclesiastes 12:7 traz “E o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”, nenhum teólogo adventista do 7º dia interpretaria a palavra “espírito” como uma entidade etérea com consciência que sai do corpo dos seres vivos quando eles morrem (isto é espiritismo!). Todos nós adventistas do 7º dia entendemos que a palavra “espírito” (hebraico=RUACH) na Bíblia refere-se ao princípio vital da vida (fôlego de vida) proveniente do Criador que, assim como a energia elétrica faz funcionar os eletrodomésticos, transforma o corpo inanimado (um boneco de barro) em uma “alma vivente” ou “ser vivente” (Ver Gên.2:19).
Já mencionamos ao comentar I Coríntios 2:10-11 que os atuais teólogos adventistas falam que o “Espírito de Deus” nestes versos refere-se à Terceira Pessoa de uma Trindade, mas que na verdade o verso está simplesmente comparando o “espírito do homem” com o “espírito de Deus” dizendo: assim como é um assim também é o outro; assim como o espírito do homem é o único que conhece as coisas do próprio homem, assim também somente o espírito de Deus conhece as coisas do próprio Deus. Nossos doutores teólogos não se atrevem a ensinar que este “espírito do homem” é um outro ser além do próprio homem (isto seria ensinar o espiritismo!), mas no mesmo verso quer que entendamos que o “Espírito de Deus” é um outro Deus chamado Deus Espírito Santo além do próprio Deus o Pai. Isto é uma grotesca incoerência!
Se entendemos que, por tudo aquilo que a Bíblia ensina sobre a palavra “espírito”, a expressão “espírito do homem” refere-se à essência do próprio homem, e na verdade é ele mesmo e não um outro diferente dele, então temos que ser sinceros intelectualmente para admitir que a expressão “Espírito de Deus” refere-se a essência do próprio Deus, e na verdade é Ele mesmo e não outro diferente dEle.
Portanto chega de usar estas inferências simplistas e tendenciosas: O espírito falou, só uma pessoa pode falar, portanto o espírito Santo é uma terceira pessoa; o espírito intercede, só um ser pessoal pode interceder, portanto o espírito Santo é um terceiro ser pessoal. Estas conclusões vão além daquilo que está escrito e revelado. Precisamos ser honestos em reconhecer que existe uma outra explicação que deve ser séria e inteligentemente considerada.
COMO UM JUDEU ENTENDE O ESPÍRITO SANTO?
A maneira como um judeu compreende o termo “Espírito Santo” pode nos ajudar a entender um pouco melhor esta questão. Segue abaixo trechos de uma carta escrita pelo judeu Chai Mendel (extraído de http://www.adventistas.com/trindade/judeus/resposta_judeu_es.htm):
O termo
Ruach Hakadosh (Espírito Santo) é usado pelos judeus como mais
uma forma de chamar D-us, ou seja, mais um nome. Na teologia judaica, D-us
é conhecido por 72 nomes! Confesso que não conheço todos.
Ad-nai (S-nhor), Ad-nai Tzevaot (S-nhor dos exércitos), kEl Shaday (que
é um acróstico da frase...D-us todo poderoso que alimenta seu
povo como uma mãe amamenta seus filhos), Elo-kim (D-us) entre outros
nomes.
Cada um
tem um significado e uma maneira de ser usado. Por exemplo, o nome Ad-nai
é usado quando um judeu está triste e procura ajuda, como um escravo
que clama ao seu senhor pela sua benevolência. Já o termo Ad-nai
Tzevaot é usado para pedir socorro em conflito armado, onde somos
minoria e corremos o risco de ser massacrados.
...Ruach
Hakadosh é um dos nomes pelo qual o judeu pede para D-us ajudá-lo
com as dificuldades espirituais, coisa que um homem não consegue ou
não teria ciência para compreender. Esse termo foi usado por Moshe
Rabeinu [Moisés], quando ele queria conhecer a D-us, e D-us (louvado
seja) respondeu, que somente de costas Moshe poderia conhecer a D-us.
...esse
nome é usado também, como nos acontecimentos de Purim. Existem
relatos de judeus que ouviam seus irmãos irem para os crematórios
nazistas, pedindo para Ruach Hakadosh que os libertasse daquele sofrimento, mas
aceitando seu sacrifício, honrando seu sagrado nome.
Para
validar sua crença na trindade, a igreja cristã viu a necessidade
de criar um terceiro ser igualado a D-us (outra prova do paganismo dessa
crença), e foi aí (acredito eu) o nascimento da expressão "pai,
filho e espírito santo"! Mas, repito, isso para nós judeus
é puro paganismo.
Sabemos que os
judeus não aceitam a Jesus como o Messias prometido nas Escrituras, e
por este motivo não O admitem como o unigênito e divino Filho de
Deus. Porém, para nós que somos cristãos e acreditamos
naquilo que está em João 10:30 (“Eu e o Pai somos um”),
o termo “Espírito Santo” (Ruach Hakadosh)
passa também a abranger o nosso Senhor Jesus Cristo.