De olho na Lição da Escola Sabatina

 

 

Lição 4  (2º Trimestre de 2005)

 

 

1) Como você respondeu a pergunta nº 5 da lição de Terça (19/04):

 

Nesse evento, como se manifestaram tanto a humanidade como a divindade de Jesus?

 

É bem provável que quem elaborou esta pergunta esteja querendo realçar a humanidade de Jesus pelo fato da narração bíblica relatar que ele estava dormindo, assim como qualquer ser humano quando está muito cansado, bem como destacar sua divindade pelo fato dEle ter acalmado os ventos e o mar.

 

Porém, aqui cabe uma outra pergunta: “Os grandiosos feitos miraculosos de Jesus são uma evidência irrefutável de sua divindade?”

 

Se pensarmos simploriamente: “Jesus exerceu poder sobre a natureza, e como só Deus tem o controle dela, logo Jesus também é Deus”, poderíamos acabar sendo facilmente refutados, pois Moisés separou o mar vermelho e Elias ressuscitou, e de forma alguma alguém incorreria no erro absurdo de falar que eles eram criaturas divinas.

 

“Ah! Mas não foi o poder de Moisés que separou o mar, nem o poder de Elias que ressuscitou, e sim o poder de Deus!” – pode alguém coerentemente observar. Correto! A Bíblia deixa bem claro que foi o poder de Deus agindo através da vida destes homens que realizou todos aqueles feitos extraordinários. Mas e quanto a Jesus? Seria correto afirmarmos que foi o “Seu poder divino” que acalmou o mar ou realizou Seus outros muitos milagres? Vejam o que Ele mesmo afirmou:

 

“Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz.” João 5:19

 

“Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou.” João 5:30

 

“Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, sabereis que Eu Sou e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou.” João 8:28

 

“Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras.” João 14:10

 

Acho que, após afirmações tão claras e diretas por parte de Jesus, ninguém afirmaria que Ele falou o que falou, e fez o que fez, com base em “Sua divindade inerente”. Portanto, devemos ser cautelosos nos tipos de argumentações lógicas que utilizamos para não sermos pegos em contradição.

 

Fiquemos com a lógica bíblica: Jesus é divino porque é o Filho unigênito de Deus (Marcos 1:1), e quem testifica esta verdade é o próprio Pai através de Sua Palavra revelada (Marcos 1:11), e não “simplesmente” por causa de Seus feitos miraculosos.

 

Faço esta observação, pois a pergunta da lição poderá induzir o leitor a um erro de pensamento. É bem possível que encontremos alguns irmãos afirmando que a prova “irrefutável” da divindade de Jesus é o Seu extraordinário poder sobrenatural exercido sobre a natureza, doenças e até sobre a morte. Meus irmãos, nos limitemos a ficar somente em cima daquilo que a Bíblia revela: Jesus realizou tudo o que realizou única e exclusivamente pelo poder do Pai que nEle habitava (o espírito de Deus); e é divino porque foi apresentado pelo Pai como Seu amado Filho unigênito.

 

Observem agora a pergunta nº 1 das “Perguntas para Consideração” (pág. 53 da edição do professor):

 

1. ... Que relação este milagre tinha com o ato de Jesus demonstrar ser Deus? ...

 

Se você entendeu a argumentação acima e concordou com ela, então pode ser que concorde com a minha resposta: “Nenhuma relação conclusiva e irrefutável!”

 

Na lição de quinta-feira (ver primeiro parágrafo) encontramos o mesmo pensamento, ao meu ver, errôneo:

 

Do outro lado do lago, provavelmente em Cafarnaum, Jesus manifestou mais uma vez Seu poder de forma dramática. Seu poder ordenou que os ventos e as ondas se aquietassem e, depois, levou calma às angustias de um homem desvairado. Em seguida, Seu poder expulsou uma enfermidade de longo tempo, e depois foi ressuscitar uma jovem.” Edição do Professor, pág. 48 (negritos acrescentados).

 

Já vimos que o próprio Jesus revelou que não era o Seu poder inerente, mas o poder do Pai agindo através dEle. Desta forma, ficaria muito mais coerente com os ensinamentos de Jesus se o parágrafo acima fosse escrito desta maneira:

 

Do outro lado do lago, provavelmente em Cafarnaum, Jesus manifestou mais uma vez Sua íntima ligação com o Pai de forma dramática. Foi mediante este íntimo relacionamento que ordenou que os ventos e as ondas se aquietassem e, depois, levou calma às angustias de um homem desvairado. Em seguida, através do poder do Pai que nEle habitava, expulsou uma enfermidade de longo tempo, e depois foi ressuscitar uma jovem.

 

Entendam bem! Não estou com isso afirmando que Jesus não era divino e que não tinha nenhum poder. Só quero enfatizar aquilo que o próprio Jesus deixou bem claro nos quatro versos acima mencionados (João 5:19, 30; 8:28; 14:10), ou seja, “que Deus (o Pai) ungiu a Jesus de Nazaré com o espírito Santo e com poder, o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele” (Atos 10:38). Creio que em Jesus, como o divino Filho unigênito de Deus (João 3:16), “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Col. 2:9), e que ao cumprir Sua missão, foi-lhe concedido pelo Pai “todo o poder no céu e na terra” (Mat. 28:18), e que hoje “está a direita de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potestades” (I Pe. 3:22).

 

 

“Examinai tudo. Retende o bem.” I Tessalonicenses 5:21

 

 

 

Continuaremos de olho...

 


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