Comentário da lição da Escola Sabatina
do 3º Trimestre de 2006
O EVANGELHO, E O JUÍZO
LIÇÃO 10 – Roma e Antíoco
Esta lição tem como objetivo definir pelas evidências bíblicas e
históricas quem é o poder representado pelo Chifre Pequeno em Daniel capítulos
7 e 8.
Vamos
recapitular a seqüência dos reinos profetizados nos capítulos 2, 7 e 8 de
Daniel para nos certificarmos do momento exato onde surge o Chifre Pequeno
nesta seqüência:
Seqüência |
Daniel 2 |
Daniel 7 |
Daniel 8 |
1º Reino |
Cabeça de Ouro |
Leão com asas de Águia |
|
2º Reino |
Peito e Braços de Prata |
Urso que se levanta de um lado |
Carneiro com
dois chifres |
3º Reino |
Quadris e Coxas de Bronze |
Leopardo com 4 cabeças e 4 asas |
Bode com um
chifre que dá lugar para outros 4 chifres |
4º Reino |
Pernas de Ferro sendo sucedidas pelos pés em parte
ainda de ferro só que misturados com o barro |
Animal terrível e espantoso com 10 chifres, de onde
surge um Chifre Pequeno |
Chifre Pequeno que cresce muito politicamente e se engrandece espiritualmente atacando o Santuário |
5º Reino |
Pedra destrói a Estátua e transforma-se
num grande monte que enche a terra |
O Chifre Pequeno é destruído e os santos
do Altíssimo recebem o Reino |
O Chifre Pequeno sem esforço de mãos
humanas é quebrado |
A
revelação bíblica não deixa qualquer dúvida quanto à identificação de quatro
destes cinco reinos:
Seqüência |
Revelação |
Identificação |
Período |
1º Reino |
Dan. 2:37 – “Tu és a cabeça de ouro” |
Império Babilônico |
7º e 6º século a.C. |
2º Reino |
Dan. 8:20 – “Aquele carneiro que viste
com dois chifres são o reis da Média e da Pérsia” |
Império Medo-Persa |
Do 6º ao 4º século a.C. |
3º Reino |
Dan. 8:21 – “Mas o bode peludo é o rei
da Grécia” |
Império Grego-Macedônico |
Do 4º ao 2º século a.C. |
4º Reino |
SEM
IDENTIFICAÇÃO DIRETA |
||
5º Reino |
Dan. 2:44 – “O Deus do céu levantará um
reino que não será jamais destruído. Este reino não passará a outro povo, mas
esmiuçará e consumirá todos estes reinos, e será estabelecido para sempre” |
O Reino de Deus |
? |
Como
podemos ver na seqüência profética acima, somente o 4º reino não está
identificado de forma direta e nominal. É justamente neste intervalo de tempo,
localizado entre o 3º império mundial e o estabelecimento definitivo do Reino
Eterno de Deus, que encontramos o Chifre Pequeno.
Não
é necessário ser um especialista em história para saber que foi o Império Romano quem sucedeu o Império
Macedônico por volta do 2º século a.C.. Portanto, mesmo antes de considerar
qualquer característica do Chifre Pequeno, tudo nos leva a crer que o 4º reino na
seqüência profética é o Império Romano, e que o Chifre Pequeno está íntima e
diretamente relacionado a ele.
Vamos
agora analisar nas três visões de Daniel as características deste 4º reino não
identificado:
|
Daniel
2 |
Daniel
7 |
Daniel
8 |
1 |
v.33 – 4ª parte da estátua v.40 – Representa o 4º
reino |
v.7 – 4º animal na
seqüência v.23 – Representa o 4º
reino |
v.9 – Aparece na seqüência
dos quatro chifres que simbolizam a divisão do reino da Grécia (v.22) v.23 – Surge no fim do
reinado destes quatro reinos |
2 |
v.33 – Simbolizado pelo
Ferro |
v.7 – Simbolizado por um
animal terrível e espantoso com dentes de Ferro |
v.9 – Simbolizado por um
chifre muito pequeno |
3 |
v.40 – Forte como Ferro |
v.7 – Muito forte |
v.24 – Grande será a sua
força |
4 |
v.40 – Esmiúça e quebra
todas as coisas |
v.7 – Devorava e fazia em
pedaços, e pisava aos pés o que sobrava v.23 – Será diferente e
devorará toda a Terra |
v.9 – Cresce muito para o
sul, para o oriente, e para a Terra Formosa v.24 – Destruirá
terrivelmente e prosperará, e fará o que lhe aprouver |
5 |
v.41 – Sucedido por um
reino divido |
v.7 – Tinha 10 chifres v.24 – Que simbolizam a
divisão deste reino em 10 outros reinos |
|
6 |
|
v.8 – Dá origem a um chifre
Pequeno que ao crescer arranca três dos dez chifres |
|
7 |
|
v.20 – Se torna mais forte
que seus companheiros |
v.24 – Destruirá os
poderosos v.25 – Destruirá muitos que
vivem em segurança |
8 |
|
v.8 – Tinha olhos humanos e
uma boca que falava com vanglória (blasfêmia) v.25 – Profere palavras
contra o Altíssimo |
v.10 – Engrandeceu-se até o
exército do céu v.11 – Engrandeceu-se até o
Príncipe do exército e dele tira o contínuo v.25 – No seu coração se
engrandecerá e se levantará contra o Príncipe dos príncipes |
9 |
|
v.21 – Fazia guerra contra
os santos e os vencia v.25 – Destrói os santos do
Altíssimo |
v.10 – Deita por terra e
pisa no exército do céu v.24 – Destruirá o povo
santo |
10 |
|
v.25 – Cuidará em mudar os
tempos e a lei |
v.11 – Lança o Santuário
por terra v.12 – Lança a verdade por
terra v.25 – Fará prosperar o
engano |
11 |
|
v.25 – Perseguirá os santos
por 1260 anos |
|
12 |
v.34 – A pedra cortada sem
auxílio de mãos atinge a estátua exatamente nos pés de ferro misturado com
barro |
v.26 – Perderá o domínio
por ação do Tribunal Celestial e será sistematicamente destruído até o fim |
v.25 – Sem esforço de mãos
humanas será quebrado |
É
inquestionável a semelhança de características existentes entre as três
descrições. Todos os detalhes acima favorecem a identificação deste poder com o
poder romano em sua fase pagã e cristã:
1-
Roma é o 4º
império mundial.
2-
A peculiaridade
do poder romano na história das civilizações, e em particular, no grande
conflito cósmico entre Cristo e Satanás justifica as formas diferentes com que
é simbolizada.
3-
Roma foi um
império muito forte.
4-
As campanhas
aniquiladoras dos exércitos romanos por toda a Europa demonstram sua face
brutal e subjugadora. O Império Romano em sua fase de expansão avançou para os
três pontos mencionados na profecia: Sul - rumo à África; Oriente - Grécia,
Ásia Menor e Síria; Terra Formosa - Palestina.
5-
O império romano
se enfraquece sistematicamente com as sucessivas invasões dos povos bárbaros,
dividindo-se em basicamente dez reinos diferentes (Visigodos, Ostrogodos,
Vândalos, Borgûndios, Lombardos, anglo-saxões, Francos, Alamanos, Hérulos, e
Suevos).
6-
O chifre pequeno
que procede do 4º animal representa o poder político do império romano sendo
transferido para o poder religioso. A história conta que nenhum outro império
mundial sucedeu ao império romano, no entanto toda a autoridade e influência
política exercida por este império acabou sendo transferida para a igreja
romana na pessoa de seu Bispo, o Papa. Em outras palavras Roma Pagã foi
substituída por Roma Papal ou Cristã. Basta verificar na história a autoridade
que o Bispo de Roma (o Papa) exercia sobre os imperadores e reis para
comprovarmos a veracidade desta transferência de poder. No processo de
crescimento político do poder religioso romano foi necessário que alguns
inimigos fossem eliminados. O cristianismo católico romano era inimigo mortal
dos arianos (seguidores da doutrina de Ário que ensinava que Jesus era
literalmente o Filho de Deus e que era um grande obstáculo ao dogma da trindade
inventado por este poder apóstata), de forma que os três povos que eram
arianos, ou seja, os Hérulos, os Vândalos e os Ostrogodos, foram exterminados
pelos imperadores católicos sob a influência e aval do poder religioso.
7-
Com a erradicação
dos arianos Ostrogodos no ano de 538 d.C. “o Papa emergiu como a mais
importante pessoa individual no Ocidente, o líder de uma organização religiosa
adequadamente organizada, detentora de um credo definido e com vasto potencial
para influência política.” Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel
(1ª edição) pág.130 – C.M.Maxwell.
8-
Com respeito à
arrogância deste poder religioso, bem como todo seu engrandecimento contra o
Príncipe dos príncipes, os textos abaixo falam por si mesmos:
“O supremo ensinador na Igreja é o pontífice romano. A
união das mentes, portanto, requer ... completa submissão e obediência à
vontade da Igreja e ao pontífice romano, como se fosse ao próprio Deus.”
Papa Leão XIII na Encíclica Sobre os Principais Deveres dos Cristãos
enquanto Cidadãos datada de 10/01/1890.
Em 20/06/1894 o mesmo Papa Leão XIII complementou:
“Nós [os Papas] ocupamos nesta Terra o lugar do
Deus Altíssimo.” A Reunião da Cristandade.
Em 1512 no 5º Concílio de Latrão, Cristóvão Marcellus
disse ao belicoso Papa Júlio II que não recusou as seguintes honrarias:
“Vós sois o Pastor, vós sois o Médico, vós sois o
Governador, vós sois o Chefe da família, enfim, vós sois um outro Deus na
Terra (em latim: tu enim pastor, ... tu denique alter Deus in terris)”.
Em julho de 1895:
“O Papa não apenas é representante de Jesus Cristo,
mas ele é Jesus Cristo, oculto sob o véu da carne” The Catholic
National.
E mais:
“Com respeito ao corpo místico de Cristo, ou seja,
todo fiel, o sacerdote tem o poder da chave, ou o poder de libertar pecadores
do inferno, ou fazer com que mereçam o paraíso, e de transformá-los de escravos
de Satanás em filhos de Deus. E o próprio Deus é obrigado a submeter-se ao
julgamento de seus sacerdotes” Dignity and Duties of the Priests or
Selva de St.Alphonsus De Leguorl, pág.27.
9-
A Nova
Enciclopédia Católica (New Catholic Encyclopedia) reconhece:
“Julgada pelos padrões contemporâneos, a Inquisição –
especialmente aquela desenvolvida na Espanha, próximo ao fim da Idade Média –
pode ser classificada apenas como um dos mais escuros capítulos da história da
igreja”.
Até escritos recentes da atual igreja católica romana
admite isto:
“A igreja tem perseguido. Apenas um principiante na
História da Igreja negaria isso. ... Quando ela crê que é bom empregar a força,
irá usá-la” The Western Watchman.
Durante a Idade Média, mais de 150 milhões de pessoas
morreram vitimados pela “santa inquisição” promovida pelo poder religioso
romano.
10-
Quando comparamos
este verso com Dan.2:21 que diz que é Deus “quem
muda os tempos e as horas, remove reis e estabelece reis”, podemos
verificar a pretensão deste poder em querer agir como Deus. Este paralelo é
particularmente interessante pelo fato dele indicar que a pretensão de mudança
dos tempos por parte do Chifre Pequeno pode também estar relacionada com a
manipulação do poder político e de seus governantes (coisa que o Papa soube
muito bem fazer durante toda a Idade Média). Um exemplo disto está na Bula
(decreto) Regnans in Excelsis do Papa Pio V, onde ele declarou a rainha
protestante da Inglaterra, Elizabeth I (1558-1603), como uma herética maldita,
e proibiu seus súditos de obedecer-lhe. Mais tarde o mesmo Papa deu a permissão
para que os súditos ingleses voltassem a lhe prestar obediência. Porém, mais
grave e significativo do que as mudanças e manipulações temporais, foram as de
ordem espiritual:
“O Papa pode modificar a lei divina, uma vez que o seu
poder não provém do homem, mas de Deus, e ele age na Terra como preposto de
Deus, com pleno poder para liberar ou reter suas ovelhas” Pedro de Ancarano
(Aproximadamente
Entre as mudanças realizadas nas verdades das
Escrituras Sagradas pela Igreja Cristã da idade média em franca apostasia,
destacamos a transferência da santidade do sábado para o domingo, e a mudança
da crença no único Deus Eterno e
“A autoridade da igreja é ilustrada mais claramente
pelas Escrituras; pois enquanto por um lado ela [a igreja] recomenda a
Escritura, declara que ela é divina, e a oferece para leitura, ... por outro
lado os preceitos legais da Escritura, ensinados pelo Senhor, cessaram em
virtude da mesma autoridade [exercida pela igreja]. O sábado, o mais glorioso
dia da lei, foi modificado para o dia do Senhor, ... Estes e outros assuntos
similares não foram abolidos em virtude dos ensinamentos de Cristo (pois Ele
declarou que viera cumprir a lei, e não para destruí-la), mas foram alterados
pela autoridade da igreja.” Mansi, Sacrorum Conciliorum.
Lutero, que tinha como lema “Sola Scriptura”,
foi escarnecido de maneira constrangedora pelo líder católico Johann Eck com o
seguinte argumento:
“A Escritura ensina: ‘Lembra-te do dia do sábado para
o santificar; seis dias trabalharás e farás toda a tua obra; mas o sétimo dia é
o sábado do Senhor teu Deus’, etc. Assim a igreja mudou o sábado para o domingo
por sua própria autoridade, e para isso você [Lutero] não tem nenhuma
Escritura” Enchiridion of Commonplacesof John Eck against Luther and other
Enemies of the Church, 8v, pág.13.
O eco deste pensamento ainda era ouvido em 1957 no
Catecismo da Doutrina Católica para os Conversos (The Convert’s Catechism of
Catholic Doctrine) de Peter Geiermann (pág.50):
“P.: Qual é o dia de sábado?
“R.: O sábado é o sétimo dia.
“P.: Por que nós observamos o domingo em lugar do
sábado?
“R.: Nós observamos o domingo em lugar do sábado
porque a Igreja Católica transferiu a solenidade do sábado para o domingo.”
E mais recentemente a Igreja Católica Apostólica
Romana continuava afirmando:
“Foi a Igreja Católica que, por autoridade de Jesus
Cristo transferiu esse descanso para o domingo, em memória da ressurreição de
nosso Senhor Jesus Cristo; de modo que a
observância do domingo pelos protestantes é uma homenagem que prestam,
independentemente de sua vontade, à autoridade da Igreja.” O Monitor
Paroquial de 26 de agosto de 1926, Socorro, Estado de São Paulo
11-
Daniel 11:13 diz
que um tempo equivale a um ano, ou seja, três anos e meio. De acordo com o
princípio bíblico de Ezequiel 4:6 e Números 14:34 que relaciona um dia
profético com um ano literal (ver lição anterior), temos um período de 1260
anos literais (3 ½ anos x 12 meses x 30 dias = 1260 dias). Tomando como início
da ascensão do poder da Igreja Católica o ano de
12-
As três profecias
de Daniel deixam bem claro que este poder duraria até o tempo do fim, onde não
seria destruído por mãos humanas, mas sim por intervenção divina.
Como
podemos verificar, mesmo sem uma direta identificação do 4º reino, as
características que apontam para o poder romano político e religioso são tão
detalhadas, abrangentes e precisas que não resta qualquer dúvida.
Porém,
apesar de todas fortes evidências, muitos insistem em separar e diferenciar os
Chifres Pequenos, afirmando que o Chifre Pequeno que surge do meio dos 10
chifres do Animal Terrível e Espantoso de Daniel 7 não é o mesmo daquele que
surge após o surgimento dos 4 chifres no bode de Daniel 8. Alguns até admitem
que o chifre pequeno do capítulo 7 seja o poder político/religioso romano, mas
entendem que o outro chifre pequeno do capítulo 8 seja uma referência
“exclusiva” a Antíoco Epifânio.
Voltando
aos detalhes descritos no quadro acima, verificamos que tal distinção entre os
dois chifres não existe razão de ser, devido às características de ambos serem
extremamente coincidentes:
Daniel
7 |
Semelhanças |
Daniel
8 |
v.8 – Chifre Pequeno |
Mesmo Símbolo |
v.9 – Chifre Pequeno |
v.21 – Guerra contra os
santos e os vencia v.25 – Destrói os santos do
Altíssimo |
Poder perseguidor |
v.10 – Pisa no exército do
céu v.24 – Destruirá o povo
santo |
v.8 – Vanglória (Blasfêmia) v.25 – Palavras contra o
Altíssimo |
Arrogância e Blasfêmia |
v.10 – Engrandeceu-se até o
exército do céu v.11 – Engrandeceu-se até o
Príncipe do exército v.25 – Levanta-se contra o
Príncipe dos príncipes |
v.25 – Santos do Altíssimo |
Tem como alvo o povo de Deus |
v.24 – Povo santo |
v.25 – 1260 anos |
Relacionado a tempos proféticos |
v.14 – 2.300 anos |
v.26 – Será destruído e
desfeito até o fim |
Existe até o tempo do fim |
v.17 – Fim do tempo v.19 – Tempo do fim |
v.26 – Perderá o domínio
por ação do Tribunal Celestial |
Destruído de forma sobrenatural |
v.25 – Sem esforço de mãos
humanas será quebrado |
“Quando você tem dois poderes representados
pelo mesmo símbolo profético e que executam as mesmas ações básicas no mesmo
período no fluxo das visões, parece mais do que óbvio que se trata do mesmo
poder.” (L.E.S. 3º trim. 2006, pág. 122 – Ed.Prof.).
Alguns
podem se sentir intrigados quanto ao fato de no capítulo 7 Roma pagã ser
simbolizada por um animal e Roma cristã por um chifre pequeno que dele procede,
e no capítulo 8 o chifre pequeno simbolizar tanto Roma pagã como cristã. Dentro
do conceito do paralelismo entre as visões de Daniel verificamos que o foco das
visões se amplia à medida que se sucedem uma a outra, de forma que os detalhes
sobre o 4º reino vão se ampliando a cada visão. Enquanto no capítulo 2 existe
uma preocupação única de destacar o aspecto político, o capítulo 7, como uma
visão intermediária entre a do capítulo 2 e 8, amplia o quadro mostrando o
mesmo poder em seu aspecto político e religioso. Já no capítulo 8, com sua
linguagem e simbolismo totalmente voltado para questões religiosas, a visão
mostra este poder em seu aspecto destacadamente religioso. A utilização no
capítulo 8 do mesmo símbolo (chifre pequeno) usado no capítulo 7, tem como
objetivo destacar soberanamente o aspecto religioso deste poder neste capítulo.
Talvez o quadro abaixo ilustre melhor o que estou tentando dizer:
Ênfase |
Daniel
2 |
Daniel
7 |
Daniel
8 |
Aspecto Político |
Ferro |
Animal |
Chifre Pequeno |
Aspecto Religioso |
|
Chifre Pequeno |
Porque o 4º reino não é
diretamente identificado como os demais?
Nenhum
outro símbolo nas profecias de Daniel recebe tanto destaque como aqueles relacionados
ao 4º reino. Esta ênfase é facilmente detectada quando verificamos a forma
peculiar como são representados somado ao grande número de detalhes fornecidos.
É como se Deus estivesse nos falando: “Estejam atentos ao 4º poder! Em termos
de reinos, este é o grande protagonista da história. Os demais são meros atores
coadjuvantes”.
O
destaque nas profecias de Daniel para este reino em específico se dá pela
maneira com que se relacionou com o povo guardião das verdades de Deus na
Terra, bem como sua participação de destaque em relação ao maior evento dentro
do plano da salvação, o nascimento, vida e morte do Filho de Deus.
“Os primeiros três reinos, embora não fossem
particularmente amigáveis para o tema bíblico da História, ocasionalmente
mostraram interesse sobre o povo de Deus. Nabucodonosor reconheceu Deus (Dan.
4:34-37) e Ciro, o imperador medo-persa, reverteu o cativeiro babilônico.
Alexandre, o Grande, da Grécia foi responsável pela tradução do Antigo
Testamento para o grego. Mas Roma tinha grandes objetivos políticos e
religiosos. Sob sua autoridade política, fez tudo o que pôde para destruir a
Igreja Cristã. Como poder religioso, estabeleceu seu domínio mundial,
enfraqueceu a autoridade das Escrituras, mudou o sábado e usurpou o sacerdócio,
que é prerrogativa exclusiva do Senhor ressuscitado.” (L.E.S. 3º trim.
2006, pág. 129 e 130 – Ed.Prof.).
A
Bíblia destaca o fato do Verbo de Deus se tornar carne e habitar entre nós,
justamente nos tempos já previstos de domínio do Império Romano, nos seguintes
termos:
“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu
Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.” Gálatas 4:4.
O
próprio Senhor Jesus chamou a atenção para este fato:
“Depois de João
ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus,
dizendo: O tempo está cumprido, e o
reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.” Marcos
1:14 e 15.
Os
termos “a plenitude do tempo” e “o tempo está cumprido” apontam, em
termos gerais, para a ocasião em que o reino de destaque nas profecias de
Daniel estaria em ação, porém, de forma mais específica, ao início da
septuagéssima semana de Daniel 9.
Mas,
a pergunta persiste: Por que a profecia identifica diretamente os outros reinos
menos importantes, e quando chega neste que é o principal destaque nas
profecias, não menciona o nome de Roma?
A
lição apresentou uma explicação muito boa:
“Portanto,
talvez Roma não tenha sido identificada diretamente – não porque Daniel não
pudesse predizer o futuro – mas porque o Senhor sabia que, por séculos, Roma
teria o controle exclusivo das Escrituras e que, caso os líderes de Roma
pudessem ver que o império era nomeado tão distintamente, especialmente de maneira tão negativa,
eles poderiam ter destruído as Escrituras ou o livro de Daniel. Como estava,
não sendo certo o que estava declarado, eles poderiam aplicar ao texto outras
identidades que não fossem eles mesmos. Enquanto isso, o Senhor mantinha essa
identidade oculta, sabendo que, no tempo certo, Ele iria erguer os reformadores
protestantes para descobrir a verdadeira identidade do poder do chifre pequeno
(Daniel diz que suas palavras seriam "encerradas
e seladas até ao tempo do fim" [Dan. 12:9]). Muitos dos reformadores realmente consideravam que Roma
cumpria aquele papel!” (L.E.S. 3º trim. 2006, pág. 123 – Ed.Prof.).
Se
o poder político e religioso romano já se irritou só com o simples fato das
evidências apontarem para ele, imaginem se no lugar de evidências tivéssemos
explicitamente o nome de “Roma”?
A
identificação direta de todos os reinos com exceção do quarto, tem levado
alguns estudiosos a conjecturarem a possibilidade do livro ter sido escrito por
volta do 2º século a.C. por um autor anônimo que viveu cerca do tempo da revolta
dos Macabeus, de forma que a menção dos impérios Medo-Persa e Grego, não seriam
profecias, mas sim narrativas históricas de fatos já ocorridos relatados como
se fosse uma profecia. Em outras palavras, o livro de Daniel, da maneira como
foi escrito, seria uma grande fraude profética.
A
historicidade do livro de Daniel está solidamente alicerçada no fato do próprio
Senhor Jesus tê-lo mencionado:
“Portanto quando
virdes que a abominação da desolação, de
que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (quem lê, entenda).”
Mateus 24:15
Neste
verso temos não somente a comprovação histórica do profeta Daniel e de seus
escritos, como também a identificação do Chifre Pequeno de Daniel 8 como o
Império Romano, feita pelo próprio Filho de Deus.
Quando
Jesus fala da “abominação da desolação”
está se referindo à ação do Chifre Pequeno contra o “lugar santo” literal (Jerusalém e o santuário) mencionado em Daniel
8:11 e 13:
“Quando virdes
Jerusalém cercada de exércitos, sabereis que é chegada sua desolação.” Lucas
21:20
Os
exércitos que cercaram e destruíram Jerusalém foram os exércitos do Império
Romano. Tal destruição seria uma antecipação simbólica daquilo que este mesmo
poder, travestido dos mantos da religiosidade, faria mais tarde na consciência
das pessoas em relação ao plano da salvação em execução no santuário celestial.
Antíoco Epifânio
Apesar
de todas contundentes evidências apresentadas acima, há uma opinião quase
unânime entre os eruditos bíblicos de todas as denominações (judeus e cristãos),
e até alguns eruditos adventistas, de que o chifre pequeno se restringe única e
exclusivamente ao 8º rei da dinastia
selêucida, Antíoco Epifânio (
Abaixo
estaremos apresentando os motivos que os levam a restringir o chifre pequeno de Daniel
|
Daniel
8 |
Antíoco
Epifânio* |
Roma
Pagã e Cristã |
1 |
v.9 - De um dos chifres (de um deles) saiu um
chifre pequeno ... |
A profecia fala que o
chifre pequeno surge de um dos quatro chifres do bode, ou seja, de uma das
divisões do império macedônico. Antíoco Epifânio cumpre esta profecia uma vez
que é um rei selêucida, que é uma das quatro partes do império grego. Em Daniel 8:9, a palavra
“eles” está no gênero masculino. Posto que a palavra “chifres” é feminina, e
a palavra “ventos” pode ser ou masculina ou feminina, os eruditos adventistas
indicaram que a palavra “eles” deve referir-se a “ventos”. Portanto,
argumentam, o chifre pequeno surgiu de um dos quatro ventos. Contudo, há um
problema com isso. A palavra “um” é feminina o que parece ligá-la à feminina
“chifres”. Se vamos olhar somente a lingüística, não podemos estabelecer com
certeza se o chifre pequeno surgiu dos ventos ou de outro chifre. |
No hebraico não existe a
palavra “chifres”, portanto esta tradução é tendenciosamente interpretativa. Na gramática hebraica a
palavra “chifre” (qeren) do verso 8 é uma palavra feminina, e a palavra
“ventos” (ruach) pode ser tanto masculina como feminina. Como o pronome
pessoal “eles” (de + eles = deles) deve concordar com o substantivo que o
antecede, este pronome deveria ser feminino caso ele realmente se referisse
aos chifres. Porém, o que acontece é que na língua hebraica o “deles” do
verso 9 é uma palavra masculina, sendo mais viável que ela esteja relacionada
com a palavra “ventos”. No entanto, se a palavra
“um” for realmente feminina, este argumento não poderá ser conclusivo. |
2 |
v.9 - ... e se tornou muito forte para o sul, para o
oriente e para a terra gloriosa. |
O reino de Antíoco Epifânio
centrava na Síria, que estava situada ao norte de Israel. Note-se que, durante
sua carreira, Antíoco atacou somente em direção ao sul e a leste da Síria: Ao sul – Antíoco entrou no Egito, e combateu (seu rei)
Ptolomeu Filometor, tomou muitas cidades, e ficou em Alexandria. Ao Leste – Em direção à Armênia e Pérsia, os atrópatas na
Média, e os países mais além do Eufrates, aos quais fez pagar-lhe tributo. A Terra Gloriosa – Antíoco atacou inesperadamente a terra de Israel,
matando dezenas de milhares de judeus, na tentativa de esmagar a religião
judaica. Isto não ocorre com Roma: Muitas das maiores conquistas de Roma foram ao
norte e ao oeste dela. Roma conquistou grandes regiões do noroeste da Europa,
as áreas que agora são ocupadas pela Inglaterra, França, Bélgica, Holanda,
Espanha e Portugal. Os romanos conquistaram as regiões noroeste da África,
que agora estão ocupadas por Marrocos, Argélia e Tunísia. Roma foi claramente
um poder que cresceu muito em direção ao norte e em direção ao oeste.
Portanto, Roma não pode ajustar-se às especificações desta profecia. |
Estas indicações políticas
confirmam sua identificação como sendo o Império Romano, pois destacam sua
expansão rumo a África (sul), Grécia, Ásia Menor e Síria (oriente), e
Palestina (terra formosa). Entretanto, estas características políticas
(crescimento horizontal) são apresentadas de forma bem sucinta e limitada, em
comparação com as demais características de caráter espiritual (crescimento
vertical). Fica evidente que o objetivo do capítulo 8 é apresentar o
engrandecimento do Chifre Pequeno em termos espirituais, destacando a
natureza espiritual ofensiva de suas atividades. |
3 |
v.10
-Cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do exército e das estrelas
lançou por terra e os pisou. |
Este versículo não está falando de seres
celestiais, porque nenhum império, nem sequer Roma, lançou por terra seres
celestiais. Tanto a Bíblia como os apócrifos judeus usam uma linguagem
similar para descrever os sacerdotes e governantes do povo hebreu. |
Roma Pagã teve sua continuação
na Roma Cristã, onde o Bispo de Roma acaba substituindo em poder e influência
o imperador Romano. O título pagão Pontifex Maximus (Sumo Sacerdote)
utilizado pelos imperadores romanos passou a ser um título cristão que
identificava o Bispo de Roma, de forma que o poder, autoridade e influência
antes exercidas pelos imperadores romanos foram lenta, gradativa e sutilmente
transferidos para o chefe da igreja cristã em Roma. O verso 10 refere-se ao
ataque que este poder romano em sua segunda fase, cristã ou papal, realizou
contra o povo de Deus, o Israel espiritual. Durante a Idade Média, mais
de 150 milhões de pessoas morreram vitimados pelas mãos cruéis do papado
romano (Santa Inquisição). |
4 |
v.11
- Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército ... |
Quem é “o príncipe do
exército”? Strong define “príncipe” (sar) como “cabeça, capitão,
chefe, general, governante, guarda, senhor, amo, príncipe, soberano,
administrador”. Portanto, o chifre pequeno se engrandeceria contra o cabeça,
capitão soberano do exército. Antíoco fez isto literalmente durante o seu
governo, quando o sumo sacerdote
Onias foi exilado e, mais tarde, assassinado da maneira mais cruel. |
O Príncipe do exército é
uma referência clássica ao Filho de Deus, Jesus Cristo (comparar com Jos.
5:14; Dan. 9:25; 10:13, 21 e 12:1). A aplicação primária
(literal) que se faz é o fato de Jesus ter sido crucificado debaixo da
autoridade do império romano. Uma aplicação secundária (simbólica)
refere-se ao fato do poder religioso romano ter usurpado as prerrogativas
exclusivas de mediação do Filho de Deus, colocando-se no lugar dele: “O Papa não apenas é
representante de Jesus Cristo, mas ele é Jesus Cristo, oculto sob o véu da
carne” The Catholic National. |
5 |
v.11
- ... dele tirou o (sacrifício) contínuo ... |
Antíoco Epifânio (ou
Antíoco IV) lançou um cruel ataque contra o santuário judeu e a religião
judaica, com o intento de fazer desaparecer a religião judaica. Proibiu o sacrifício
costumado de cordeiros, e profanou o santuário. |
A palavra “sacrifício” não
existe nos manuscritos hebraicos. O “contínuo” refere-se ao
ataque do poder religioso romano ao contínuo e exclusivo ministério intercessório de
Cristo no santuário celestial em nosso favor (ver Heb. 7:21-25). Este ataque
se concretizou no obscurecimento que Roma Papal realizou na consciência das
pessoas ao colocar-se no lugar de Cristo para perdoar pecados e conceder a
vida eterna. |
6 |
v.11
- ... e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo. |
O ataque de Antíoco contra
a religião judaica foi a pior crise que enfrentaram os judeus entre o
cativeiro babilônico no ano |
De forma literal aplica-se
a destruição do tempo hebreu no ano 70 d.C., mas de forma simbólica refere-se
ao santuário celestial onde nosso Sumo Sacerdote ministra em nosso favor o
Plano da Salvação. Roma Papal lançou o santuário por terra ao destruir na
consciência das pessoas as verdades salvíficas oriundas do santuário
celestial, onde Cristo é o único mediador entre Deus e o homem. A salvação pela graça foi
substituída pela salvação pelas obras, Cristo como o único caminho até Deus
foi substituído pela igreja romana na pessoa dos seus líderes, e as
principais verdades das Escrituras foram modificadas e lançadas por terra. |
7 |
v.12
- O exército lhe foi entregue, com o (sacrifício) contínuo, por causa das
transgressões; e deitou por terra a verdade; e o que fez prosperou. |
A Bíblia diz que estas
calamidades vieram sobre os judeus “por causa das suas transgressões”. Em
outras palavras, foram os pecados dos judeus que trouxeram sobre eles essa
calamidade. Foram os judeus os que de fato tomaram a iniciativa de helenizar
Jerusalém. Uma delegação de judeus proeminentes veio a Antioquia, pouco
depois que Antíoco assumiu o poder, pedindo permissão para converter
Jerusalém |
A chamada “idade escura”
foi o período onde uma profunda e terrível apostasia se abateu na igreja
cristã, conforme Paulo já havia predito Será
que alguém ainda duvida que Roma Papal lançou a verdade por terra e prosperou
em tudo que fez? |
8 |
v.14
- Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado. |
A profecia dos 2300 dias
teve um assombroso cumprimento durante o terrível reinado de Antíoco.
Assombrosamente, Deus disse aos judeus precisamente por quanto tempo seria
profanado o seu santuário: 2300 sacrifícios da tarde e manhã seriam suspensos
enquanto o santuário era profanado. Considerando que o ano judaico teria 360 dias, 2300
dias resultam em seis anos, três meses e vinte dias. Este período de tempo começou
no dia quinze do mês de Chislev, no ano 145 dos selêucidas, no qual Antíoco
estabeleceu a Abominação Desoladora no altar de Deus. Este foi o
princípio de intenso sofrimento para os israelitas que decidiram permanecer
fiéis a Deus. Judas Macabeu se sentia ultrajado pela injustiça que se estava
cometendo contra o santuário de Deus. Macabeu se levantou e iniciou uma
revolta contra Antíoco. Durante mais de três anos, lutou e combateu contra
Antíoco. Finalmente, o período de 2300 dias terminou com sua vitória sobre
Nicanor, no dia 13 do mês de Adar, ano 151 dos selêucidas. Isto se encaixa
com os 2300 dias como havia predito Daniel. Na realidade, os judeus desse
período reconheceram estes acontecimentos como um cumprimento direto de
Daniel 8. Depois de sua vitória, quando Judas entrou em Jerusalém, encontrou
“o santuário assolado”. (I Mac. 4:38) Imediatamente, deu instruções para que
o santuário fosse reconstituído e purificado para que pudesse ser usado
novamente para os serviços sagrados (Mac. 4:41-51). Os judeus comemoravam o
triunfo de Judas com uma festividade anual chamada a Festa da Dedicação (o
“Hannukkah”). O Salvador honrou esta festividade com a Sua presença (João
10:22). O Santuário foi “purificado” por Judas Macabeu quando limpou os
lugares santos, santificou os átrios, reconstruiu o altar, renovou os
utensílios do santuário, e pôs tudo em seu devido lugar. Desta maneira,
podemos ver um impressionante cumprimento da profecia quando Judas Macabeu
purificou e recuperou o santuário de Deus. |
Na tentativa de encaixar as
2.300 tardes e manhãs no período Porém, como pode ser visto
ao lado, outros já mencionam um período maior de pouco mais de 6 anos
literais. Temos dois complicadores
para o entendimento de 2.300 dias literais: a)
A profecia diz
claramente em mais de um lugar que esta visão refere-se ao tempo do fim (Dan.
8:17 e 19). Não tem muito fundamento alguém querer entender que a purificação
do santuário de Daniel 8:14 refere-se ao momento que as profanações de
Antíoco Epifânio no templo judeu terminaram, se a data em que isto ocorreu é
antes mesmo do nascimento de Cristo. b)
O próprio Jesus
afirmou clara e explicitamente que a abominação desoladora que havia se
referido o profeta Daniel ainda se encontrava no futuro em relação ao momento
em que estava proferindo seu discurso (Mateus 24:15). Antíoco Epifânio morreu
cerca de dois séculos antes destas palavras de Jesus, e portanto não faz
muito sentido pensar nele como a única possibilidade de cumprimento da
profecia do chifre pequeno de Daniel 8. |
9 |
v.23
- Mas, ao fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem, levantar-se-á
um rei de feroz catadura e entendido de intrigas. |
No versículo 23 descobrimos
que o poder do chifre pequeno surgiria “ao fim do seu reinado”. Isto se
refere aos últimos tempos das quatro divisões do império grego, pouco antes
que fossem conquistadas por Roma. As quatro divisões começaram na batalha de
Ipso no ano de |
Dan. 8:23 coloca o
surgimento do chifre pequeno no fim do reinado dos reis simbolizados pelos
quatro chifres que surgiram no lugar daquele chifre notável. Antíoco IV (175- Porém, é fato de que o
império romano teve seu tempo de domínio absoluto após subjugar todos os
domínios do dividido império macedônico. |
10 |
v.24
- Grande é o seu poder se fortalecerá, mas não por sua própria força ... |
Antíoco era “poderoso”,
embora não tanto como o chifre grande, Alexandre. A profecia disse que
Antíoco não era poderoso com força própria. Isto mostra que as calamidades
que atraiu sobre os judeus eram por direção e disposição divinas. Este grande
poder lhe foi dado para que fosse instrumento nas mãos de Deus para castigar
os judeus por seus pecados. Uma situação semelhante ocorreu muito antes na
história de Israel, quando Deus enviou Elias a ungir um rei sírio (I Reis
19:15), que mais tarde faria estragos a um Israel rebelde (II Reis 13:3, 22). |
Uma alusão clara à
influência e poder de Roma cristã, que diferentemente de um poder
exclusivamente político, não era forte pelo poder de sua própria força. Roma Papal
não tinha um exército próprio, porém como um poder político-religioso,
exercia influência sobre as demais nações usando a força dos exércitos que
elas possuíam contra todos os inimigos da igreja. |
11 |
v.24
- ... causará estupendas destruições, prosperará e fará o que lhe aprouver;
destruirá os poderosos e o povo santo. |
A maneira pela qual Antíoco
arrasou a santa cidade e massacrou a muitos hebreus é um notável cumprimento
da profecia de que “causará estupendas destruições, prosperará e fará o que
lhe aprouver; destruirá os poderosos e o povo santo”. |
As estupendas destruições,
o sucesso em todas suas empreitadas, e a destruição do povo santo pode tanto
ser aplicado a Roma pagã como a Roma cristã ou papal. |
12 |
v.25
- Por sua astúcia nos seus empreendimentos fará prosperar o engano, no seu
coração se engrandecerá, e destruirá a muitos que vivem despreocupadamente
... |
A profecia diz que Antíoco
“destruirá a muitos que vivem despreocupadamente”. Isto se refere a sua política
de conservar sempre a aparência de amizade em relação aos
que queria destruir. Desse modo podia melhor levar a cabo seus propósitos,
enquanto seus inimigos estavam confiantes (ver Notes on Daniel, de
Albert Barnes, pp. 354-355). |
Os reformadores o século 16
identificaram este poder astuto, enganador, soberbo e destruidor como o poder
de Roma Papal. Por tudo o que já foi dito acima, vemos que eles tinham razões
de sobra para tanto. A destruição sobre os
viviam despreocupados pode tanto referir-se a destruição dos judeus por
ocasião do cerco de Jerusalém pelos romanos (nenhum cristão que se preocupou
com as advertências de Cristo pereceu), como também a destruição espiritual
de todos aqueles que não se preocupavam em investigar a verdade por si mesmos,
confiando despreocupadamente nos líderes religiosos de Roma Papal. |
13 |
v.25
- ... levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes, mas será quebrado sem
esforço de mãos humanas. |
A profecia diz que “será
quebrado sem esforço de mãos humanas”. Esta é uma espantosa profecia que
indica como morreria Antíoco. Todas as declarações de sua morte, pelos
autores dos livros dos Macabeus (II Mac. 9:5-12, 28), por Josefo, por
Políbio, por Q. Curcio, e por Arriano, concordam em representá-la como
acompanhada de cada uma das circunstâncias de horror que muito bem pode
supor-se estarem presentes numa partida deste mundo, e tendo todas as marcas
distintivas do justo juízo de Deus. A divina predição de Daniel, de que sua
morte seria “não por mãos humanas”, no sentido de que o instrumento não seria
humano, senão que sua morte seria infligida diretamente por Deus, se cumpriu
plenamente. (Notes on Daniel, p. 355). |
Comparando com Dan. 2:34 e
45, temos aqui uma clara menção a uma destruição sobrenatural e cataclísmica. Nas 3 visões de Daniel
capítulos 2, 7 e 8, é dito que o 4º poder mundial permanecerá até o tempo do
fim, sendo então destruído de forma sobrenatural pela intervenção divina
(Dan. 2:34, 7:26, 8:25). Torna-se muito complicado
relacionar o chifre pequeno de Dan. 8 exclusivamente a Antíoco Epifânio uma
vez que a profecia diz claramente em mais de um lugar que esta visão
refere-se ao tempo do fim (Dan. 8:17 e 19). |
* Os argumentos apresentados a favor de
Antíoco Epifânio foram extraídos do site www.ellenwhite.org/port/2300.htm,
que é um site que ataca a interpretação profética da Igreja Adventista, de
maneira que, nesta coluna, simplesmente estamos mencionando a linha interpretativa
prevalecente entre a grande maioria dos cristãos. Chamamos a atenção para o
item nº.8 para esclarecer que não concordamos com a interpretação de que os
2.300 dias se cumpriram de forma literal
Ainda
com respeito à identificação do Chifre Pequeno de Daniel
http://www.adventistas.com/agosto2006/desafio_2300tardesemanhas.htm
Em
resumo a posição da equipe do site “Concerto Eterno” é muito esclarecedora:
1)
Uma mesma
profecia realmente pode ter cumprimentos múltiplos.
2)
A Igreja erra ao
desconsiderar totalmente a figura de Antíoco Epifânio na profecia. Porém,
muitos teólogos não-adventistas se equivocam ao restringir a profecia apenas a
ele.
3)
O chifre de
Daniel 8 é um poder político-econômico-cultural-religioso que se inicia no
Helenismo, já trazendo em seu bojo elementos das religiões babilônica, persa e
egípcia, e que vai crescendo até desaguar no culto imperial de Roma e no
Catolicismo medieval.
4)
Nesse sentido,
Antíoco Epifânio é apenas uma das manifestações do chifre pequeno, assim como o
Vaticano é apenas uma das manifestações da besta. Lembremo-nos de que a besta
tem 7 cabeças e o Vaticano era apenas uma delas (Apocalipse 13:3). Roma
Revolucionária também foi uma das manifestações da besta, conforme Apocalipse
11:7 (comparar com Apocalipse 17:8), assim como Hitler e o Nazismo. Na verdade,
a besta é um complexo de forças: por isso tem 7 cabeças e 10 chifres.
5)
É importante
lembrar que Antíoco foi levado refém ainda criança para Roma, onde foi educado.
Quem conhece a história selêucida do período de Antíoco Epifânio percebe que
ele era, em certo sentido, um agente de Roma. Os saques promovidos ao Templo de
Jerusalém eram para cobrir os desfalques no orçamento da Síria que os tributos
cobrados pelos romanos causavam.
6)
Isso, entretanto,
nem exige que Daniel 8 seja interpretado na base de cumprimentos múltiplos. O
cumprimento é, sob determinado ponto de vista, um só: é algo que vai num
crescente.
7)
As 2.300 tardes e
manhãs cobrem todo o período do desenvolvimento desse poder e chega ao ponto em
que o Tribunal se assenta para julgar suas ações. Necessário se faz, para
tanto, que o povo de Deus seja inocentado a fim de que as perseguições
desencadeadas contra ele sejam consideras ilegais.
Com
tudo isso, concordamos!