O DESENVOLVIMENTO DO DOGMA DA TRINDADE NOS CREDOS
É provável que a maioria dos freqüentadores das
igrejas, hoje em dia, crê que foram Jesus Cristo e os seus apóstolos os que
desenvolveram a doutrina da Trindade. No entanto, o Professor E. Washburn Hopkins
explica no seu livro Origin and Evolution of Religion (Origem e Evolução
da Religião), na página 336: “A doutrina da trindade era evidentemente
desconhecida a Jesus e a Paulo; de qualquer modo, não dizem nada sobre ela.”
Não formularam nenhum credo definindo a Trindade.
De fato, a palavra “trindade” não ocorre nenhuma vez na Bíblia Sagrada.
Tampouco se encontram na Bíblia expressões tais como “um só Deus, Pai, Filho e
Espírito Santo”, num “consubstancial com seu Pai”. Ao contrário, a Bíblia fala
de Cristo como sendo “o princípio da criação de Deus”, e diz que “a cabeça do
Cristo é Deus” (Apoc. 3:14; I Cor. 11:3). Portanto, a Nova Enciclopédia
Católica, em inglês, diz a respeito da Trindade: “Não é, conforme já se
viu, direta e imediatamente a palavra de Deus.” - Volume 14, página 304.
“Tampouco se desenvolveu o conceito de ‘três pessoas
em um só Deus’ logo após a morte de Jesus e dos seus apóstolos. Isto foi
observado pelo professor episcopal de história eclesiástica James Arthur
Muller, que escreve: “Esta falta de uma doutrina formulada da Trindade reflete
o pensamento teológico do segundo século. Nas obras de Justino, o Mártir, que
escreveu por volta de 150 A. D., enfatiza-se a pré-existência do Filho, no entanto,
em relação ao Pai, fala-se Dele como estando ‘em segundo lugar’.” - Creeds
and Loyalty, página 9.
Mesmo
perto do fim do segundo século, o destacado clérigo Ireneu fala de Cristo como
estando subordinado a Deus, não igual a ele. - Veja Irenaeus Against
Heresies, Livro 2, capítulo 28, seção 8.
De
modo que a Trindade era desconhecida aos primitivos eclesiásticos. Realmente
foi uns 400 anos ou mais após a morte de Cristo que o conceito de “três pessoas
em um só Deus” foi finalmente formulado por homens e introduzido na igreja.
“Mas”, objeta talvez alguém, “não foram os próprios
apóstolos que compuseram o Credo dos Apóstolos? E não ensina este credo a
Trindade?” Por séculos se ensinou que os doze apóstolos escreveram este credo,
e isso foi crido piamente. Mas esta afirmação se mostrou inverídica. Na
realidade, a evidência revela que o “Credo dos Apóstolos”, ou “Símbolo dos
Apóstolos”, foi formulado por homens que viviam centenas de anos depois deles!
The Faith of Christendom (A Crença da Cristandade),
livro que é fonte de informações sobre credos e confissões, editado por B. A.
Gerrish, observa: “Até agora, portanto, quanto a ter sido composto pelos
Apóstolos em pessoa, não temos motivo para presumir que o Credo que leva seu título
tenha aparecido menos de quinhentos anos após o tempo deles”. Examine o Credo
ou Símbolo dos Apóstolos, conforme apresentado a seguir:
“Creio
em Deus Pai onipotente, Criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único
Filho, Nosso Senhor, o qual foi concebido do Espírito Santo, nascido da Virgem
Maria; tendo sofrido sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;
desceu aos infernos, no terceiro dia ressuscitou dos mortos; subiu aos céus,
está assentado à direita de Deus Pai onipotente, donde há de vir julgar os
vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja Católica, na
comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida
eterna. Amém.”
Conforme pode ver, aqui não se diz nada sobre Deus,
Jesus Cristo e o Espírito Santo serem “um só Deus”. No entanto, no decurso dos
anos em que se formulou o Credo dos Apóstolos, surgiu grande controvérsia sobre
a natureza de Cristo. Qual era exatamente a sua relação com Deus? Era inferior
a Deus e distinto dele, ou era Jesus o próprio Deus?
Por volta do quarto século, alguns eclesiásticos,
inclusive o jovem arcediago Atanásio, argumentavam que Jesus e Deus eram a
mesmíssima pessoa. Por outro lado, homens tais como o presbítero Ário
apegavam-se à posição bíblica, de que Jesus fora criado por Deus e era
subordinado ao seu Pai. Em 325 d.C., reuniu-se em Nicéia, na Ásia Menor, um
concílio eclesiástico convocado pelo imperador romano Constantino para resolver
tais questões. Neste concílio, o imperador pagão Constantino favoreceu o lado
de Atanásio. Portanto, os conceitos expressos por Ário foram declarados
heréticos.
Seguiu-se então um “experimentar palavras e afiar
frases” para projetar um credo como instrumento a ser usado contra os que
afirmavam que Cristo teve início e não era consubstancial com seu Pai. O Credo
ou Símbolo de Nicéia, na sua forma original, destinava-se claramente a combater
a posição de Ário. Concluía com a seguinte declaração, que mais tarde foi
excluída do credo:
“Mas os que dizem que houve
tempo em que não existia; ou que não existia antes de ser gerado; ou que foi
feito daquilo que não teve princípio; ou que afirmam que o Filho de Deus é de
qualquer outra substância ou essência, ou criado, ou variável, ou mutável,
estes são anatemizados [amaldiçoados] pela Igreja Católica e Apostólica.” -
Cyclopedia de M'Clintock & Strong, Volume 2, páginas 559-563.
Digno de nota é também o fato de que o credo
original redigido em Nicéia não atribuiu personalidade ao Espírito Santo. Todavia, adições
posteriores, que se crê terem sido feitas pelo Concílio de Constantinopla, em
381 d.C., fizeram isso. O credo ou símbolo redigido em Nicéia, em 325 d.C., com
as suas alterações posteriores, passou para a história como o Credo de Nicéia.
Reza do seguinte modo:
“Creio em um só Deus, Pai
onipotente, Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e
invisíveis. E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do
Pai antes de todos os séculos; Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro do
Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial com seu Pai, por quem todas
as coisas foram feitas; o Qual, por causa de nós homens e por causa da nossa
salvação, desceu dos céus e, por virtude do Espírito Santo, tomou carne da Virgem
Maria e foi feito homem. Também, por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos,
sofreu e foi sepultado; e ressuscitou no terceiro dia, conforme as Escrituras,
e subiu para o céu; está assentado à direita de seu Pai e outra vez há de vir,
com glória, para julgar os vivos e os mortos; e do seu Reino não haverá fim. E
(creio) no Espírito Santo, Senhor e vivificador, que procede do Pai e do Filho;
o qual simultaneamente com o Pai e o Filho, é adorado e conglorificado; o qual
falou pelos profetas. E em uma só Igreja Santa, Católica e Apostólica. Confesso
um só batismo para a remissão dos pecados e espero a ressurreição dos mortos e
a vida do século vindouro. Amém.”
Depois de se ler cuidadosamente o Credo de Nicéia, é
interessante notar que ainda não se define nele completamente a Trindade.
Afirma-se que o Pai e o Filho são da mesma substância, e o Espírito Santo é
chamado de “Senhor e vivificador”, mas não se diz que estes três são “um só
Deus”. Ainda havia de haver mais “experimentar palavras e afiar frases”.
É no Credo ou Símbolo de Atanásio que se define
finalmente a Trindade. Conforme deve lembrar-se, Atanásio foi o jovem arcediago
que se destacou em apoiar os conceitos apresentados no Credo de Nicéia. Foi
também ele quem compôs este credo que leva seu nome? Foi isto o que se
acreditou por séculos, mas, por fim, provou-se definitivamente que não é
verdade.
The Faith of Christendom observa, na página 61: “A
atribuição do Credo a Atanásio foi exposta no século dezessete pelo erudito
holandês G. J. Voss. Argumentou-se, à base de evidência interna, que o
documento pode datar do período entre 381 e 428 A. D.” No entanto, não existe
nenhuma evidência certa para uma data tão antiga para o credo. De fato, até
centenas de anos depois, não existe nenhuma referência a ele na forma completa!
John J. Moment, no seu livro sobre os credos, declara por isso decididamente:
“Atanásio já estava morto por quinhentos anos quando apareceu.” (We Believe, página 118)
Veja como o Credo Atanasiano define a Trindade:
“. . . que adoremos um só
Deus em Trindade e a Trindade na Unidade, nem confundindo as Pessoas, nem
separando a Substância. Na verdade, uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho,
outra a do Espírito Santo; mas uma só é a Divindade do Pai, do Filho e do Espírito
Santo; igual a glória, coeterna a majestade. Qual é o Pai, tal o Filho, tal o
Espírito Santo. Incriado é o Pai, incriado o Filho, incriado o Espírito Santo.
Imenso é o Pai, imenso o Filho, imenso o Espírito Santo. Eterno é o Pai, eterno
o Filho, eterno o Espírito Santo. E, no entanto, não (há) três eternos, mas um
só Eterno; assim como não (há) três incriados, nem três imensos, mas um só
incriado e um só imenso. Igualmente onipotente é o Pai, onipotente o Filho,
onipotente o Espírito Santo; e, no entanto, não (há) três onipotentes, mas um
só é o Onipotente. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é
Deus; e, no entanto, não são três deuses, mas Deus é um só. Assim, o Pai é
Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor; e, no entanto, não são
três senhores, mas um só é o Senhor. Pelo que, assim como somos obrigados, na
verdade cristã, a confessar cada uma Pessoa, singularmente, como Deus e Senhor,
assim nos é proibido, pela religião católica, dizer três Deuses ou três
Senhores. O Pai por ninguém foi feito, nem criado, nem gerado. O Filho só pelo
Pai foi: não feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo, pelo Pai e pelo
Filho: não foi feito, nem criado, nem gerado, mas deles procede. Um só,
portanto, é o Pai; não três Pais; um só, o Filho; não três Filhos; um só, o
Espírito Santo; não três Espíritos Santos. E nesta Trindade nada é primeiro ou
posterior; nada maior ou menor; mas todas as três Pessoas são a si coeternas e
coiguais. Portanto, por tudo, assim como acima já foi dito, deve ser adorada a
Unidade na Trindade e a Trindade na Unidade. Portanto, quem quiser se salvar,
assim sinta (pense) da Trindade. . . .”
Portanto, a doutrina da Trindade foi finalmente
formulada muitas centenas de anos após a morte de Jesus Cristo. Nas palavras do
teólogo N. Leroy Norquist, os homens “experimentaram palavras, afiaram frases,
até que definiram a relação das três ‘pessoas’ da Trindade de tal modo, que
finalmente podiam dizer: ‘A menos que creia nisso, não é verdadeiro crente.’”
Assim se formulou, portanto, o conceito sobre Deus adotado agora na maioria das
igrejas.
[Nota de rodapé] Os credos, conforme aparecem neste
artigo, são citados da Exposição da Doutrina Católica, por Cyro Nunes Ferreira,
1ª edição, Edições Paulinas.
Pode ser, porém, que não creia que a sua igreja
aprove realmente estes credos. É verdade que tem havido a tendência de nem
mesmo tentar ensinar aos paroquianos o conceito perplexo sobre Deus que é
adotado. Mas isto não quer dizer que os credos tenham sido rejeitados pelas
igrejas. Ao contrário, quase todas as igrejas ainda se apegam ao seu conceito
confuso sobre Deus. Que a Igreja Católica Romana o faz é claramente
declarado em The Catholic Encyclopedia sob o verbete “Trindade”. Depois
de citar parte do Credo Atanásiano, ela declara: “Isto é o que a Igreja
ensina.”
A Igreja Anglicana também endossa os credos
dos Apóstolos, de Nicéia e de Atanásio. A Igreja Episcopal, protestante,
também o faz, explicando que “está longe de pretender afastar-se” da Igreja
Anglicana “em qualquer ponto essencial de doutrina”. Os grupos luteranos também
adotam estes credos. A constituição da Igreja Luterana da América,
Artigo II, seção 4, diz: “Esta igreja aceita os credos dos Apóstolos, de Nicéia
e de Atanásio como declarações verazes da fé da Igreja.”
De modo similar, a constituição da Igreja Unida
de Cristo declara: “Reivindica como sua a fé da Igreja histórica, expressa
nos antigos credos . . . Os presbiterianos adotam o Credo de Nicéia, e o
mesmo fazem os grupos grandes dos metodistas. Estas religiões adotam
oficialmente o conceito trinitarista. Embora os grupos batistas, em
geral, não aprovem credos, o Secretário Geral Adjunto da Convenção Batista
Americana observou a respeito do Credo Atanasiano: “Estou certo de que a maioria
dos batistas americanos estaria em substancial acordo com o seu conteúdo.”
É verdade que certas igrejas da cristandade não
endossam oficialmente nenhum credo, mas, quase todas elas adotam o dogma
trinitarista que estes desenvolveram. Quanto a isso, John J. Moment escreveu no
seu livro We Believe (Cremos) a respeito do Credo Atanasiano: “Suas
definições estereotípicas continuaram a ser aceitas no Protestantismo, mais ou
menos conscientemente, como norma de ortodoxia.”
..........................
... exame da doutrina misteriosa da “Trindade”.
Trata-se dum dogma básico da Igreja Católica Romana e de todas as mais de
duzentas igrejas pertencentes ao Conselho Mundial de Igrejas, das quais se
exige que creiam no conceito trinitário de “um só Deus, Pai, Filho e Espírito
Santo”.
[Partes de um artigo publicado na
revista “A Sentinela” de 15 de janeiro de 1970, editada pela Sociedade
de Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, gentilmente nos enviado pela
Testemunha de Jeová, Cristiane Silva.]
NISTO CREMOS: CREDO OFICIAL DA IASD?
Alberto R. Timm, Ph. D., em "Adventismo: Histórias e Crenças",
artigo publicado na Revista Adventista de junho de 2002, pág. 10.
“A possibilidade de posterior desenvolvimento da verdade presente
foi uma razão pela qual Tiago White e outros primeiros crentes adventistas se
opuseram ao estabelecimento de credos. Ademais, não tinham muitos dos
adventistas sido expulsos de suas denominações anteriores, justamente por causa
da descoberta de novas verdades bíblicas, a respeito das quais não puderam
calar-se? Em virtude dessa experiência, os primeiros adventistas
estabeleceram que seu único credo seria a Bíblia.
Em 1861 numa reunião em que
os primeiros sabatistas organizaram sua primeira Associação estadual, John
Loughborough enfatizou o problema que os pioneiros viam no credo. De acordo com ele, ‘o primeiro passo para a
apostasia é estabelecer um credo e dizer que devemos crer nele. O
segundo é fazer desse credo um teste de discipulado. O terceiro é
provar os membros por esse credo. O quarto passo é denunciar como
heréticos aqueles que não crêem no credo. E, quinto, persegui-los por
isso’.
Tiago White então falou,
mostrando que ‘estabelecer um credo é fazer estacas e levantar barreiras ao
futuro desenvolvimento’. Ele se queixou de algumas pessoas que através de
seus credos ‘delimitaram um caminho para o Todo-poderoso. Elas dizem
virtualmente que o Senhor não deve fazer qualquer coisa no futuro, além daquilo
que está marcado no credo. ... A Bíblia é nosso credo. Rejeitamos
qualquer coisa na forma de um credo humano’, ele concluiu. Depois de uma
animada discussão, a Associação unanimemente votou adotar um ‘Compromisso de
Igreja’, que continha uma curta declaração de crenças fundamentais,
sobre a base de que a Igreja tem a responsabilidade de dizer alguma coisa do
que crê a seus membros e interessados, mesmo evitando um credo inflexível.
Desde o desenvolvimento da
primeira Associação organizada em 1861, a Igreja Adventista do Sétimo Dia teve apenas
três declarações de crenças que conseguiram certo grau de aceitação
oficial, e apenas uma foi votada por uma assembléia da Associação Geral. A
primeira foi a declaração de Uriah Smith, em 1872. A segunda data de
1931, e a terceira é a declaração de crenças fundamentais adotada pela
Associação Geral, na Assembléia de 1980”. (KNIGHT, George. Revista
Ministério. As Mudanças do Adventismo. Edição única. Tatuí – SP, CPB, janeiro/fevereiro
1994. p. 21.).
[A informação acima fornecida por
George Knight com respeito as três declarações de crenças esta parcialmente
correta. Após a primeira publicação das crenças fundamentais em 1872 num
folheto redigido por Uriah Smith, esta mesma declaração foi publicada no primeiro
número da revista “The Sign of the Times” em 1874, e repetida em 1889 na primeira
edição do Year Book. Porém, foi no ano de 1894 que houve a aprovação destas
crenças fundamentais na Assembléia da Igreja de Battle Creek-Michigan. Segundo
LeRoy Edwin Froom em seu livro Moviment of Destiny, esta foi “a mais
representativa; compreensiva e autorizada declaração das crenças fundamentais
na história até aquele tempo” (pág.342). Devemos destacar que o texto das crenças
fundamentais aprovada nesta importante Assembléia em 1894, era essencialmente o
mesmo daquele que foi colocado num folheto em 1872 por Uriah Smith. Depois
desta aprovação estas crenças fundamentais foram repetidas nas 9 edições do
Year Book entre os anos de 1905 e 1914. Ellen White morreu em 1915 e as crenças
fundamentais deixaram de ser publicadas, até que no ano de 1931 elas voltaram
para o Year Book, só que modificadas. Não eram mais as mesmas crenças
fundamentais dos pioneiros defendidas até o ano de 1914, pois elas tinham sido
alteradas de forma a incluírem a crença na trindade. Esta alteração passou a
fazer parte das crenças fundamentais dos adventistas de forma oficiosa, pois
foi somente no ano de 1980 que elas foram “aprovadas” de forma geral
(juntamente com as demais doutrinas) na Assembléia Geral em Dallas.]
NISTO CREMOS – A BASE PARA O CREDO “OFICIAL DA IASD”
Sobre esta última
declaração de crenças: o livro Nisto Cremos, onde consta a de 1980, está
escrito o seguinte:
“Durante muitos anos os
Adventistas do Sétimo Dia têm-se demonstrado relutante em formalizar um credo
(no sentido usual desta palavra). ...”.
“... Embora este volume não
represente uma declaração votada oficialmente – já que somente uma sessão
da Associação Geral poderia tomar tal medida -, ele deve ser visto como
representativo da ‘verdade ...”. (Editores: LESSA, Rubens S., GUARDA,
Márcio D. e SCHEFFEL. 4ª ed. Tatuí – SP, CPB,
1997. p. 6.).
Portanto, diante disso, percebe-se que essa última
declaração de crenças não é uma declaração oficial da Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Por que ela não é oficial?
DECLARAÇÃO DE URIAH SMITH
A primeira declaração de crenças, é conhecida como a
“declaração de Uriah Smith” datada de 1872. Sobre o pensamento dele, no
artigo “as mudanças do adventismo”, está escrito o seguinte:
“Não apenas era
antitrinitariano e semi-ariano, tal como os outros de seus companheiros, também
apresentava o Espírito Santo como ‘esta divina, misteriosa emanação,
através da qual Eles (o Pai e o Filho) levam avante Sua grande Obra’. Noutra
ocasião, Smith falou do Espírito Santo, como uma ‘influência divina’
e não uma ‘pessoa como o Pai e o Filho’.
Muitos
dentre os fundadores do adventismo não se uniriam à Igreja hoje, se eles
tivessem que subscrever as crenças fundamentais da denominação.
Mais
especificamente, muitos deles não concordariam com a crença nº 2, a qual trata
da doutrina da Trindade. Para José Bates, essa era uma doutrina espúria. Tiago
White a classificava como ‘o velho absurdo trinitariano. E para M. E. Cornell
tratava-se de um fruto da grande apostasia, tal como os falsos ensinamentos da
guarda do domingo e da imortalidade da alma’”. (KNIGHT, George. Revista Ministério. As Mudanças do Adventismo. Edição única. Tatuí
– SP, CPB, janeiro/fevereiro 1994. p. 15.).
No livro Nisto Cremos, também está escrito sobre a
declaração de Uriah Smith:
“Em 1872 a editora
adventista de Battle Creek, Michigan, publicou uma ‘sinopse de nossa fé’ em 25
proposições. Esse documento, tendo sofrido rápidas revisões e sido ampliado
para 28 seções, apareceu no Yearbook denominacional de 1889. O texto não
constou de edições sucessivas da publicação, mas foi novamente inserido no
exemplar de 1905, e continuou a sê-lo até 1914. ...”. (Editores: LESSA,
Rubens S., GUARDA, Márcio D. e SCHEFFEL. 4ª
ed. Tatuí – SP, CPB, 1997. p. 6.).
A MUDANÇA
Notem que o breve histórico do livro “Nisto Cremos”
fala das crenças fundamentais publicadas no Year Book de 1931 sem nada
mencionar sobre as mudanças que foram nelas feitas (até 1914 nada mencionava
sobre a crença num Deus triúno, já em 1931 declarasse abertamente esta crença).
A “declaração de 22
doutrinas fundamentais, que apareceu impressa pela primeira vez no Yearbook de
1931, permaneceu até a seção da Associação Geral de 1980, quando foi substituída
por um sumário mais amplo e abrangente de 27 parágrafos, publicado sob o
título ‘Doutrinas Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia...”. (Ibidem.).
“O presente volume, Nisto
Cremos, baseia-se nesses breves resumos. Eles aparecem no início de cada
capítulo. Neste livro estamos apresentando a nossos membros, amigos e demais
pessoas interessadas – sob forma ampliada, de fácil leitura e de maneira
prática – essas convicções doutrinárias atual. Embora este volume não
represente uma declaração votada oficialmente – já que somente uma
sessão da Associação geral poderia tomar tal medida -, ele deve ser visto
como representativo da ‘verdade ... em Jesus’... ” (Editores: LESSA, Rubens
S., GUARDA, Márcio D. e SCHEFFEL. 4ª
ed. Tatuí – SP, CPB, 1997. p. 6.).
O curioso, é que o livro “Nisto Cremos” preparado
pela “Associação Ministerial”, diz que - “o esboço inicial de cada capítulo”,
foi escrito por uma única pessoa.
“Assim combinamos os
esforços de muitos com os esforços de uma pessoa, P. G. Damsteegt, que recebeu
incumbência de preparar o esboço inicial de cada capítulo”. (Editores: LESSA,
Rubens S., GUARDA, Márcio D. e SCHEFFEL. 4ª
ed. Tatuí – SP, CPB, 1997. p. 7.).
ADVERTÊNCIAS QUANTO AO PERIGO DOS CREDOS
“Roma privou o povo da
Escritura Sagrada e exigiu que todos os homens aceitassem seus ensinos em
lugar da própria Bíblia. Foi obra da Reforma restituir a Palavra de Deus
aos homens; não é, porém, sobejamente verdade que nas igrejas modernas os
homens são ensinados a depositar fé no credo e dogmas de sua igreja em vez de
nas Escrituras? Falando das igrejas protestantes, disse Carlos Beecher: ‘Horrorizam-se
com qualquer palavra rude contra os credos, com a mesma sensibilidade com que
os santos padres se teriam horrorizado com uma rude palavra contra a incipiente
veneração dos santos e mártires, por eles fomentada. ... As denominações
evangélicas protestantes por tal forma ataram as mãos umas às outras, bem como
suas próprias, que, em qualquer dessas denominações, um homem não pode
absolutamente se tornar pregador, sem, de alguma maneira, aceitar outro livro
além da Escritura Sagrada. ... Nada há de imaginário na declaração de que o
poderio do credo está começando hoje a proibir a Bíblia tão realmente como o
fez Roma, se bem que de maneira mais sutil’. - Sermão sobre a Bíblia
como um credo suficiente, pronunciado em Fort Wayne, Indiana, a 2 de
fevereiro de 1846”.
“Quando ensinadores fiéis expõem
a Palavra de Deus, levantam-se homens de saber, pastores que professam
compreender as Escrituras, e denunciam a doutrina sã como heresia, desviando
assim os inquiridores da verdade. Não fosse o caso de se achar o mundo
fatalmente embriagado com o vinho de Babilônia, e multidões seriam convencidas
e convertidas pelas verdades claras e penetrantes da Palavra de Deus. Mas, a
fé religiosa parece tão confusa e discordante que o povo não sabe o que crer
como verdade. O pecado da impenitência do mundo jaz à porta da igreja”.
(Idem. O Grande Conflito. 36ª ed. 1988. pp. 388-389.).
“Quando a Palavra de Deus
for estudada, compreendida e obedecida, uma luz brilhante se refletirá sobre o
mundo; novas verdades, recebidas e postas em prática, ligar-nos-ão, em
fortes laços, a Jesus. A Bíblia, e a Bíblia tão-só, deve ser nosso credo,
o único laço de união; todos os que se submeterem a essa Santa Palavra estarão
em harmonia entre si. Nossos próprios pontos de vista e idéias não devem
controlar nossos esforços. O homem é falível, mas a Palavra de Deus é
infalível. Em vez de lutar uns com os outros, exaltem os homens ao Senhor.
Defrontemos toda oposição, como o fez o Mestre, dizendo: ‘Está Escrito.’
Ergamos o estandarte no qual está escrito: A Bíblia, nossa regra de fé e disciplina”.
– Review And Herald, 15 de Dezembro de 1985. (Idem. Mensagens Escolhidas,
Vol. 1. 2ª ed. Santo André – SP, CPB, 1985. p. 416.).
UM ASSIM DIZ O SENHOR
“Este princípio, temos de
manter firmemente em nossos dias. A bandeira da verdade e da liberdade
religiosa desfraldada pelos fundadores da igreja evangélica e pelas
testemunhas de Deus durante os séculos decorridos desde então, foi, neste
último conflito, confiada a nossas mãos. A responsabilidade deste grande
dom repousa com aqueles a quem Deus abençoou com o conhecimento de Sua
Palavra. Temos de receber essa Palavra como autoridade suprema. Cumpre-nos
reconhecer o governo humano como uma instituição designada por Deus, e
ensinar obediência ao mesmo como um dever sagrado, dentro de sua legítima
esfera. Mas, quando suas exigências se chocam com as reivindicações de Deus,
temos que obedecer a Deus de preferência aos homens. A Palavra de Deus
precisa ser reconhecida como estando acima de toda a Legislação humana. Um
‘Assim diz o Senhor’, não deve ser posto à margem por um ‘Assim diz a
Igreja’, ou um ‘Assim diz o Estado’. A coroa de Cristo tem de ser erguida
acima dos diademas de potentados terrestres”. (Idem. Atos dos
Apóstolos. 6ª ed. Tatuí – SP, CPB, 1990. p. 69.).
“Mas Deus terá sobre a
Terra um povo que mantenha a Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as
doutrinas e base de todas as reformas. As opiniões de homens ilustrados, as
deduções da ciência, os credos ou decisões dos concílios eclesiásticos, tão
numerosos e discordantes como são as igrejas que representam, a voz da maioria
- nenhuma destas coisas, nem todas em conjunto, deveriam considerar-se
como prova em favor ou contra qualquer ponto de fé religiosa. Antes de
aceitar qualquer doutrina ou preceito, devemos pedir em seu apoio um
claro – ‘Assim diz o Senhor’”. (Idem. O Grande Conflito. 36ª
ed. 1988. pp. 595.).
“A Igreja Romana reserva
ao clero o direito de interpretar as Escrituras. Sob o fundamento de que
unicamente os eclesiásticos são competentes para explicar a Palavra de Deus, é
esta vedada ao povo comum. Conquanto a Reforma fizesse acessível a todos as
Escrituras, o mesmíssimo espírito que Roma manteve impede também as
multidões nas igrejas protestantes de examinarem a Bíblia por si mesmas. São
instruídas a aceitar os seus ensinos conforme são interpretados pela igreja;
e há milhares que não ousam receber coisa alguma contrária ao seu credo, ou
ao ensino adotado por sua igreja, por mais claro que esteja revelada nas
Escrituras”. (Ibidem. p. 596.).
“Um credo e os dons
permanecem assim em oposição direta um ao outro. Ora, qual a nossa posição como
um povo? A Bíblia é nosso credo. Rejeitamos tudo quanto apresenta a
forma de um credo humano. Aceitamos a Bíblia e os dons do Espírito,
abraçando a fé que o Senhor nos ensinará de tempos em tempos. E nisto
tomamos posição contra a formação de um credo. No que estamos fazendo não
estamos dando um único passo rumo a tornar-nos Babilônia.” - (DOUGLASS,
Herbert E. MENSAGEIRA DO SENHOR – O ministério profético de Elle G. White. 1ª ed. Tatuí
– SP, CPB, 2001. p. 427).
[Partes do
texto publicado no Adventistas.com enviado por josielteli@hotmail.com ]