Reflexões Leigas sobre a Lição 12 da Escola Sabatina

Sábado 18/12/2004

 

QUANDO OS REIS VÃO À GUERRA – DANIEL 10 e 11

 

 

Os episódios relatados nos capítulos 10, 11 e 12 aconteceram cerca de 70 anos depois que Daniel chegou como um exilado em Babilônia. Esta explicação final aconteceu depois que Ciro, o grande emitiu o primeiro decreto (538/537 a.C.) autorizando os judeus a voltarem para Jerusalém e reconstruírem o templo. Porém foi antes que Dario I emitisse o segundo decreto (520/519 a.C.) que confirmou o Ciro já havia decretado.

 

Cronologia dos capítulos de Daniel:

 

 

Ano a.C.

605

602

594

569

553

551

539

539/

538

538

535

Capítulo

1

2

3

4

7

8

5

9

6

10, 11 e 12

Evento

Cati-veiro

1ª Visão de Daniel

Forna-lha Arden-te

Doença de Nabuco-donosor

2ª Visão de Daniel

3ª Visão de Daniel

Banquete e Queda de Babilônia

Expli-cação da Visão

Cova dos Leões

Expli-cações

Adici-onais

Idade de Daniel

17

20

28

53

69

71

83

83-84

84

87

 

 

Os fundamentos do templo foram lançados por volta do ano 537 a.C. , mas os judeus já enfrentavam grande oposição por parte dos habitantes locais e povos vizinhos (ver Esdras 4).

 

 

Capítulo 10

 

Cerca de dois ou três anos depois que o anjo Gabriel veio até Daniel para continuar a explicação da visão do capítulo 8, encontramos o velho profeta ainda triste e preocupado em entender melhor aquilo que lhe fora mostrado.

 

A lição coloca como motivo para sua tristeza, o fato dele estar sabendo de toda a oposição que seus compatriotas estavam enfrentando para reconstruir o templo. Porém, cabe lembrar que a Bíblia em Dan.9:4 destaca que era o primeiro mês (nisã). Como este era o mês em que o povo judeu deveria estar celebrando a páscoa, a festa dos pães asmos e as primícias, o fato deles estarem ainda em cativeiro impossibilitados de celebrar estas festas, deve ter entristecido a Daniel. A páscoa trazia à memória o extraordinário poder de Deus na libertação de Seu povo das garras dos egípcios, mas no momento o que ele estava presenciando era o povo de Deus sendo impedido de dar continuidade a reconstrução do templo por causa dos inimigos que não os deixavam em paz. Sua tristeza e preocupação eram grandes.

 

Foi ao final de três semanas de oração e jejum que Daniel, às margens do rio Tigre, recebeu uma visita muito especial. Compare a descrição deste ser que Daniel viu com a visão que João teve de Jesus em Apocalipse:

 

Daniel 10:5-6

Apocalipse 1:13-16

Um homem

Semelhante a um filho de homem

Vestido de linho

Vestido com vestes talares

Lombos cingidos com ouro fino de Ufaz

Cingido à altura do peito com um cinto de ouro

Olhos como tochas de fogo

Olhos como chama de fogo

Corpo como berilo

 

Rosto como um relâmpago

Rosto como o sol no brilho de sua força

 

Cabeça e cabelos eram brancos como a pura lã

Braços e pés como o brilho de bronze polido

Pés semelhantes a latão reluzente como que refinados numa fornalha

Voz como a de uma multidão

Voz como a voz de muitas águas

 

Não há dúvidas que Daniel e João viram o mesmo ser, e como este ser em Apocalipse se apresenta como o primeiro e o último, aquele que foi morto, mas vive (Apoc.1:17-18), sabemos se tratar do próprio Filho de Deus, Jesus Cristo (ver também Mateus 17:2 e Marcos 9:3).

 

A reação das pessoas que acompanhavam a Daniel em Dan.10:7, pode ser melhor compreendida quando comparamos com o encontro que Paulo teve com Cristo (comparar com Atos 9:7; 22:9; 26:13-14).

 

Uma outra interessante comparação é a da reação Daniel com a dos discípulos no monte da transfiguração, e a de João face a visão gloriosa de Jesus (Compare Dan.10:9-12 com Mateus 17:6-7 e Apoc.1:17).

 

De acordo com o verso 9, Jesus falou com Daniel, mas ele não resistiu e desmaiou. Na seqüência (verso 10) alguém toca Daniel, despertando-o, e começa a dizer-lhe que veio em resposta as suas orações por maior entendimento. Tudo indica que o personagem que fala com Daniel a partir do verso 11 é o anjo Gabriel (compare Dan.9:21-23). A menção que este personagem faz do Príncipe Miguel no verso 13 indica que ele não poderia ser o próprio Jesus.

 

O anjo explica que só havia chegado naquele momento (24º dia do primeiro mês), porque esteve ocupado durante 21 dias enfrentando o príncipe do reino da Pérsia. Este estava opondo tão forte resistência a sua missão, que foi necessário o próprio Miguel, o primeiro dos príncipes, intervir em seu auxílio. Só após a ajuda direta de seu comandante maior é que o anjo conseguiu estar ao lado dos governantes da Pérsia.

 

Batalha Espiritual

 

Aqui temos os bastidores do grande conflito entre o bem e o mal, entre Cristo e Satanás, desvendados de forma impressionante. Sabemos que Ciro já havia decretado a reconstrução do templo, mas os judeus que regressaram para executar esta tarefa não estavam conseguindo devido à oposição daqueles que não queriam o seu regresso. Muito boato, mentira, calúnia e difamação foi criada contra os judeus no sentido de fazer Ciro mudar a sua decisão. O anjo que falava com Daniel tinha a missão de desfazer todas aquelas intrigas diabólicas e ajudar Ciro a continuar firme em sua correta decisão.

 

O príncipe do reino da Pérsia era um anjo rebelde altamente graduado responsável por aquele império, em outras palavras, ele é um líder angélico que se identifica com o império persa. Este anjo esta sob o comando direto de Satanás, o príncipe geral deste mundo caído (ver João 12:31; 14:30; 16:11). A realidade das hostes do mal em atividade neste mundo pode ser constatada através de textos como: Efésios 6:12, II Pedro 2:4, I Coríntios 10:20. Também existe a possibilidade do príncipe da Pérsia ser o próprio Satanás, pois como este império era mundial, é bem provável que Satanás tenha assumido o controle direto dele.

 

Este exército de demônios (anjos caídos) está rigorosamente organizado e distribuído ao redor deste planeta, influenciando e agindo através de uma bem estrutura cadeia hierárquica. Pessoas que já pesquisaram o satanismo em sua essência afirmam existir um demônio responsável para cada continente, para cada país, para cada estado, para cada cidade, e assim por diante, sendo Satanás o seu líder maior. Para contrabalançar toda esta diabólica influência, poderosos anjos são enviados da parte de Deus como espíritos ministradores em favor daqueles que hão de herdar a salvação (Hebreus 1:14).

 

Esta batalha espiritual continua nos dias de hoje de maneira ainda muito mais intensa e feroz. Os governantes humanos são constantemente assediados pelos demônios designados para liderarem em suas áreas de influência. Por outro lado, poderosos anjos de Deus são comissionados para se oporem às influências diabólicas, de forma que uma grande guerra espiritual está em constante andamento por todas as partes deste mundo (É por este motivo que somos aconselhados a orar intercessoriamente por nossos governantes). Esta luta invisível atinge todos os segmentos da sociedade: empresas, escolas, igrejas, etc.

 

Existem alguns livros que explicam com detalhes como atuam os poderes invisíveis do mal neste mundo bem real. Eu particularmente, acho curioso, mas temerário dar tanta atenção a este assunto, a ponto de descrever nos mínimos detalhes seu “modus operandi”. Acho que tais assuntos só despertam a curiosidade para informações que pouco irão acrescentar às verdades que a Bíblia já apresentou em linhas gerais (conheço algumas pessoas que até sabem os nomes dos espíritos que atualmente lideram determinadas regiões do planeta). Acho que para o povo de Deus basta saber que existem estas forças e que elas estão em crescente atividade (II Cor.2:11). Por outro lado, podemos nos demorar muito mais pesquisando e falando sobre as “Forças Especiais” designadas por Deus para atuarem em nosso favor.

 

Últimos Dias

 

O anjo diz que estava ali para fazer com que Daniel entendesse o que aconteceria nos últimos dias, pois a visão era ainda para muitos dias (verso 14).

 

Foi depois da visão relatada no capítulo 8 que Daniel começou a ter problemas de entendimento. Como os capítulos 9 e 10 não apresentam nenhuma visão profética que pudesse gerar dúvidas, parece bem lógico entender que o anjo veio explicar melhor a visão do capítulo 8, que ainda era motivo para muitas dúvidas, questionamentos e ansiedade por de parte de Daniel.

 

Daniel estava se sentindo muito fraco, e sem condições de aguentar a explicação que viria (verso 15 a 17). Porém, ele é fortalecido e colocado em condições de ouvir a detalhada explicação que viria (verso 18 e 19).

 

Na seqüência (verso 20) o anjo afirma que esta mesma batalha espiritual desenvolvida contra as forças espirituais do mal por trás do reino da Pérsia, continuariam no reino a seguir, a Grécia. Mas Miguel, o príncipe dos príncipes, continuaria pessoalmente agindo da mesma maneira que já havia feito (verso 21). O anjo ainda destaca que ninguém a não ser Miguel (Jesus) seria capaz de fornecer o auxílio necessário para cada ocasião. Esta exclusividade de Jesus no desdobramento da história humana pode também ser vista em Apocalipse 5, quando João chorava copiosamente por não existir ninguém digno de abrir o livro selado com sete selos (cada selo simboliza de forma seqüencial uma etapa da história da humanidade); até que lhe é dito que não chorasse mais, pois o “Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (Apoc.5:5). Só em Jesus é que a história pode continuar de acordo com os planos soberanos de Deus.

 

 

Capítulo 11

 

O livro “Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel” de C.M.Maxwell nas páginas 291 a 313 apresenta de forma bem detalhada e didática uma das melhores explicações que eu já pude ler sobre Daniel 11. Na pág.292 é dito:

 

“Mas Daniel 11 ... dá cobertura à História, como se o anjo que está falando fosse um dos nossos grandes apresentadores jornalísticos da TV, que analisa os principais fatos do período, e depois dissesse: ‘Assim foram os fatos ocorridos hoje.’ Melhor que isso, na verdade, o nosso anjo-apresentador apresenta os fatos sob a forma profética, como que concluindo: ‘Assim serão os acontecimentos do futuro.’

 

Tentarei aqui resumir a seqüência de explicações históricas que cumpriram esta apresentação do anjo, conforme é explicado por Maxwell:

 

 

Texto Bíblico

Fato Histórico

1 EU, pois, no primeiro ano de Dario, o medo, levantei-me para animá-lo e fortalecê-lo.

O anjo explica que anteriormente já havia auxiliado a Dario o Medo em sua administração de Babilônia. Isto explica a grande amizade que existia entre este rei e Daniel.

2 E agora te declararei a verdade: Eis que ainda três reis estarão na Pérsia, e o quarto acumulará grandes riquezas, mais do que todos; e, tornando-se forte, por suas riquezas, suscitará a todos contra o reino da Grécia.

Depois da morte de Ciro vieram os reis:

1.Cambises (530-522 a.C.)

2.Bardiya ou falso Esmérdis (522 a.C.)

3.Dario I Histaspes (522-486 a.C.)

4.Xerxes ou Assuero (486-465 a.C.) – Este foi o marido da rainha Ester que investiu fortemente numa campanha militar contra os Gregos, mas foi derrotado nas batalhas de Salamina (480 a.C.) e Platéia (479 a.C.).

MUDANÇA DE IMPÉRIO: DA MEDO-PÉRSIA PARA A GRÉCIA

3 Depois se levantará um rei valente, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver.

Alexandre, o Grande, filho do rei Filipe da Macedônia rapidamente conquista para a Grécia todo o império Persa (331-323 a.C.)

4 Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem tampouco segundo o seu domínio com que reinou, porque o seu reino será arrancado, e passará a outros que não eles.

No auge de sua força e poder, Alexandre morre (323 a.C.), e os seus quatro principais generais (Seleuco, Lissímaco, Ptolomeu e Cassandro), após eliminarem o irmão e o filho de Alexandre, guerreiam entre si e dividem o império Grego em quatro partes (301 a.C.).

5 E será forte o rei do sul; mas um dos seus príncipes será mais forte do que ele, e reinará poderosamente; seu domínio será grande.

Ptolomeu I Soter, general que ficou com a parte do Egito (reino do sul) era realmente muito forte. Ao leste estava o General, Seleuco I Nicator, que foi expulso por outro general de Alexandre e fugiu para o Egito, onde foi ajudado por Ptolomeu a se recompor e voltar para reconquistar o território perdido. Suas ações também afastaram a Lissímaco da Síria e da Ásia Menor, fazendo de Seleuco o poderoso rei do norte, que se tornou mais forte que Ptolomeu ao sul. 

6 Mas, ao fim de alguns anos, eles se aliarão; e a filha do rei do sul virá ao rei do norte para fazer um tratado; mas ela não reterá a força do seu braço; nem ele persistirá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos.

Em 250 a.C. o rei Ptolomeu II Filadelfo do Egito (reino do sul) tentou uma aliança com Antíoco II Theos da Síria (reino do norte) entregando a ele sua filha Berenice em casamento. Acontece que Antíoco já era casado com Laodice e precisou divorciar-se dela. Um filho nasceu desta nova união, mas quando o pai de Berenice morreu, Antíoco voltou para sua ex-esposa. Laodice vinga-se assassinando Berenice, se filho e seu próprio marido, Antíoco.

7 Mas de um renovo das raízes dela um se levantará em seu lugar, e virá com o exército, e entrará na fortaleza do rei do norte, e operará contra eles, e prevalecerá.

Enquanto isto no sul (Egito) assume o trono o irmão de Berenice, Ptolomeu III Euergetes, que resolve vingar a irmã invadindo a Síria em uma triunfante campanha.

8 Também os seus deuses com as suas imagens de fundição, com os seus objetos preciosos de prata e ouro, levará cativos para o Egito; e por alguns anos ele persistirá contra o rei do norte.

Ptolomeu III trouxe para o Egito cerca de 2.500 imagens de ouro e prata, sendo muitas delas representações dos deuses egípcios que haviam sido roubados por conquistadores anteriores.

9 E entrará no reino o rei do sul, e tornará para a sua terra.

Em 242 a.C. Seleuco II Calínico (norte) tenta vingar-se da investida feita pelo reino do sul, mas é obrigado a retornar derrotado e seriamente ferido.

10 Mas seus filhos intervirão e reunirão uma multidão de grandes forças; e virá apressadamente e inundará, e passará adiante; e, voltando levará a guerra até a sua fortaleza.

Seleuco III Cerauno (225-223 a.C.), filho de Seleuco II, começou a ajuntar uma grande força que foi aumentada ainda mais por seu irmão Antíoco III o Grande (223-187 a.C.).

11 Então o rei do sul se exasperará, e sairá, e pelejará contra ele, contra o rei do norte; este porá em campo grande multidão, e aquela multidão será entregue na sua mão.

No dia 22 de junho de 217 a.C. acontece a sangrenta batalha de Ráfia (cerca de 70.000 soldados de infantaria e 5.000 de cavalaria de cada lado). Esta batalha foi vencida pelo reino do sul (Egito).

12 A multidão será tirada e o seu coração se elevará; mas ainda que derrubará muitos milhares, contudo não prevalecerá.

No dia seguinte as baixas eram enormes: 10.000 homens de Antíoco III foram mortos e 4.000 feitos prisioneiros; Ptolomeu IV teve baixas menores, mas ainda assim significativas.

13 Porque o rei do norte tornará, e porá em campo uma multidão maior do que a primeira, e ao fim dos tempos, isto é, de anos, virá à pressa com grande exército e com muitas riquezas.

Antíoco III desejoso por uma revanche aumenta seu poderio conquistando a maior parte do antigo império de Alexandre, e parte para um segundo ataque contra o Egito. Este, por sua vez, estava passando por sérios problemas internos, sendo governado por Ptolomeu V, um garoto de apenas 6 anos.

MUDANÇA DE IMPÉRIO: DA GRÉCIA PARA ROMA

14 E, naqueles tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e os violentos dentre o teu povo se levantarão para cumprir a visão, mas eles cairão.

Antíoco III fez aliança com Filipe da Macedônia (sucessor de Cassandro no ocidente) para continuar investindo contra a Egito (reino do sul). Os próprios egípcios se insurgiram contra os seus senhores gregos.

Mas, conforme estava previsto na profecia, chega a hora dos violentos se levantarem (a palavra violentos pode ser também traduzida por quebradores). O paralelismo das profecias de Daniel nos leva a associar esta palavra com Dan.7:7 onde foi visto um animal terrível e espantoso que fazia em pedaços tudo que encontrava pela frente. Já vimos que este animal com dentes de ferro representa o mesmo poder simbolizado pelas pernas de ferro em Daniel 2, ou seja, o império romano.

Foi exatamente nos tempos que Antíoco III fazia aliança com Filipe da Macedônia para investir contra Ptolomeu V do Egito, que surge no horizonte da história o poder que viria se tornar no império romano.

15 E o rei do norte virá, e levantará baluartes, e tomará a cidade forte; e os braços do sul não poderão resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para resistir.

Desprezando as advertências dos romanos para ficar longe do Egito, Antíoco III continua avançando contra o sul, ocupando a região da Judéia de forma que os Egípcios nunca mais conseguiram recuperar aquela posição.

16 O que, pois, há de vir contra ele fará segundo a sua vontade, e ninguém poderá resistir diante dele; e estará na terra gloriosa, e por sua mão haverá destruição.

Novamente o princípio do paralelismo nos faz associar as frases “fará segundo a sua vontade” e “ninguém poderá resistir diante dele” com a ação do animal terrível de Daniel 7 e do chifre pequeno de Daniel 8 (ver Dan. 7:7 e 8:24), que simbolizam o império romano.

Este verso relata a conquista da Palestina (a terra formosa de Dan. 8:9) pelo general romano Pompeu.

A palavra destruição encaixa-se perfeitamente com a ação no quarto animal de Dan.7.

17 Firmará o propósito de vir com a força de todo o seu reino, e fará uma aliança com o rei do sul. E lhe dará uma jovem em casamento a fim de destruir o reino, mas seus planos não vingarão, nem serão para sua vantagem.

Retrata o famoso líder romano Júlio César e seu envolvimento com a “jovem” rainha Cleópatra do Egito (reino do sul).

18 Depois virará o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas; mas um príncipe fará cessar o seu opróbrio contra ele, e ainda fará recair sobre ele o seu opróbrio.

Júlio César empreende explorações em áreas fronteiriças e conquista muitas “terras do mar”.

Em 44 a.C. o insolente e ambicioso Júlio César foi assassinado por 60 companheiros romanos liderados por G.Cassius Longinus, o príncipe que faria cessar o seu opróbrio.

19 Virará então o seu rosto para as fortalezas da sua própria terra, mas tropeçará, e cairá, e não será achado.

Júlio César empreendeu muitas carnificinas militares por ambições pessoais. Chegou ao cúmulo de tentar substituir a forma republicana de governo romano por uma ditadura personalizada (não é a toa que foi assassinado).

A semelhança dos versos 11 e 12, este verso, com o objetivo de ênfase, repete a predição da morte de Júlio César.

20 E em seu lugar se levantará quem fará passar um arrecadador pela glória do reino; mas em poucos dias será quebrantado, e isto sem ira e sem batalha.

Júlio César foi sucedido por César Augusto, o fundador do império romano, que promoveu através de decreto a cobrança generalizada de impostos, também conhecida como recenseamento para fins fiscais (Luc.2:1 fala deste período).

Como você pode ver chegamos ao tempo do nascimento de Jesus.

SUBSTITUIÇÃO DE ROMA PAGÃ POR ROMA RELIGIOSA

21 Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade real; mas ele virá caladamente, e tomará o reino com engano.

Mais uma vez o paralelismo existente entre as profecias de Daniel nos ajudará a identificar o “homem vil” deste verso com o mesmo poder simbolizado pelo “rei feroz de semblante” de Dan. 8:23. A indicação de que não haviam dado dignidade real a este poder, combina com a característica do chifre pequeno que seria um reino diferente de todos os reinos (Dan. 7:23), e com o fato deste poder se tornar forte, mas não de si mesmo (Dan. 8:24). A menção deste poder vindo silenciosamente e tomando o poder com o engano encaixa-se perfeitamente a descrição de Dan. 8:25.

Por estas características coincidentes não temos dúvidas que este homem vil representa o poder papal que substituiu a autoridade dos imperadores romanos por volta 5º e 6º séculos.

22 E com os braços de uma inundação serão varridos de diante dele; e serão quebrantados, como também o príncipe da aliança.

Este verso confirma de maneira inquestionável a interpretação acima ao mencionar este poder avançando como uma inundação e agindo contra o príncipe da aliança (ver Dan. 8:11, 24 e 25).

Obs.: A lição menciona este verso como se referindo a morte de Jesus e identificou o homem vil do verso 21 como sendo “provavelmente” o imperador romano Tibério (14-37 d.C.). Porém o paralelismo destes versos com os capítulos 7 e 8 levam a outras conclusões.

23 E, depois do concerto com ele, usará de engano; e subirá, e se tornará forte com pouca gente.

O papado cresce e se fortalece a partir de uma posição inicial de insignificância estabelecendo tratados baseados no engano. Mais uma vez a palavra engano nos leva para Dan.7:25, 8:12 e 25.

24 Virá também caladamente aos lugares mais férteis da província, e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais; repartirá entre eles a presa e os despojos, e os bens, e formará os seus projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo.

O papado através da comercialização da fé (venda de relíquias e indulgências) saqueou tanto os ricos e pobres para manter seus privilégios.

A expressão “por certo tempo” nos leva para Dan. 7:25 que menciona quanto seria este tempo.

25 E suscitará a sua força e a sua coragem contra o rei do sul com um grande exército; e o rei do sul se envolverá na guerra com um grande e mui poderoso exército; mas não subsistirá, porque maquinarão projetos contra ele.

Iniciam-se as cruzadas sob a promoção do Papa Urbano II com o objetivo de arrancar a Terra Santa das mãos dos mulçumanos. Por ocasião da 1ª cruzada os mulçumanos que controlavam Jerusalém eram capitaneados pelos “Califas” (Sultões) do Egito (reino do sul).

26 E os que comerem os seus alimentos o destruirão; e o exército dele será arrasado, e cairão muitos mortos.

A primeira cruzada foi um grande sucesso e Jerusalém foi tomada em 15 de julho de 1099 pelos cristãos, porém a carnificina foi grande. Um historiador contemporâneo afirma que “os homens caminhavam com o sangue acima de seus tornozelos.”

27 Também estes dois reis terão o coração atento para fazerem o mal, e a uma mesma mesa falarão a mentira; mas isso não prosperará, porque ainda verá o fim no tempo determinado.

Aqui está descrita toda a politicagem a base de hipocrisias, falsidades e traições que caracterizaram as cruzadas. Tratados de paz foram quebrados e acordos foram desrespeitados.

28 Então tornará para a sua terra com muitos bens, e o seu coração será contra a santa aliança; e fará o que lhe aprouver, e tornará para a sua terra.

Enquanto as cruzadas aconteciam (1095 -1250 d.C.) o ministério intercessório de Cristo foi sendo obscurecido e lançado por terra cada vez mais. Desta maneira um outro tipo de cruzada se estabeleceu, só que contra os cristãos heréticos. Eles eram perseguidos pelo fato de crerem na “santa aliança” ao invés das mentiras, enganos e falsidades da igreja cristã romana sob o comando dos papas (ver Dan.7: 21, 25 e 8:24).

A expressão “fará o que lhe aprouver” nos leva para Dan. 8:24 aonde já vimos que seria exatamente desta maneira que procederia a chifre pequeno.

29 No tempo determinado tornará a vir em direção do sul; mas não será na última vez como foi na primeira.

A sétima e última cruzada não foi igual a primeira, pois nela o piedoso rei Luís IX foi feito prisioneiro no Egito e dez anos mais tarde os cristãos foram expulsos da Palestina.

30 Porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza; e voltará, e se indignará contra a santa aliança, e fará o que lhe aprouver; voltará e atenderá aos que tiverem abandonado a santa aliança.

Os navios de Quitim são os navios de guerra alugados dos gregos durante as cruzadas.

Para enfatizar, a liberdade e ousadia com que o papado agiu contra a aliança, mencionada no verso 28, é repetida aqui. É também destacado o fato do papado só beneficiar aqueles que, como ele, abandonaram a santa aliança (a nova aliança de Heb. 8:8).

31 E braços serão colocados sobre ele, que profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o contínuo, estabelecendo abominação desoladora.

Exatamente aquilo que o chifre pequeno de Dan. 8:11 fez. Durante mais de mil anos este poder estabeleceu um vasto sistema de crenças e práticas que desviou as pessoas do contínuo ministério de Cristo no Santuário Celestial (Heb. 7:25), privando-as do Príncipe da Aliança e denegrindo o caráter de Deus.

A abominação desoladora foi mencionada em Dan. 8:13 e aplicada por Jesus de forma restrita à destruição do templo judeu pelos romanos (Mat. 24:15, Mar. 13:14). Porém seu cumprimento profético é muito mais amplo, conforme pudemos verificar em Daniel 8.

De qualquer forma, o fato de Jesus ter se referido a esta abominação desoladora no lugar santo como ainda no futuro, inviabiliza completamente sua aplicação exclusiva a Antíoco Epifânio.

INÍCIO DA REFORMA PROTESTANTE

32 E aos violadores da aliança ele com lisonjas perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas.

Enquanto o papado romano, através de troca de favores e concessões políticas, continuava beneficiando exclusivamente aqueles que não discordavam de sua teologia corrompida, Deus estava preservando e fortalecendo um povo remanescente que realmente conhecia ao seu Deus.

33 E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia cairão pela espada, e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo roubo, por muitos dias.

Este remanescente, aqui chamado de “entendidos”, são os valdenses, lolardos, hussitas, luteranos, anabatistas e huguenotes que foram terrivelmente perseguidos, presos, torturados e mortos enquanto espalhavam as verdadeiras boas novas do evangelho do Príncipe da Aliança.

34 E, caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas.

Durante a reforma protestante algumas pessoas influentes ofereceram certa proteção a estes que se opunham ao sistema religioso de Roma. Porém, por procurarem evitar maiores problemas para si mesmas, esta proteção era limitada.

Por outro lado, muitos dos camponeses pobres e explorados pela igreja, viram na reforma protestante uma forma de revolução social onde a classe rica e predominante teria que ser desbancada para que eles assumissem o comando. Foi desta forma que muitos aderiram a reforma protestante com lisonjas.

35 E alguns dos entendidos cairão, para serem provados, purificados, e embranquecidos, até ao fim do tempo, porque será ainda para o tempo determinado.

“É no conflito que o verdadeiro caráter se manifesta”. Através da reforma protestante o Senhor Deus pode provar a todos, de forma a purificar àqueles que verdadeiramente tinham amor pela verdade e estavam dispostos a pagar o preço que fosse necessário para possuí-la (ver II Tess. 2:10 e Mat. 13:44-46).

Notamos aqui a menção de um tempo determinado para tudo isto acontecer, lembrando do que já lemos em Dan. 7:25 e 8:19.

36 E este rei fará conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e será próspero, até que a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito.

Este rei representa o poder da igreja romana na pessoa dos papas e demais autoridades eclesiásticas submissas aos seus mandos e desmandos. Aqui mais uma vez encontramos uma clara referência ao chifre pequeno de Daniel 7 e 8 nas expressões:

*  “conforme a sua vontade” – Dan. 8:24.

*  “levantar-se-á e engrandecer-se-á sobre todo deus” – Dan. 8:10,11 e 25.

*  “contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas” – Dan. 7:25

*  “será próspero” – Dan. 7:12 e 25

*  “até que a ira se complete” – Dan. 7:25 e 26

37 E não terá respeito ao Deus de seus pais, nem terá respeito ao amor das mulheres, nem a deus algum, porque sobre tudo se engrandecerá.

A teologia católica com seu marcante sincretismo religioso absorveu vários ensinamentos pagãos e os incorporou a sua confissão de fé. Desta forma o Deus de Abraão, Isaque e Jacó foi desfigurado e substituído pelo deus formado de três pessoas em uma só (trindade).

O “não respeito ao amor das mulheres” pode ser uma menção a prática anti-natural do celibato imposta pelo Papa Bonifácio VII em 1073 d.C..

A expressão “sobre tudo se engrandecerá” nos leva para Dan. 8:25 que fala do chifre pequeno se engrandecendo no seu coração.

38 Mas em seu lugar honrará a um deus das forças; e a um deus a quem seus pais não conheceram honrará com ouro, e com prata, e com pedras preciosas, e com coisas agradáveis.

Quando os papas se valeram das cruzadas e da inquisição para fazer valer seus ensinamentos e práticas, estava honrando o “deus das forças”.

Alguns vêem na menção ao deus que seus pais não conheceram, a veneração (adoração) da Virgem Maria no lugar da intercessão do único mediador que existe entre Deus e os homens, Jesus Cristo (I Tim. 2:5). Mas por aquilo que já lemos no verso anterior, a adoção do dogma da “santíssima trindade” por volta do terceiro século, nos parece ser uma interpretação mais abrangente.

A menção deste deus sendo honrado com riquezas temporais pode ser uma referência a todo o luxo com que se vestia o clero e eram realizadas as missas, ou pode também ser uma referência a comercialização da religião através da venda de relíquias “sagradas” e indulgências.

39 Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as poderosas fortalezas; aos que o reconhecerem multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos, e repartirá a terra por preço.

A “santíssima trindade” é o primeiro mistério da fé católica, bem como o seu dogma fundamental. É por este motivo que povos inteiros foram destruídos com a finalidade de se preservar este conceito. Estamos nos referindo aos ostrogodos, hérulos e vândalos (os três chifres que foram arrancados para que a o chifre pequeno de Daniel 7 crescesse) que eram arianos (não criam na trindade). Por outro lado, todos que professavam a fé no deus triúno de Roma eram honrados e favorecidos.

 

 

Posteriormente a conclusão deste comentário, recebemos uma valiosa colaboração do irmão Marcos Leandro, conforme segue abaixo:

 

 

O DEUS ESTRANHO DE DANIEL 11:39 SEGUNDO URIAH SMITH

 

Obs.: os textos bíblicos reproduzidos em cada introdução são da versão Bíblia de Estudo Almeida e meus comentários pessoais em meio aos trechos do livro estarão em cor azul. Os grifos são nossos. Comecemos a partir da segunda metade do versículo 30 – “... e se indignará contra a santa aliança, e fará o que lhe aprouver; e, tendo voltado, atenderá aos que tiverem desamparado a santa aliança”.

 

Páginas 206 e 207:

 

... indignação contra o concerto(ou, “contra a santa aliança” – na versão utilizada por mim), ou seja, as Sagradas Escrituras, o livro do concerto. Uma revolução desta natureza foi realizada em Roma. Os hérulos, godos e vândalos, que conquistaram Roma, abraçaram a fé ariana e se tornaram inimigos da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Foi especialmente com o propósito de exterminar essa heresia, que Justiniano decretou que o Papa fosse a cabeça da Igreja e o corregedor dos heréticos. A Bíblia logo passou a ser um livro perigoso, que não devia ser lido pelo povo comum, mas todas as questões em disputas deviam ser submetidas ao Papa. Assim se amontoou a indignidade sobre a Palavra de Deus. E os imperadores de Roma, a divisão oriental do que ainda continuava, entendiam, ou concordavam com a Igreja de Roma, que tinham, abandonado o concerto e constituído a grande apostasia, com o propósito de derrubar a “heresia”. O homem do pecado foi guindado ao seu presumível trono pela derrota dos godos arianos, que então tinham posse de Roma, em 538 d.C.

 

Versículo 31 – “Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora”.

 

Páginas 207 a 214:

 

... Quando as potências notáveis da Europa deixaram seu apego ao paganismo, foi só para perpetuar suas abominações em outra forma, pois o cristianismo, como é exposto na ICAR, foi e é apenas paganismo batizado.

 

... Assinale-se que nesse ano, 508 d.C., o paganismo tinha de tal modo declinado e o catolicismo havia até relativamente aumentado em força, que a ICAR pela primeira vez travou com êxito uma guerra, tanto contra a autoridade civil do império e a igreja do oriente que tinha na maioria abraçado a doutrina monofisista. O resultado foi o extermínio de 60 mil heréticos.

 

Na seqüência de seus comentários (especialmente quando envolve os versículos 32 ao 35 de Daniel 11) Uriah Smith utiliza os escritos presentes no livro “O Grande Conflito” páginas 571 a 581, onde a irmã EGW demonstra “o que é” o poder papal e a ICAR. Nosso pioneiro vai discorrendo de forma cronológica, interpretando nestes versículos os acontecimentos religiosos durante o período da Idade Média e Moderna bem como os 1260 anos de abominação desoladora, o qual como sabemos terminou em 1798 d.C. quando o papa Pio VI foi aprisionado pelo general francês Alexander Beltier, a mando de Napoleão Bonaparte – em pleno início da Idade Contemporânea.

 

Versículo 36 – “Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis e será próspero, até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está determinado será feito”.

 

Neste versículo, Uriah Smith continuando em sua linha de pensamento cronológico, prefere identificar nesta fase o erguimento da França como um poder que se “levanta contra todo deus”, discordando que a ICAR chegara a este ponto.

Isto realmente merece nossa observação visto que a França, em meio à sua Revolução, teve realmente uma participação séria contra a Verdade bem como contra a Palavra de Deus - querendo destruí-la – coincidindo e cumprindo à profecia dada ao apóstolo João em Apocalipse 11:3-14 (As duas testemunhas mártires: O Velho e o Novo Testamento) após o tempo profético da abominação desoladora declarado por Deus a Daniel bem como ao apóstolo (ver Apoc. 11:3 e 7).

Outro fator: a exemplo do que acontece no versículo 9 do capítulo 8 de Daniel, onde a frase traduzida é diferente do original hebraico, no caso a tradução: “De um dos chifres saiu...” dizem que o correto seria: “De um deles (dos ventos) saiu...” – a exemplo então deste caso citado, nosso pioneiro, baseado também no ponto de vista de outros críticos bíblicos tais como: Mede, Wintle, Bothroyd e outros, afirma que para o termo “Este rei” a tradução correta do hebraico seria “Um rei” ou “Um certo rei fará...” – desvinculando assim com a ICAR e situando o dito “rei” em um tempo perto do fim dos 1260 anos. Analisemos os seus comentários logo abaixo:

 

Páginas 217 e 218:

 

... e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus...” ... Isso nunca correspondeu ao papado. Deus e Cristo, embora muitas vezes colocados numa falsa posição, (eis aqui mais um argumento concreto contra a doutrina da trindade) nunca foram professadamente postos de lado e rejeitados por este sistema de religião.

 

1) Deve assumir o caráter aqui delineado perto do início do tempo do fim (1798 d.C.), a que fomos levados no versículo anterior (v. 35); 2) deve ser um poder vitorioso; 3) deve ser um poder ateu, ou talvez as duas últimas especificações possam ser unidas dizendo-se que sua voluntariedade seria manifestada na direção do ateísmo... Uma revolução que corresponde exatamente a esta descrição ocorreu na França no tempo indicado na profecia. Voltaire havia semeado as sementes que produziriam seus legítimos e abundantes frutos. Esse jactancioso infiel, em sua pomposa mas impotente presunção dissera: “Estou cansado de ouvir repetirem que 12 homens fundaram a religião cristã. Eu provarei que basta um homem para destruí-la”. Associando consigo homens como Rosseau, D’Alembert, Diederot e outros, ele empreendeu a obra. Semearam ventos e colheram tempestades. Seus esforços culminaram na revolução de 1793, quando a Bíblia foi rejeitada e a existência de Deus negada, como a voz da nação.

 

...um escritor disse na Blackwood´s Magazine: “... A França é a única nação do mundo acerca da qual sobrevive o autêntico registro, que como nação ela levantou a mão em franca rebelião contra o Autor do universo... ...a França sobressai na história do mundo como o único estado que, pelo decreto de sua assembléia legislativa, pronunciou que não havia Deus e de que a inteira população da capital, e uma vasta maioria alhures, mulheres e homens, dançavam e cantavam com alegria ao aceitarem o anúncio.

 

Versículo 37 – “Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se engrandecerá”.

 

Página 219:

 

A palavra hebraica mulher é também traduzida por esposa... ...Isto parecia indicar que este governo, ao mesmo tempo que declarava que Deus não existia, pisava a pés a lei que Deus dera para regular a instituição matrimonial(escreveu um historiador ao livro Scott’s Napoleon, vol I, página 172).

 

Intimamente ligados a estas leis que afetam a religião estava a que reduzia a união do casamento – o mais sagrado compromisso que os seres humanos podem formar e cuja permanência leva mais fortemente à consolidação da sociedade à condição de mero contrato civil de caráter transitório, em que quaisquer duas pessoas entrem e de que se libertem, à vontade, quando seu gosto foi mudado e seu apetite satisfeito...

 

...Nem consideração a qualquer deus: “O temor de Deus está longe de ser o princípio da sabedoria que é o princípio da loucura. A modéstia é só uma invenção de voluptuosidade contida. O Rei Supremo, o Deus dos judeus e dos cristãos, é só um fantasma. Jesus Cristo é um impostor.

 

...Outro escritor diz: “Em 26 de agosto de 1792 foi feita franca profissão de ateísmo pela Convenção Nacional. Sociedades correspondentes e clubes ateus foram destemidamente mantidos por toda parte na França...” Smith’ Key to Revelation, página 233.

 

Herbert Chaumette e seus associados compareceram ao tribunal e declararam que Deus não existiaAlisson, vol I, página 150.

 

Versículo 38 – “Mas, em lugar dos deuses, honrará o deus das fortalezas; a um deus que seus pais não conheceram, honrará com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas agradáveis”.

 

Página 220:

 

A tentativa de tornar a França uma nação sem Deus produziu tal anarquia que os governantes temiam o poder passar inteiramente de suas mãos. Por isso, perceberam que, como necessidade política, alguma espécie de culto seria introduzida, mas não pretendiam introduzir nenhum movimento que aumentasse a devoção ou devolvesse algum caráter espiritual verdadeiro entre o povo, mas só o que os mantivesse no poder e lhes desse controle das forças nacionais... ...Em 1794 o culto à Deusa da Razão foi introduzido.

 

Versículo 39 – “Com o auxílio de um deus estranho, agirá contra as poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem, multiplicar-lhes-á a honra, e fa-los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio”.

 

Página 222:

 

O sistema de paganismo que tinha sido introduzido na França, como exemplificado na adoração do ídolo instituído na pessoa da Deusa da Razão, e regulado por um ritual pagão que fora legislado pela Assembléia Nacional para o uso do povo francês, continuou em vigor até a designação de Napoleão para o consulado provisório da França em 1799. Os adeptos dessa estranha religião ocuparam os lugares fortificados, as fortalezas da nação, como expresso nesse versículo.

 

A fim de concretizar o seu ponto de vista, Uriah Smith cita vários documentos oficiais (os quais ainda não os copiei) que provam estes favoritismos ocorridos nesta época na França.

 

Obs.: As dissertações envolvendo os versículos 40 em diante ficarão para uma próxima análise.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Após verificarmos estes trechos do livro notamos que há muita lógica na abordagem do nosso pioneiro adventista, porém há também pontos contraditórios como, por exemplo, em seu depoimento sobre o versículo 36 de Daniel 11. Além de soar estranha a idéia de que a tradução correta seria “Um rei fará” ou “Um certo rei fará”, fica mais intrigante ainda quando lemos o que diz a seqüência do texto bíblico: “até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está determinado será feito”, o que nos traz ao pensamento uma idéia de uma atuação que cessa junto com o fim do tempo da abominação desoladora (os 1260 anos) e não que passa a existir a partir do fim deste período em diante.

 

Fica então aqui o convite a um debate sobre estes trechos do livro...

 

Outra situação: Aqui neste seu livro, Uriah Smith poderia aproveitar e declarar várias afirmações contra a doutrina trinitariana. Embora ele não chega a tanto, não deixa de citar indicativos de sua posição sobre este assunto, principalmente o que foi observado na página 217 do livro.

 

Finalmente, fica a grande interrogação: sendo o autor (Uriah Smith) um pioneiro de nossa igreja, por que nunca se vê alguém citar estes seus comentários e muito menos editarem o livro assim como fez o pessoal do Movimento de Reforma?? (e por falar nestes últimos, estranhadamente incluíram também a doutrina da trindade em seu “nisto cremos” – segundo eu mesmo verifiquei através de um folheto da mesma. Que coisa!!).

 

Por enquanto é só... Desejo muito que o nosso Bom Pai continue nos iluminando, e continuemos a crescer na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

 

Um grande abraço.

 

Marcos Leandro – mais um adventista deixou de acreditar na “doutrina que tem as suas bases fincadas na areia” (confira: www.arquivoxiasd.com.br/cartas.htm ).

 

 

Nota do Editor: Estes comentários de Urias Smith são realmente muito bons! Eles oferecem uma visão mais coerente com a sequência histórica, e ampliam nosso entendimento sobre o assunto. Após tomar conhecimento desta interpretação de Dan.11:39, começo a considerar um pouco forçada a comparação do “deus estranho” com a trindade. E, diga-se de passagem, para derrubarmos o dogma da trindade não precisamos forçar nada na Bíblia, pelo contrário, para se crer na trindade é que se precisa forçar e muito seus claros ensinamentos.

 

 

Os versos 40 a 45 serão estudados na semana que vem juntamente com o capítulo 12.

 

Por enquanto cabe lembrar que assim como a estátua de Daniel 2 foi totalmente esmiuçada pela pedra cortada sem auxílio de mãos (Dan. 2:45); o chifre pequeno de Daniel 7 foi condenado à destruição final pelo Tribunal Celestial (Dan. 7:26); e o chifre pequeno de Daniel 8 foi quebrado sem esforço de mãos humanas (Dan. 8:25); assim também veremos que esta seqüência de eventos de Daniel 11 terá seu respectivo final em Daniel 12.

 

 

Irmão X


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