Sábado 18/12/2004
Os episódios
relatados nos capítulos 10, 11 e 12 aconteceram cerca de 70 anos depois que Daniel
chegou como um exilado em Babilônia. Esta explicação final aconteceu depois que
Ciro, o grande emitiu o primeiro decreto (538/537 a.C.) autorizando os judeus a
voltarem para Jerusalém e reconstruírem o templo. Porém foi antes que Dario I
emitisse o segundo decreto (520/519 a.C.) que confirmou o Ciro já havia
decretado.
Cronologia dos
capítulos de Daniel:
Ano a.C. |
605 |
602 |
594 |
569 |
553 |
551 |
539 |
539/ 538 |
538 |
535 |
Capítulo |
1 |
2 |
3 |
4 |
7 |
8 |
5 |
9 |
6 |
10, 11 e 12 |
Evento |
Cati-veiro |
1ª Visão de Daniel |
Forna-lha Arden-te |
Doença de Nabuco-donosor |
2ª Visão de Daniel |
3ª Visão de Daniel |
Banquete e Queda de Babilônia |
Expli-cação da Visão |
Cova dos Leões |
Expli-cações Adici-onais |
Idade de Daniel |
17 |
20 |
28 |
53 |
69 |
71 |
83 |
83-84 |
84 |
87 |
Os fundamentos do
templo foram lançados por volta do ano 537 a.C. , mas os judeus já enfrentavam
grande oposição por parte dos habitantes locais e povos vizinhos (ver Esdras
4).
Capítulo 10
Cerca de dois ou
três anos depois que o anjo Gabriel veio até Daniel para continuar a explicação
da visão do capítulo 8, encontramos o velho profeta ainda triste e preocupado
em entender melhor aquilo que lhe fora mostrado.
A lição coloca
como motivo para sua tristeza, o fato dele estar sabendo de toda a oposição que
seus compatriotas estavam enfrentando para reconstruir o templo. Porém, cabe
lembrar que a Bíblia em Dan.9:4 destaca que era o primeiro mês (nisã). Como
este era o mês em que o povo judeu deveria estar celebrando a páscoa, a festa
dos pães asmos e as primícias, o fato deles estarem ainda em cativeiro
impossibilitados de celebrar estas festas, deve ter entristecido a Daniel. A
páscoa trazia à memória o extraordinário poder de Deus na libertação de Seu
povo das garras dos egípcios, mas no momento o que ele estava presenciando era
o povo de Deus sendo impedido de dar continuidade a reconstrução do templo por
causa dos inimigos que não os deixavam em paz. Sua tristeza e preocupação eram
grandes.
Foi ao final de
três semanas de oração e jejum que Daniel, às margens do rio Tigre, recebeu uma
visita muito especial. Compare a descrição deste ser que Daniel viu com a visão
que João teve de Jesus em Apocalipse:
Daniel 10:5-6 |
Apocalipse 1:13-16 |
Um homem |
Semelhante a um filho de homem |
Vestido de linho |
Vestido com vestes talares |
Lombos cingidos com ouro fino de Ufaz |
Cingido à altura do peito com um cinto de ouro |
Olhos como tochas de fogo |
Olhos como chama de fogo |
Corpo como berilo |
|
Rosto como um relâmpago |
Rosto como o sol no brilho de sua força |
|
Cabeça e cabelos eram brancos como a pura lã |
Braços e pés como o brilho de bronze polido |
Pés semelhantes a latão reluzente como que refinados numa
fornalha |
Voz como a de uma multidão |
Voz como a voz de muitas águas |
Não há dúvidas que
Daniel e João viram o mesmo ser, e como este ser em Apocalipse se apresenta como
o primeiro e o último, aquele que foi morto, mas vive (Apoc.1:17-18), sabemos
se tratar do próprio Filho de Deus, Jesus Cristo (ver também Mateus 17:2 e
Marcos 9:3).
A reação das
pessoas que acompanhavam a Daniel em Dan.10:7, pode ser melhor compreendida
quando comparamos com o encontro que Paulo teve com Cristo (comparar com Atos
9:7; 22:9; 26:13-14).
Uma outra
interessante comparação é a da reação Daniel com a dos discípulos no monte da
transfiguração, e a de João face a visão gloriosa de Jesus (Compare Dan.10:9-12
com Mateus 17:6-7 e Apoc.1:17).
De acordo com o
verso 9, Jesus falou com Daniel, mas ele não resistiu e desmaiou. Na seqüência
(verso 10) alguém toca Daniel, despertando-o, e começa a dizer-lhe que veio em resposta
as suas orações por maior entendimento. Tudo indica que o personagem que fala
com Daniel a partir do verso 11 é o anjo Gabriel (compare Dan.9:21-23). A
menção que este personagem faz do Príncipe Miguel no verso 13 indica que ele
não poderia ser o próprio Jesus.
O anjo explica que
só havia chegado naquele momento (24º dia do primeiro mês), porque esteve
ocupado durante 21 dias enfrentando o príncipe do reino da Pérsia. Este estava
opondo tão forte resistência a sua missão, que foi necessário o próprio Miguel,
o primeiro dos príncipes, intervir em seu auxílio. Só após a ajuda direta de
seu comandante maior é que o anjo conseguiu estar ao lado dos governantes da
Pérsia.
Batalha Espiritual
Aqui temos os
bastidores do grande conflito entre o bem e o mal, entre Cristo e Satanás,
desvendados de forma impressionante. Sabemos que Ciro já havia decretado a
reconstrução do templo, mas os judeus que regressaram para executar esta tarefa
não estavam conseguindo devido à oposição daqueles que não queriam o seu regresso.
Muito boato, mentira, calúnia e difamação foi criada contra os judeus no
sentido de fazer Ciro mudar a sua decisão. O anjo que falava com Daniel tinha a
missão de desfazer todas aquelas intrigas diabólicas e ajudar Ciro a continuar
firme em sua correta decisão.
O príncipe do
reino da Pérsia era um anjo rebelde altamente graduado responsável por aquele
império, em outras palavras, ele é um líder angélico que se identifica com o
império persa. Este anjo esta sob o comando direto de Satanás, o príncipe geral
deste mundo caído (ver João 12:31; 14:30; 16:11). A realidade das hostes do mal
em atividade neste mundo pode ser constatada através de textos como: Efésios
6:12, II Pedro 2:4, I Coríntios 10:20. Também existe a possibilidade do
príncipe da Pérsia ser o próprio Satanás, pois como este império era mundial, é
bem provável que Satanás tenha assumido o controle direto dele.
Este exército de
demônios (anjos caídos) está rigorosamente organizado e distribuído ao redor
deste planeta, influenciando e agindo através de uma bem estrutura cadeia
hierárquica. Pessoas que já pesquisaram o satanismo em sua essência afirmam
existir um demônio responsável para cada continente, para cada país, para cada
estado, para cada cidade, e assim por diante, sendo Satanás o seu líder maior.
Para contrabalançar toda esta diabólica influência, poderosos anjos são
enviados da parte de Deus como espíritos ministradores em favor daqueles que
hão de herdar a salvação (Hebreus 1:14).
Esta batalha
espiritual continua nos dias de hoje de maneira ainda muito mais intensa e
feroz. Os governantes humanos são constantemente assediados pelos demônios
designados para liderarem em suas áreas de influência. Por outro lado,
poderosos anjos de Deus são comissionados para se oporem às influências
diabólicas, de forma que uma grande guerra espiritual está em constante
andamento por todas as partes deste mundo (É por este motivo que somos
aconselhados a orar intercessoriamente por nossos governantes). Esta luta
invisível atinge todos os segmentos da sociedade: empresas, escolas, igrejas,
etc.
Existem alguns
livros que explicam com detalhes como atuam os poderes invisíveis do mal neste
mundo bem real. Eu particularmente, acho curioso, mas temerário dar tanta
atenção a este assunto, a ponto de descrever nos mínimos detalhes seu “modus
operandi”. Acho que tais assuntos só despertam a curiosidade para informações
que pouco irão acrescentar às verdades que a Bíblia já apresentou em linhas
gerais (conheço algumas pessoas que até sabem os nomes dos espíritos que
atualmente lideram determinadas regiões do planeta). Acho que para o povo de
Deus basta saber que existem estas forças e que elas estão em crescente
atividade (II Cor.2:11). Por outro lado, podemos nos demorar muito mais
pesquisando e falando sobre as “Forças Especiais” designadas por Deus para
atuarem em nosso favor.
Últimos Dias
O anjo diz que
estava ali para fazer com que Daniel entendesse o que aconteceria nos últimos
dias, pois a visão era ainda para muitos dias (verso 14).
Foi depois da visão
relatada no capítulo 8 que Daniel começou a ter problemas de entendimento. Como
os capítulos 9 e 10 não apresentam nenhuma visão profética que pudesse gerar
dúvidas, parece bem lógico entender que o anjo veio explicar melhor a visão do
capítulo 8, que ainda era motivo para muitas dúvidas, questionamentos e
ansiedade por de parte de Daniel.
Daniel estava se
sentindo muito fraco, e sem condições de aguentar a explicação que viria (verso
15 a 17). Porém, ele é fortalecido e colocado em condições de ouvir a detalhada
explicação que viria (verso 18 e 19).
Na seqüência
(verso 20) o anjo afirma que esta mesma batalha espiritual desenvolvida contra
as forças espirituais do mal por trás do reino da Pérsia, continuariam no reino
a seguir, a Grécia. Mas Miguel, o príncipe dos príncipes, continuaria
pessoalmente agindo da mesma maneira que já havia feito (verso 21). O anjo
ainda destaca que ninguém a não ser Miguel (Jesus) seria capaz de fornecer o
auxílio necessário para cada ocasião. Esta exclusividade de Jesus no
desdobramento da história humana pode também ser vista em Apocalipse 5, quando
João chorava copiosamente por não existir ninguém digno de abrir o livro selado
com sete selos (cada selo simboliza de forma seqüencial uma etapa da história
da humanidade); até que lhe é dito que não chorasse mais, pois o “Leão da tribo
de Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos”
(Apoc.5:5). Só em Jesus é que a história pode continuar de acordo com os planos
soberanos de Deus.
Capítulo 11
O livro “Uma Nova
Era Segundo as Profecias de Daniel” de C.M.Maxwell nas páginas 291 a 313
apresenta de forma bem detalhada e didática uma das melhores explicações que eu
já pude ler sobre Daniel 11. Na pág.292 é dito:
“Mas Daniel 11 ... dá cobertura à História, como se o anjo que
está falando fosse um dos nossos grandes apresentadores jornalísticos da TV,
que analisa os principais fatos do período, e depois dissesse: ‘Assim foram os
fatos ocorridos hoje.’ Melhor que isso, na verdade, o nosso anjo-apresentador
apresenta os fatos sob a forma profética, como que concluindo: ‘Assim serão os
acontecimentos do futuro.’
Tentarei aqui
resumir a seqüência de explicações históricas que cumpriram esta apresentação
do anjo, conforme é explicado por Maxwell:
Texto Bíblico |
Fato Histórico |
1 EU, pois, no
primeiro ano de Dario, o medo, levantei-me para animá-lo e fortalecê-lo. |
O anjo explica
que anteriormente já havia auxiliado a Dario o Medo em sua administração de Babilônia.
Isto explica a grande amizade que existia entre este rei e Daniel. |
2 E agora te declararei a verdade: Eis que ainda três reis
estarão na Pérsia, e o quarto acumulará grandes riquezas, mais do que todos;
e, tornando-se forte, por suas riquezas, suscitará a todos contra o reino da
Grécia. |
Depois da morte
de Ciro vieram os reis: 1.Cambises
(530-522 a.C.) 2.Bardiya ou
falso Esmérdis (522 a.C.) 3.Dario I
Histaspes (522-486 a.C.) 4.Xerxes ou
Assuero (486-465 a.C.) – Este foi o marido da rainha Ester que investiu
fortemente numa campanha militar contra os Gregos, mas foi derrotado nas
batalhas de Salamina (480 a.C.) e Platéia (479 a.C.). |
MUDANÇA DE IMPÉRIO: DA MEDO-PÉRSIA PARA A GRÉCIA |
|
3 Depois se levantará
um rei valente, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver. |
Alexandre, o
Grande, filho do rei Filipe da Macedônia rapidamente conquista para a Grécia
todo o império Persa (331-323 a.C.) |
4 Mas, estando ele
em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido para os quatro ventos do
céu; mas não para a sua posteridade, nem tampouco segundo o seu domínio com
que reinou, porque o seu reino será arrancado, e passará a outros que não
eles. |
No auge de sua
força e poder, Alexandre morre (323 a.C.), e os seus quatro principais
generais (Seleuco, Lissímaco, Ptolomeu e Cassandro), após eliminarem o irmão
e o filho de Alexandre, guerreiam entre si e dividem o império Grego em
quatro partes (301 a.C.). |
5 E será forte o
rei do sul; mas um dos seus príncipes será mais forte do que ele, e reinará
poderosamente; seu domínio será grande. |
Ptolomeu I
Soter, general que ficou com a parte do Egito (reino do sul) era realmente
muito forte. Ao leste estava o General, Seleuco I Nicator, que foi expulso
por outro general de Alexandre e fugiu para o Egito, onde foi ajudado por
Ptolomeu a se recompor e voltar para reconquistar o território perdido. Suas
ações também afastaram a Lissímaco da Síria e da Ásia Menor, fazendo de Seleuco
o poderoso rei do norte, que se tornou mais forte que Ptolomeu ao sul. |
6 Mas, ao fim de
alguns anos, eles se aliarão; e a filha do rei do sul virá ao rei do norte
para fazer um tratado; mas ela não reterá a força do seu braço; nem ele
persistirá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e os que a tiverem
trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos. |
Em 250 a.C. o
rei Ptolomeu II Filadelfo do Egito (reino do sul) tentou uma aliança com
Antíoco II Theos da Síria (reino do norte) entregando a ele sua filha
Berenice em casamento. Acontece que Antíoco já era casado com Laodice e
precisou divorciar-se dela. Um filho nasceu desta nova união, mas quando o
pai de Berenice morreu, Antíoco voltou para sua ex-esposa. Laodice vinga-se
assassinando Berenice, se filho e seu próprio marido, Antíoco. |
7 Mas de um
renovo das raízes dela um se levantará em seu lugar, e virá com o exército, e
entrará na fortaleza do rei do norte, e operará contra eles, e prevalecerá. |
Enquanto isto no
sul (Egito) assume o trono o irmão de Berenice, Ptolomeu III Euergetes, que
resolve vingar a irmã invadindo a Síria em uma triunfante campanha. |
8 Também os seus
deuses com as suas imagens de fundição, com os seus objetos preciosos de
prata e ouro, levará cativos para o Egito; e por alguns anos ele persistirá
contra o rei do norte. |
Ptolomeu III
trouxe para o Egito cerca de 2.500 imagens de ouro e prata, sendo muitas
delas representações dos deuses egípcios que haviam sido roubados por
conquistadores anteriores. |
9 E entrará no
reino o rei do sul, e tornará para a sua terra. |
Em 242 a.C.
Seleuco II Calínico (norte) tenta vingar-se da investida feita pelo reino do
sul, mas é obrigado a retornar derrotado e seriamente ferido. |
10 Mas seus
filhos intervirão e reunirão uma multidão de grandes forças; e virá
apressadamente e inundará, e passará adiante; e, voltando levará a guerra até
a sua fortaleza. |
Seleuco III
Cerauno (225-223 a.C.), filho de Seleuco II, começou a ajuntar uma grande
força que foi aumentada ainda mais por seu irmão Antíoco III o Grande
(223-187 a.C.). |
11 Então o rei
do sul se exasperará, e sairá, e pelejará contra ele, contra o rei do norte;
este porá em campo grande multidão, e aquela multidão será entregue na sua
mão. |
No dia 22 de
junho de 217 a.C. acontece a sangrenta batalha de Ráfia (cerca de 70.000
soldados de infantaria e 5.000 de cavalaria de cada lado). Esta batalha foi
vencida pelo reino do sul (Egito). |
12 A multidão
será tirada e o seu coração se elevará; mas ainda que derrubará muitos
milhares, contudo não prevalecerá. |
No dia seguinte
as baixas eram enormes: 10.000 homens de Antíoco III foram mortos e 4.000
feitos prisioneiros; Ptolomeu IV teve baixas menores, mas ainda assim
significativas. |
13 Porque o rei
do norte tornará, e porá em campo uma multidão maior do que a primeira, e ao
fim dos tempos, isto é, de anos, virá à pressa com grande exército e com
muitas riquezas. |
Antíoco III
desejoso por uma revanche aumenta seu poderio conquistando a maior parte do
antigo império de Alexandre, e parte para um segundo ataque contra o Egito.
Este, por sua vez, estava passando por sérios problemas internos, sendo
governado por Ptolomeu V, um garoto de apenas 6 anos. |
MUDANÇA DE IMPÉRIO: DA GRÉCIA PARA ROMA |
|
14 E, naqueles
tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e os violentos dentre o teu
povo se levantarão para cumprir a visão, mas eles cairão. |
Antíoco III fez
aliança com Filipe da Macedônia (sucessor de Cassandro no ocidente) para
continuar investindo contra a Egito (reino do sul). Os próprios egípcios se
insurgiram contra os seus senhores gregos. Mas, conforme
estava previsto na profecia, chega a hora dos violentos se levantarem
(a palavra violentos pode ser também traduzida por quebradores).
O paralelismo das profecias de Daniel nos leva a associar esta palavra com
Dan.7:7 onde foi visto um animal terrível e espantoso que fazia em pedaços
tudo que encontrava pela frente. Já vimos que este animal com dentes de ferro
representa o mesmo poder simbolizado pelas pernas de ferro em Daniel 2, ou
seja, o império romano. Foi exatamente
nos tempos que Antíoco III fazia aliança com Filipe da Macedônia para
investir contra Ptolomeu V do Egito, que surge no horizonte da história o
poder que viria se tornar no império romano. |
15 E o rei do
norte virá, e levantará baluartes, e tomará a cidade forte; e os braços do
sul não poderão resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força
para resistir. |
Desprezando as advertências
dos romanos para ficar longe do Egito, Antíoco III continua avançando contra
o sul, ocupando a região da Judéia de forma que os Egípcios nunca mais
conseguiram recuperar aquela posição. |
16 O que, pois,
há de vir contra ele fará segundo a sua vontade, e ninguém poderá resistir
diante dele; e estará na terra gloriosa, e por sua mão haverá destruição. |
Novamente o
princípio do paralelismo nos faz associar as frases “fará segundo a sua
vontade” e “ninguém poderá resistir diante dele” com a ação do animal
terrível de Daniel 7 e do chifre pequeno de Daniel 8 (ver Dan. 7:7 e 8:24),
que simbolizam o império romano. Este verso
relata a conquista da Palestina (a terra formosa de Dan. 8:9) pelo general
romano Pompeu. A palavra
destruição encaixa-se perfeitamente com a ação no quarto animal de Dan.7. |
17 Firmará o
propósito de vir com a força de todo o seu reino, e fará uma aliança com o
rei do sul. E lhe dará uma jovem em casamento a fim de destruir o reino, mas seus
planos não vingarão, nem serão para sua vantagem. |
Retrata o famoso
líder romano Júlio César e seu envolvimento com a “jovem” rainha Cleópatra do
Egito (reino do sul). |
18 Depois virará
o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas; mas um príncipe fará cessar o seu
opróbrio contra ele, e ainda fará recair sobre ele o seu opróbrio. |
Júlio César
empreende explorações em áreas fronteiriças e conquista muitas “terras do
mar”. Em 44 a.C. o
insolente e ambicioso Júlio César foi assassinado por 60 companheiros romanos
liderados por G.Cassius Longinus, o príncipe que faria cessar o seu opróbrio.
|
19 Virará então
o seu rosto para as fortalezas da sua própria terra, mas tropeçará, e cairá,
e não será achado. |
Júlio César
empreendeu muitas carnificinas militares por ambições pessoais. Chegou ao
cúmulo de tentar substituir a forma republicana de governo romano por uma
ditadura personalizada (não é a toa que foi assassinado). A semelhança dos
versos 11 e 12, este verso, com o objetivo de ênfase, repete a predição da
morte de Júlio César. |
20 E em seu
lugar se levantará quem fará passar um arrecadador pela glória do reino; mas
em poucos dias será quebrantado, e isto sem ira e sem batalha. |
Júlio César foi sucedido
por César Augusto, o fundador do império romano, que promoveu através de
decreto a cobrança generalizada de impostos, também conhecida como
recenseamento para fins fiscais (Luc.2:1 fala deste período). Como você pode
ver chegamos ao tempo do nascimento de Jesus. |
SUBSTITUIÇÃO DE ROMA PAGÃ POR ROMA RELIGIOSA |
|
21 Depois se
levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade
real; mas ele virá caladamente, e tomará o reino com engano. |
Mais uma vez o
paralelismo existente entre as profecias de Daniel nos ajudará a identificar
o “homem vil” deste verso com o mesmo poder simbolizado pelo “rei feroz de
semblante” de Dan. 8:23. A indicação de que não haviam dado dignidade real a
este poder, combina com a característica do chifre pequeno que seria um reino
diferente de todos os reinos (Dan. 7:23), e com o fato deste poder se tornar
forte, mas não de si mesmo (Dan. 8:24). A menção deste poder vindo
silenciosamente e tomando o poder com o engano encaixa-se perfeitamente a
descrição de Dan. 8:25. Por estas
características coincidentes não temos dúvidas que este homem vil representa
o poder papal que substituiu a autoridade dos imperadores romanos por
volta 5º e 6º séculos. |
22 E com os
braços de uma inundação serão varridos de diante dele; e serão quebrantados,
como também o príncipe da aliança. |
Este verso
confirma de maneira inquestionável a interpretação acima ao mencionar este
poder avançando como uma inundação e agindo contra o príncipe da aliança (ver
Dan. 8:11, 24 e 25). Obs.: A lição
menciona este verso como se referindo a morte de Jesus e identificou o homem
vil do verso 21 como sendo “provavelmente” o imperador romano Tibério (14-37
d.C.). Porém o paralelismo destes versos com os capítulos 7 e 8 levam a
outras conclusões. |
23 E, depois do
concerto com ele, usará de engano; e subirá, e se tornará forte com pouca
gente. |
O papado cresce
e se fortalece a partir de uma posição inicial de insignificância
estabelecendo tratados baseados no engano. Mais uma vez a palavra engano nos
leva para Dan.7:25, 8:12 e 25. |
24 Virá também
caladamente aos lugares mais férteis da província, e fará o que nunca fizeram
seus pais, nem os pais de seus pais; repartirá entre eles a presa e os
despojos, e os bens, e formará os seus projetos contra as fortalezas, mas por
certo tempo. |
O papado através
da comercialização da fé (venda de relíquias e indulgências) saqueou tanto os
ricos e pobres para manter seus privilégios. A expressão “por
certo tempo” nos leva para Dan. 7:25 que menciona quanto seria este tempo. |
25 E suscitará a
sua força e a sua coragem contra o rei do sul com um grande exército; e o rei
do sul se envolverá na guerra com um grande e mui poderoso exército; mas não
subsistirá, porque maquinarão projetos contra ele. |
Iniciam-se as
cruzadas sob a promoção do Papa Urbano II com o objetivo de arrancar a Terra
Santa das mãos dos mulçumanos. Por ocasião da 1ª cruzada os mulçumanos que
controlavam Jerusalém eram capitaneados pelos “Califas” (Sultões) do Egito
(reino do sul). |
26 E os que
comerem os seus alimentos o destruirão; e o exército dele será arrasado, e
cairão muitos mortos. |
A primeira
cruzada foi um grande sucesso e Jerusalém foi tomada em 15 de julho de 1099
pelos cristãos, porém a carnificina foi grande. Um historiador contemporâneo
afirma que “os homens caminhavam com o sangue acima de seus tornozelos.” |
27 Também estes
dois reis terão o coração atento para fazerem o mal, e a uma mesma mesa falarão
a mentira; mas isso não prosperará, porque ainda verá o fim no tempo
determinado. |
Aqui está
descrita toda a politicagem a base de hipocrisias, falsidades e traições que
caracterizaram as cruzadas. Tratados de paz foram quebrados e acordos foram
desrespeitados. |
28 Então tornará
para a sua terra com muitos bens, e o seu coração será contra a santa
aliança; e fará o que lhe aprouver, e tornará para a sua terra. |
Enquanto as
cruzadas aconteciam (1095 -1250 d.C.) o ministério intercessório de Cristo
foi sendo obscurecido e lançado por terra cada vez mais. Desta maneira um
outro tipo de cruzada se estabeleceu, só que contra os cristãos heréticos.
Eles eram perseguidos pelo fato de crerem na “santa aliança” ao invés das
mentiras, enganos e falsidades da igreja cristã romana sob o comando dos
papas (ver Dan.7: 21, 25 e 8:24). A expressão
“fará o que lhe aprouver” nos leva para Dan. 8:24 aonde já vimos que seria
exatamente desta maneira que procederia a chifre pequeno. |
29 No tempo
determinado tornará a vir em direção do sul; mas não será na última vez como
foi na primeira. |
A sétima e
última cruzada não foi igual a primeira, pois nela o piedoso rei Luís IX foi
feito prisioneiro no Egito e dez anos mais tarde os cristãos foram expulsos
da Palestina. |
30 Porque virão
contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza; e voltará, e se
indignará contra a santa aliança, e fará o que lhe aprouver; voltará e
atenderá aos que tiverem abandonado a santa aliança. |
Os navios de
Quitim são os navios de guerra alugados dos gregos durante as cruzadas. Para enfatizar,
a liberdade e ousadia com que o papado agiu contra a aliança, mencionada no
verso 28, é repetida aqui. É também destacado o fato do papado só beneficiar
aqueles que, como ele, abandonaram a santa aliança (a nova aliança de Heb.
8:8). |
31 E braços
serão colocados sobre ele, que profanarão o santuário e a fortaleza, e
tirarão o contínuo, estabelecendo abominação desoladora. |
Exatamente
aquilo que o chifre pequeno de Dan. 8:11 fez. Durante mais de mil anos este
poder estabeleceu um vasto sistema de crenças e práticas que desviou as
pessoas do contínuo ministério de Cristo no Santuário Celestial (Heb. 7:25),
privando-as do Príncipe da Aliança e denegrindo o caráter de Deus. A abominação
desoladora foi mencionada em Dan. 8:13 e aplicada por Jesus de forma restrita
à destruição do templo judeu pelos romanos (Mat. 24:15, Mar. 13:14). Porém
seu cumprimento profético é muito mais amplo, conforme pudemos verificar em
Daniel 8. De qualquer
forma, o fato de Jesus ter se referido a esta abominação desoladora no lugar
santo como ainda no futuro, inviabiliza completamente sua aplicação exclusiva
a Antíoco Epifânio. |
INÍCIO DA REFORMA PROTESTANTE |
|
32 E aos violadores
da aliança ele com lisonjas perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se
tornará forte e fará proezas. |
Enquanto o
papado romano, através de troca de favores e concessões políticas, continuava
beneficiando exclusivamente aqueles que não discordavam de sua teologia
corrompida, Deus estava preservando e fortalecendo um povo remanescente que
realmente conhecia ao seu Deus. |
33 E os
entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia cairão pela espada, e
pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo roubo, por muitos dias. |
Este
remanescente, aqui chamado de “entendidos”, são os valdenses, lolardos,
hussitas, luteranos, anabatistas e huguenotes que foram terrivelmente
perseguidos, presos, torturados e mortos enquanto espalhavam as verdadeiras
boas novas do evangelho do Príncipe da Aliança. |
34 E, caindo
eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com
lisonjas. |
Durante a
reforma protestante algumas pessoas influentes ofereceram certa proteção a
estes que se opunham ao sistema religioso de Roma. Porém, por procurarem
evitar maiores problemas para si mesmas, esta proteção era limitada. Por outro lado,
muitos dos camponeses pobres e explorados pela igreja, viram na reforma
protestante uma forma de revolução social onde a classe rica e predominante
teria que ser desbancada para que eles assumissem o comando. Foi desta forma
que muitos aderiram a reforma protestante com lisonjas. |
35 E alguns dos
entendidos cairão, para serem provados, purificados, e embranquecidos, até ao
fim do tempo, porque será ainda para o tempo determinado. |
“É no conflito
que o verdadeiro caráter se manifesta”. Através da reforma protestante o
Senhor Deus pode provar a todos, de forma a purificar àqueles que
verdadeiramente tinham amor pela verdade e estavam dispostos a pagar o preço
que fosse necessário para possuí-la (ver II Tess. 2:10 e Mat. 13:44-46). Notamos aqui a
menção de um tempo determinado para tudo isto acontecer, lembrando do que já
lemos em Dan. 7:25 e 8:19. |
36 E este rei fará
conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus;
e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e será próspero, até que
a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito. |
Este rei
representa o poder da igreja romana na pessoa dos papas e demais autoridades
eclesiásticas submissas aos seus mandos e desmandos. Aqui mais uma vez
encontramos uma clara referência ao chifre pequeno de Daniel 7 e 8 nas
expressões: “conforme a sua vontade” – Dan. 8:24. “levantar-se-á e engrandecer-se-á sobre todo
deus” – Dan. 8:10,11 e 25. “contra o Deus dos deuses falará coisas
espantosas” – Dan. 7:25 “será próspero” – Dan. 7:12 e 25 “até que a ira se complete” – Dan. 7:25 e 26 |
37 E não terá
respeito ao Deus de seus pais, nem terá respeito ao amor das mulheres, nem a
deus algum, porque sobre tudo se engrandecerá. |
A teologia
católica com seu marcante sincretismo religioso absorveu vários ensinamentos
pagãos e os incorporou a sua confissão de fé. Desta forma o Deus de Abraão,
Isaque e Jacó foi desfigurado e substituído pelo deus formado de três pessoas
em uma só (trindade). O “não respeito
ao amor das mulheres” pode ser uma menção a prática anti-natural do celibato
imposta pelo Papa Bonifácio VII em 1073 d.C.. A expressão
“sobre tudo se engrandecerá” nos leva para Dan. 8:25 que fala do chifre
pequeno se engrandecendo no seu coração. |
38 Mas em seu
lugar honrará a um deus das forças; e a um deus a quem seus pais não conheceram
honrará com ouro, e com prata, e com pedras preciosas, e com coisas
agradáveis. |
Quando os papas
se valeram das cruzadas e da inquisição para fazer valer seus ensinamentos e
práticas, estava honrando o “deus das forças”. Alguns vêem na
menção ao deus que seus pais não conheceram, a veneração (adoração) da Virgem
Maria no lugar da intercessão do único mediador que existe entre Deus e os
homens, Jesus Cristo (I Tim. 2:5). Mas por aquilo que já lemos no verso
anterior, a adoção do dogma da “santíssima trindade” por volta do terceiro
século, nos parece ser uma interpretação mais abrangente. A menção deste
deus sendo honrado com riquezas temporais pode ser uma referência a todo o
luxo com que se vestia o clero e eram realizadas as missas, ou pode também
ser uma referência a comercialização da religião através da venda de
relíquias “sagradas” e indulgências. |
39 Com o auxílio
de um deus estranho agirá contra as poderosas fortalezas; aos que o
reconhecerem multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos, e repartirá
a terra por preço. |
A “santíssima
trindade” é o primeiro mistério da fé católica, bem como o seu dogma
fundamental. É por este motivo que povos inteiros foram destruídos com a finalidade
de se preservar este conceito. Estamos nos referindo aos ostrogodos, hérulos
e vândalos (os três chifres que foram arrancados para que a o chifre pequeno
de Daniel 7 crescesse) que eram arianos (não criam na trindade). Por outro
lado, todos que professavam a fé no deus triúno de Roma eram honrados e
favorecidos. |
Posteriormente a conclusão
deste comentário, recebemos uma valiosa colaboração do irmão Marcos Leandro,
conforme segue abaixo:
O DEUS ESTRANHO DE DANIEL 11:39 SEGUNDO URIAH SMITH
Obs.: os
textos bíblicos reproduzidos em cada introdução são da versão Bíblia de Estudo Almeida e meus
comentários pessoais em meio aos trechos do livro estarão em cor azul. Os grifos
são nossos. Comecemos a partir da segunda metade do versículo 30 – “... e se indignará contra a santa aliança,
e fará o que lhe aprouver; e, tendo voltado, atenderá aos que tiverem
desamparado a santa aliança”.
Páginas 206 e 207:
... indignação contra o concerto” (ou, “contra a santa aliança” – na versão utilizada por mim), ou seja, as Sagradas Escrituras, o livro do concerto. Uma revolução desta natureza foi realizada em Roma. Os hérulos, godos e vândalos, que conquistaram Roma, abraçaram a fé ariana e se tornaram inimigos da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Foi especialmente com o propósito de exterminar essa heresia, que Justiniano decretou que o Papa fosse a cabeça da Igreja e o corregedor dos heréticos. A Bíblia logo passou a ser um livro perigoso, que não devia ser lido pelo povo comum, mas todas as questões em disputas deviam ser submetidas ao Papa. Assim se amontoou a indignidade sobre a Palavra de Deus. E os imperadores de Roma, a divisão oriental do que ainda continuava, entendiam, ou concordavam com a Igreja de Roma, que tinham, abandonado o concerto e constituído a grande apostasia, com o propósito de derrubar a “heresia”. O homem do pecado foi guindado ao seu presumível trono pela derrota dos godos arianos, que então tinham posse de Roma, em 538 d.C.
Versículo
31 – “Dele sairão forças que profanarão o
santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a
abominação desoladora”.
Páginas 207 a 214:
... Quando as potências notáveis da Europa deixaram seu apego ao paganismo, foi só para perpetuar suas abominações em outra forma, pois o cristianismo, como é exposto na ICAR, foi e é apenas paganismo batizado.
... Assinale-se que nesse ano, 508 d.C., o paganismo tinha de tal modo declinado e o catolicismo havia até relativamente aumentado em força, que a ICAR pela primeira vez travou com êxito uma guerra, tanto contra a autoridade civil do império e a igreja do oriente que tinha na maioria abraçado a doutrina monofisista. O resultado foi o extermínio de 60 mil heréticos.
Na
seqüência de seus comentários (especialmente quando envolve os versículos 32 ao
35 de Daniel 11) Uriah Smith utiliza os escritos presentes no livro “O
Grande Conflito” páginas 571 a 581, onde a irmã EGW demonstra “o que é”
o poder papal e a ICAR. Nosso pioneiro vai discorrendo de forma cronológica,
interpretando nestes versículos os acontecimentos religiosos durante o período
da Idade Média e Moderna bem como os 1260 anos de abominação desoladora, o qual
como sabemos terminou em 1798 d.C. quando o papa Pio VI foi aprisionado pelo
general francês Alexander Beltier, a mando de Napoleão Bonaparte – em pleno
início da Idade Contemporânea.
Versículo
36 – “Este rei fará segundo a sua
vontade, e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos
deuses falará coisas incríveis e será próspero, até que se cumpra a indignação;
porque aquilo que está determinado será feito”.
Neste
versículo, Uriah Smith continuando em sua linha de pensamento cronológico,
prefere identificar nesta fase o erguimento da França como um poder que se “levanta contra todo deus”, discordando
que a ICAR chegara a este ponto.
Isto
realmente merece nossa observação visto que a França, em meio à sua Revolução,
teve realmente uma participação séria contra a Verdade bem como contra a
Palavra de Deus - querendo destruí-la – coincidindo e cumprindo à profecia dada
ao apóstolo João em Apocalipse 11:3-14 (As
duas testemunhas mártires: O Velho e o Novo Testamento) após o tempo
profético da abominação desoladora declarado por Deus a Daniel bem como ao
apóstolo (ver Apoc. 11:3 e 7).
Outro
fator: a exemplo do que acontece no versículo 9 do capítulo 8 de Daniel, onde a
frase traduzida é diferente do original hebraico, no caso a tradução: “De um
dos chifres saiu...” dizem que o correto seria: “De um deles (dos ventos)
saiu...” – a exemplo então deste caso citado, nosso pioneiro, baseado também no
ponto de vista de outros críticos bíblicos tais como: Mede, Wintle, Bothroyd e
outros, afirma que para o termo “Este
rei” a tradução correta do hebraico seria “Um rei” ou “Um certo rei
fará...” – desvinculando assim com a ICAR e situando o dito “rei” em um
tempo perto do fim dos 1260 anos. Analisemos os seus comentários logo abaixo:
Páginas 217 e 218:
... “e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus...” ... Isso nunca correspondeu ao papado. Deus e Cristo, embora muitas vezes colocados numa falsa posição, (eis aqui mais um argumento concreto contra a doutrina da trindade) nunca foram professadamente postos de lado e rejeitados por este sistema de religião.
1) Deve assumir o caráter aqui delineado perto do início do tempo do fim (1798 d.C.), a que fomos levados no versículo anterior (v. 35); 2) deve ser um poder vitorioso; 3) deve ser um poder ateu, ou talvez as duas últimas especificações possam ser unidas dizendo-se que sua voluntariedade seria manifestada na direção do ateísmo... Uma revolução que corresponde exatamente a esta descrição ocorreu na França no tempo indicado na profecia. Voltaire havia semeado as sementes que produziriam seus legítimos e abundantes frutos. Esse jactancioso infiel, em sua pomposa mas impotente presunção dissera: “Estou cansado de ouvir repetirem que 12 homens fundaram a religião cristã. Eu provarei que basta um homem para destruí-la”. Associando consigo homens como Rosseau, D’Alembert, Diederot e outros, ele empreendeu a obra. Semearam ventos e colheram tempestades. Seus esforços culminaram na revolução de 1793, quando a Bíblia foi rejeitada e a existência de Deus negada, como a voz da nação.
...um escritor disse na Blackwood´s Magazine: “... A França é a única nação do mundo acerca da qual sobrevive o autêntico registro, que como nação ela levantou a mão em franca rebelião contra o Autor do universo... ...a França sobressai na história do mundo como o único estado que, pelo decreto de sua assembléia legislativa, pronunciou que não havia Deus e de que a inteira população da capital, e uma vasta maioria alhures, mulheres e homens, dançavam e cantavam com alegria ao aceitarem o anúncio.
Versículo
37 – “Não terá respeito aos deuses de
seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se
engrandecerá”.
Página 219:
A palavra hebraica mulher é também traduzida por esposa... ...Isto parecia indicar que este governo, ao mesmo tempo que declarava que Deus não existia, pisava a pés a lei que Deus dera para regular a instituição matrimonial” (escreveu um historiador ao livro Scott’s Napoleon, vol I, página 172).
Intimamente ligados a estas leis que afetam a religião estava a que
reduzia a união do casamento – o mais sagrado compromisso que os seres humanos
podem formar e cuja permanência leva mais fortemente à consolidação da
sociedade à condição de mero contrato civil de caráter transitório, em que quaisquer
duas pessoas entrem e de que se libertem, à vontade, quando seu gosto foi mudado
e seu apetite satisfeito...
...Nem consideração a qualquer deus: “O temor de Deus está longe de ser o princípio da sabedoria que é o princípio da loucura. A modéstia é só uma invenção de voluptuosidade contida. O Rei Supremo, o Deus dos judeus e dos cristãos, é só um fantasma. Jesus Cristo é um impostor.
...Outro escritor diz: “Em 26 de agosto de 1792 foi feita franca
profissão de ateísmo pela Convenção Nacional. Sociedades correspondentes e
clubes ateus foram destemidamente mantidos por toda parte na França...” Smith’ Key to Revelation, página
233.
Herbert Chaumette e seus associados compareceram ao tribunal e declararam que Deus não existia – Alisson, vol I, página 150.
Versículo
38 – “Mas, em lugar dos deuses, honrará o
deus das fortalezas; a um deus que seus pais não conheceram, honrará com ouro,
com prata, com pedras preciosas e coisas agradáveis”.
Página 220:
A tentativa de tornar a França
uma nação sem Deus produziu tal anarquia que os governantes temiam o poder
passar inteiramente de suas mãos. Por isso, perceberam que, como necessidade
política, alguma espécie de culto seria introduzida, mas não pretendiam
introduzir nenhum movimento que aumentasse a devoção ou devolvesse algum
caráter espiritual verdadeiro entre o povo, mas só o que os mantivesse no poder
e lhes desse controle das forças nacionais... ...Em 1794 o culto à Deusa da
Razão foi introduzido.
Versículo
39 – “Com o auxílio de um deus
estranho, agirá contra as poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem,
multiplicar-lhes-á a honra, e fa-los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá a
terra por prêmio”.
Página 222:
O sistema de paganismo que tinha sido introduzido na França, como exemplificado na adoração do ídolo instituído na pessoa da Deusa da Razão, e regulado por um ritual pagão que fora legislado pela Assembléia Nacional para o uso do povo francês, continuou em vigor até a designação de Napoleão para o consulado provisório da França em 1799. Os adeptos dessa estranha religião ocuparam os lugares fortificados, as fortalezas da nação, como expresso nesse versículo.
A fim de
concretizar o seu ponto de vista, Uriah Smith cita vários documentos oficiais
(os quais ainda não os copiei) que provam estes favoritismos ocorridos nesta
época na França.
Obs.: As
dissertações envolvendo os versículos 40 em diante ficarão para uma próxima
análise.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após
verificarmos estes trechos do livro notamos que há muita lógica na abordagem do
nosso pioneiro adventista, porém há também pontos contraditórios como, por
exemplo, em seu depoimento sobre o versículo 36 de Daniel 11. Além de soar
estranha a idéia de que a tradução correta seria “Um rei fará” ou “Um certo
rei fará”, fica mais intrigante ainda quando lemos o que diz a seqüência do
texto bíblico: “até que se cumpra a
indignação; porque aquilo que está determinado será feito”, o que nos
traz ao pensamento uma idéia de uma atuação que cessa junto com o fim do tempo
da abominação desoladora (os 1260 anos) e não que passa a existir a partir do
fim deste período em diante.
Fica
então aqui o convite a um debate sobre estes trechos do livro...
Outra
situação: Aqui neste seu livro, Uriah Smith poderia aproveitar e declarar
várias afirmações contra a doutrina trinitariana. Embora ele não chega a tanto,
não deixa de citar indicativos de sua posição sobre este assunto,
principalmente o que foi observado na página 217 do livro.
Finalmente,
fica a grande interrogação: sendo o autor (Uriah Smith) um pioneiro de nossa
igreja, por que nunca se vê alguém citar estes seus comentários e muito menos
editarem o livro assim como fez o pessoal do Movimento de Reforma?? (e por
falar nestes últimos, estranhadamente incluíram também a doutrina da trindade
em seu “nisto cremos” – segundo eu mesmo verifiquei através de um folheto da
mesma. Que coisa!!).
Por
enquanto é só... Desejo muito que o nosso Bom Pai continue nos iluminando, e
continuemos a crescer na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo.
Um
grande abraço.
Marcos
Leandro – mais um adventista deixou de acreditar na “doutrina que
tem as suas bases fincadas na areia”
(confira: www.arquivoxiasd.com.br/cartas.htm ).
Nota do Editor: Estes comentários de Urias Smith são realmente muito bons! Eles
oferecem uma visão mais coerente com a sequência histórica, e ampliam nosso
entendimento sobre o assunto. Após tomar conhecimento desta interpretação de
Dan.11:39, começo a considerar um pouco forçada a comparação do “deus estranho”
com a trindade. E, diga-se de passagem, para derrubarmos o dogma da trindade não
precisamos forçar nada na Bíblia, pelo contrário, para se crer na trindade é
que se precisa forçar e muito seus claros ensinamentos.
Os versos 40 a 45
serão estudados na semana que vem juntamente com o capítulo 12.
Por enquanto cabe lembrar
que assim como a estátua de Daniel 2 foi totalmente esmiuçada pela pedra
cortada sem auxílio de mãos (Dan. 2:45); o chifre pequeno de Daniel 7 foi
condenado à destruição final pelo Tribunal Celestial (Dan. 7:26); e o chifre
pequeno de Daniel 8 foi quebrado sem esforço de mãos humanas (Dan. 8:25); assim
também veremos que esta seqüência de eventos de Daniel 11 terá seu respectivo
final em Daniel 12.
Irmão X