De olho na Lição da Escola Sabatina
Lição 3 (2º Trimestre de
2005)
1) Uma declaração reveladora na lição de Domingo (10/04):
“Nos
dias de Jesus, duas características distinguiam os hebreus dos outros povos – eles
adoravam um Deus, em vez de muitos deuses, e se abstinham do trabalho no
sétimo dia.” (Destaque em negrito acrescentado)
O
autor da lição muito sabiamente destaca duas características básicas que
distinguiam o verdadeiro povo de Deus dos demais:
1)
Adoravam um só Deus – Monoteísmo: “Ouve, ó Israel: o SENHOR (YHWH) nosso
Deus é o único SENHOR (YHWH)” Deut. 6:4 (A tradução mais próxima do original
hebraico seria: “YHWH nosso Deus, YHWH [é] um”).
2)
Observavam a santidade do sétimo dia – Sábado: “Lembra-te do dia do
sábado, para o santificar” Êxo. 20:8 (A tradução mais próxima do original
hebraico seria: “Lembra-te do dia do sábado para mantê-lo [preservá-lo]
santo”).
Estas
mesmas características básicas deveriam continuar distinguindo o verdadeiro
povo de Deus na atualidade. Quanto à observância do sábado, até o momento a
IASD continua firme nesta verdade, mas e quanto à adoração de um único Deus?
Será que a atual IASD pode se considerar tão monoteísta quanto eram os judeus
desde a antiguidade? Vejamos...
Em
um artigo intitulado “A Trindade e o Espírito Santo”, o Pr. Demóstenes Neves da
Silva introduz seu estudo afirmando: “A doutrina do Espírito Santo, como
revelada nas Escrituras, não foi entendida amplamente no Antigo Testamento”.
Na tentativa de escrever a favor do trinitarianismo, antes de qualquer coisa, o
Pr. Demóstenes reconhece que o povo de Deus, antes da vinda do Messias, não
poderia jamais crer num Deus triúno. Em outras palavras, os judeus não eram
trinitarianos, e o seu monoteísmo era absoluto – “YHWH nosso Deus, YHWH (é)
um”. Não poderia jamais ser um monoteísmo relativo onde três pessoas distintas formam
um único Deus, pois o próprio Pr. Demóstenes admite que eles não entenderam
este conceito nas Escrituras. Até hoje o conceito trinitariano é entendido
pelos judeus como uma aberração politeísta disfarçada de monoteísmo (faça um
teste – converse com um judeu ortodoxo).
O
irmão Ricardo Nicotra, comentando este estudo do Pr. Demóstenes, observa:
“Será que Moisés, que falou face a face com Deus,
não entendeu amplamente a doutrina do Espírito Santo? O que dizer de Samuel,
Davi, Daniel e outros gigantes do Antigo Testamento? Será que eles não
entenderam a ‘doutrina do Espírito Santo’? Ou entenderam, mas simplesmente não
escreveram. Será que estes patriarcas e profetas tinham luz a respeito e
simplesmente não repassaram esta luz nos escritos do AT?
Ao mesmo tempo em que o autor do artigo faz esta
triste sugestão, paradoxalmente ele afirma que a doutrina do Espírito Santo foi
revelada nas Escrituras. O que são as Escrituras? Quando Cristo disse
‘Examinais as Escrituras’ a que estava se referindo? Obviamente ao Antigo
Testamento. Portanto, se o Antigo Testamento está incluído nas Escrituras o
autor jamais poderia dizer que a doutrina do Espírito Santo revelada nas
Escrituras não foi entendida amplamente no Antigo Testamento.
Se foi revelada, era para ser entendida. Além disso, como os patriarcas e
profetas do AT puderam escrever sobre o Espírito de Deus, inspirados por esse
mesmo Espírito se não o entendiam?
O objetivo do autor deste artigo é claro: Ao
perceber que o Antigo Testamento não lhe dá subsídios e fundamento para provar
a teoria trinitariana, tenta minimizar a importância do Antigo Testamento
afirmando que a doutrina do Espírito Santo não foi entendida amplamente pelos
escritores do Antigo Testamento ou, no mínimo, não foi repassada por eles
através dos escritos sagrados. Devemos rejeitar tal proposta afirmando
sonoramente que tanto os patriarcas quanto os profetas responsáveis pelos
escritos do Antigo Testamento tinham luz suficiente sobre quem é Deus e
sobre o Seu Espírito Santo. O fato do dogma da Trindade não ser apresentado no
Antigo Testamento (como o autor do artigo gostaria) não serve como argumento
para supor que os escritores do Antigo Testamento não entendiam o suficiente
sobre Deus e sobre o Seu Espírito.
Os patriarcas e profetas tinham luz suficiente sobre
Deus e sobre Seu Espírito. Esta luz foi repassada a nós através dos escritos
sagrados do Antigo Testamento. E esta luz não inclui a revelação de um
Deus-Trino.
Quando confrontados com posições e escritos
provenientes de fontes consideradas por todos como inspiradas e que não apóiam
o dogma da trindade, a desculpa dos trinitarianos é sempre a mesma: ‘Na época
em que tais escritos inspirados foram produzidos os autores não tinham luz
suficiente sobre o Espírito Santo ou sobre a Trindade’. Ora, que desculpa sem
lógica! Se tais escritos vieram para nos trazer luz e revelação, como afirmar
que naquela época não tinham luz? Não é necessário ser um doutor em divindade
para perceber a falácia de tal argumentação. Se o autor deste artigo teve coragem
de dizer que no Antigo Testamento não tinham luz suficiente sobre o Espírito
Santo não lhe faltaria coragem para sugerir a falta de luz dos pioneiros com
respeito ao mesmo assunto. O objetivo do autor é claro: Ele desejará que o
leitor conclua que assim como os patriarcas e profetas do Antigo Testamento e
os pioneiros da IASD não tinham luz sobre a Trindade, hoje falta luz para
aqueles que, estando na mesma situação dos patriarcas, profetas e pioneiros,
não reconhecem a existência da Santíssima Trindade.”
Para fazer o download do estudo completo do Pr.
Demóstenes, bem como os comentários feitos pelo irmão Ricardo Nicotra, aponte o
link abaixo com o botão direito do mouse e escolha “salvar destino como”
(Arquivo *.doc do word):
http://www.adventistas.com/downloads/nicotra/refutacao_artigo_demostenes.doc
Recentemente
(02/03/05) o Doutor
Alberto Timm, professor de teologia no Seminário Adventista de Arthur Nogueira,
em uma palestra realizada na igreja adventista do Parque Marabá em São Paulo,
apresentou o seguinte raciocínio em defesa do dogma trinitariano: “A
trindade não aparece no Antigo Testamento devido à condição peculiar do povo de
Deus entre as nações pagãs e a existência, mesmo entre o povo de Israel, de um
forte sentimento politeísta”.
Segundo
o Dr. Timm, o povo de Deus, cercado por nações pagãs, não poderia ser exposto a
um conhecimento que pudesse trazer confusão em sua compreensão da Divindade,
pois caso o povo de Israel fosse exposto ao conhecimento trinitariano, ele
correria o risco de colocar o deus triúno em uma concepção politeísta.
Portanto, para impedir que o povo confundisse trindade com politeísmo, foi que
Deus não revelou claramente aos Patriarcas o trinitarianismo.
O
irmão Elpídio da Cruz Silva, comentando esta argumentação do Dr.Timm, observa:
“O Dr. Alberto Timm reconhece a carga politeísta no
dogma trinitariano e que essa carga politeísta foi o motivo que, segundo ele,
Deus não mostrou aos israelitas a Doutrina da Trindade.
Acredito que se Deus quisesse dar ao mundo a idéia
trinitariana, o momento mais oportuno foi quando os israelitas saíram do egito.
Nesse momento, cheios de influência pagã, o povo de Deus não teria nenhum
problema para aceitar a idéia de um deus em três pessoas.
Se era para o povo crer em três pessoas divinas,
possuidores individuais dos atributos da divindade, o momento certo era
aquele e, se Deus não aproveitou o momento, seu povo, os israelitas,
nunca mais puderam crer em um deus triúno.
Ao saírem do cativeiro babilônico, a idéia de um
Deus único, a crença monoteísta já estava tão sedimentada que o povo de
Israel até hoje não consegue acreditar em Deus como uma trindade. Caso o
argumento do Dr. Timm seja verdadeiro, podemos seguramente afirmar que Deus,
para com o povo de Israel, deixou passar o tempo oportuno.”
Para
ler todas as observações feitas pelo irmão Elpídio com respeito a esta palestra
feita pelo Dr. Timm, acesse os links abaixo:
Resumo da
Palestra Trinitariana do Prof.Alberto Timm – Parte 1
Resumo da
Palestra Trinitariana do Prof.Alberto Timm – Parte 2
Como
vocês mesmos puderam notar, os atuais líderes e doutores da IASD não vêem
nenhum constrangimento em afirmar que a concepção monoteísta do povo de Deus no
passado não é mais igual à atual. O conceito monoteísta absoluto dos judeus foi
alterado para o conceito de um “Deus único que se manifesta em três pessoas
distintas” (trindade). E quem mudou? Não foi Jesus, não foram os apóstolos, nem
os pioneiros da IASD! Também não foram os doutores em divindade da Andrews,
pois estes apenas absorveram, aceitaram e adaptaram aquilo que a igreja cristã
apostatada alterou e inventou. O argumento da “verdade progressiva” que os
líderes da IASD atual usam para explicar esta mudança foi entregue em primeira
mão para aquela que conhecemos hoje com Igreja Católica Apostólica Romana, e
que é identificada na interpretação profética adventista, como a prostituta de
Apocalipse 17.
Todo
adventista deveria fazer hoje uma sincera pergunta: A trindade é uma verdade
que surgiu progressivamente ou é um antigo e fundamental ingrediente do
embriagante vinho de Babilônia?
Como
bem disse o autor da lição: “Nos dias de Jesus...” Sim, o conceito
judaico monoteísta de Deus ficou no passado, lá no tempo de Jesus e dos
cristãos primitivos. Ficou também no passado da Igreja Adventista, cujos
pioneiros tentaram restaurá-lo através de suas pregações e escritos. Hoje,
infelizmente, não é mais “um”, e sim “três que são um”. E o pior é que a
maioria está dizendo “Amém” para esta mudança sem fazer qualquer tipo de
questionamento bíblico.
2) Um forte argumento contra a Trindade na lição de quarta-feira
(13/04):
Artigo
do irmão Elpídio da Cruz Silva enviado para o Adventistas.com:
Pecado Contra o Espírito Santo: Forte
Argumento contra a Trindade
Como participante do debate sobre a
“questão trinitariana” dentro da IASD, quero oferecer mais uma contribuição ao
lado dos anti-trinitarianos.
Todos sabemos que os trinitarianos têm
o Espírito Santo como uma terceira pessoa, além das outras duas que
reconhecidamente a Bíblia apresenta: o Pai e o Filho. Para entendermos o erro
trinitariano, vou abordar o assunto “trindade” sob a ótica do pecado contra o
Espírito Santo. Todos temos ciência de que o pecado contra o Espírito Santo é
um pecado imperdoável. Este é um ensino que saiu da boca do próprio
Cristo, o Filho de Deus. Segundo Cristo, “todo pecado e blasfêmia se perdoará
aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens.”
Mateus 12:31
Entendido e crido que o pecado contra
o Espírito Santo é imperdoável, todo cristão deve ter extrema preocupação em
saber no que consiste este pecado tão ofensivo. Nós, os anti-trinitarianos
somos os primeiros que devemos nos preocupar com a questão, pois, estamos
categoricamente negando a pessoalidade do Espírito Santo. Para nós, o Espírito
Santo não é a terceira pessoa da trindade, igual ao Pai e ao Filho.
Nós cremos e ensinamos que o Espírito
Santo é simplesmente o Espírito do nosso Deus, o Pai. Se estivermos errados, ao
negarmos o Espírito Santo como a terceira pessoa da trindade, certamente
pecamos contra o Espírito Santo e não podemos ser jamais perdoados.
Com essa preocupação em mente, temos
então a obrigação de colocar de lado todo o nosso preconceito e buscar a
verdade com perseverança, seja ela qual for.
A Bíblia ao falar sobre o pecado
imperdoável, ela o faz de uma maneira que tira todas as dúvidas. Nós podemos
até aceitar a possibilidade da existência de um tipo de pecado contra o
Espírito Santo que seja progressivo; que partindo de um pecado inicial, sendo
este continuado por muito tempo, chega finalmente ao ponto de provocar o
definitivo afastamento do Espírito de Deus. No entanto, esse tipo de pecado
progressivo, constante, que também é chamado pecado contra o Espírito Santo,
não está claramente apresentado na Palavra de Deus.
Por outro lado, a Bíblia apresenta um
tipo de pecado contra o Espírito Santo que acontece uma única vez e que traz
conseqüências imediatas: a perdição eterna. Esse pecado repentino, praticado
uma única vez, acontece quando alguém, por falta de temor de Deus no coração,
atribui ao demônio, obras que estão sendo realizadas pelo próprio Deus. Foi o
que aconteceu no incidente relatado por S. Mateus no capítulo 12.
Jesus havia expulsado os demônios pelo
poder de Deus que havia nele e quando os fariseus atribuíram o milagre ao poder
do demônio, cometeram o pecado contra o Espírito Santo. Os fariseus
erraram na identificação da origem dos milagres de Cristo e não tiveram a
prudência de esperar outras condições para firmar suas convicções.
Intempestivamente concluíram que o poder que estava em Cristo era o de Satanás.
O pecado contra o Espírito Santo fora instantaneamente cometido.
Todo o processo do incidente nos leva
a entendermos algumas questões práticas. Uma primeira questão que aponto, é a
clara apresentação de uma distinção entre as pessoas do Pai e do Filho. Pecado
cometido contra a pessoa do Filho pode ser perdoado; o mesmo não acontece com o
pecado cometido contra a pessoa do Pai.
Essa verdade bíblica, se opõe
frontalmente à uma das afirmações do dogma trinitariano: a plena igualdade das
três pessoas divinas. No caso relatado pelo apóstolo Mateus, pecar contra o
Pai, não é o mesmo que pecar contra o Filho. O resultado distinto do pecado
cometido contra o Pai e contra o Filho, claramente demonstra que existe um tipo
de diferença entre os dois, que joga por terra a idéia trinitariana de
igualdade plena entre as pessoas divinas. Dizer que a diferença visível está
determinada pela condição humana de Cristo, é um argumento muito pobre e que
leva à um complicador maior ainda: havia então dois Cristos: um humano que
podia ser ofendido, e outro divino que não.
À luz das Escrituras é possível
construir uma melhor resposta para a questão. A Bíblia ensina que é o Pai que
realiza o trabalho de conduzir alguém para os pés de Cristo. Disse Jesus:
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que
me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.” Mateus 6:44
“E dizia: por isso vos disse que
ninguém pode vir a mim, se por meu Pai lhe não for concedido.”. João 6:65
“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e
o que vem a mim de maneira nenhuma lançarei fora.” João 6:37
Já é possível começar a entender no
que efetivamente consiste o pecado contra o Espírito Santo. Este é a
impossibilidade provocada pelo próprio homem da atuação em seu coração do
Espírito de Deus. Sendo o Pai, que através do seu Santo Espírito, atua no
coração humano para levar a pessoa para Cristo; quando essa pessoa
deliberadamente não reconhece a autoridade do Pai, em qualquer situação, ela
impede que o Pai, através do seu Espírito Santo, possa fazer alguma coisa; como
por exemplo, conduzí-la até o Salvador.
A Bíblia não permite que nós
entendamos o assunto de outra maneira. O apóstolo Paulo foi muito claro quando
afirmou que o sentimento do arrependimento é dado por Deus:
“E, ouvindo estas coisas,
apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade, até aos gentios deu
Deus o arrependimento para a vida.” Atos 11:18
“Porque a tristeza segundo Deus opera
arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do
mundo opera a morte.” Coríntios 7:10
“instruindo com mansidão os que
resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a
verdade” II Timóteo 2:25
Sendo que tudo vem de Deus: o Filho, o
arrependimento, o perdão, a vida eterna, quando alguém não reconhece a
autoridade do Pai, o Espírito do Pai fica impedido de atuar em seu coração.
Enquanto o homem não atribui ao
demônio aquilo que está sendo realizado pelo poder de Deus, o Todo Poderoso
continua a trabalhar em seu coração e só pára quando ocorre a morte de sua
criatura. Isso explica a aceitação de Cristo por pessoas que viveram anos e anos
no pecado até que um dia resolveram ouvir a voz de Deus. Explica também a
contumaz rejeição da voz de Deus por outras pessoas que resistem ao chamado até
a morte.
Posso até imaginar a possibilidade de
um tipo de pecado contra o Espírito Santo que seja progressivo, demorado e
intermitente, no entanto, o clássico pecado contra o Espírito Santo que a
Bíblia ensina, é aquele cometido uma única vez e que acarreta imediatamente
conseqüências eternas.
“Está escrito nos profetas: e serão
ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a
mim.” João 6:45
“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e
o que vem a mim de maneira nenhuma lançarei fora.” João 6:37
Para nós, os anti-trinitarianos, o
Espírito Santo é o próprio Pai, mas não em pessoa e sim em Espírito.
Achei
interessante a argumentação do irmão Elpídio, mas penso que ele foi um pouco
longe demais em suas conclusões. Concordo plenamente quando ele afirma que só
podemos ir a Jesus, o nosso Salvador, se o Pai primeiramente o trouxer, pois a
Bíblia é muito clara neste sentido (João 6:44). Concordo também com sua
conclusão de que se rejeitarmos a influência do espírito de Deus (ou espírito
Santo) em nossa vida, não resta nenhuma esperança para nós, pois somente em
Jesus (para onde o Pai está nos atraindo) é que pode existir salvação (Atos
4:12).
Embora
seja também um anti-trinitariano convicto, não consegui ver nos textos que
mencionam o pecado contra o Espírito Santo um argumento tão forte assim contra
a trindade. É claro que o entendimento do pecado contra o espírito Santo (ou
espírito de Deus) se torna muito mais coerente se conciliado com o conceito
bíblico de um só Deus, o Pai, e de um só Senhor, Jesus Cristo (I Cor. 8:6).
Porém, um trinitariano poderia facilmente contra argumentar explicando que no
plano da salvação as três pessoas divinas, embora coeternas e iguais, possuem
funções diferentes, de forma que, o papel da terceira pessoa da trindade é nos
convencer do pecado, e portanto, se rejeitamos sua influência estamos perdidos,
pois jamais seremos conduzidos ao verdadeiro arrependimento.
Mas
o ponto na conclusão do irmão Elpídio que gostaria de destacar como indo longe
demais, é a parte onde ele diz: “... o clássico pecado contra o Espírito Santo que
a Bíblia ensina, é aquele cometido uma única vez e que acarreta imediatamente
conseqüências eternas”. Não posso concordar com esta conclusão, pois ela dá a entender que
um único pecado ou blasfêmia contra o Pai pode resultar em perdição eterna.
Será que o Pai é tão intransigente assim? Este pensamento não nos levaria a
errônea conclusão de que Jesus é longânimo e paciente, mas o Pai é duro e
intransigente? Jesus afirmou: “Quem me vê, vê o Pai” (João 14:9), então como
posso sustentar o conceito de que o Filho perdoa mais que o Pai. Se não existe
somente um pecado ou blasfêmia que ao ser dirigido contra Jesus venha nos
colocar em eterna perdição, assim também não existe um pecado específico e
único contra o Pai que jamais possa ser perdoado.
A
mensagem de toda a Bíblia é de que Deus (YHWH), o Eterno, é misericordioso e
compassivo, tardio em irar-se, e grande em bondade, perdoando o pecado e a
rebeldia (Êxo. 34:6 e 7), e tudo isto até mil gerações (Êxo. 20:6). É por estas
milhares de razões que só consigo entender o pecado contra o espírito de Deus
como nossa insistente e contínua rejeição à Sua obra de nos levar até Jesus, o
Salvador.
Entendo
o episódio bíblico onde Jesus menciona o pecado contra o espírito Santo, como
um solene alerta aos líderes judeus, pois caso continuassem insistindo em rejeitar
a convincente operação do espírito de Deus em lhes apontar com clareza que ali
estava o Seu Filho amado, o Messias prometido, eles todos, mais cedo ou mais
tarde, se tornariam insensíveis ao poder de Deus, cauterizando assim suas
consciências de forma definitiva e permanente. Este é o pecado imperdoável!
Caso
queira ler a resposta do irmão Elpídio acesse o link abaixo:
http://www.adventistas.com/abril2005/irmao_elpidio_texto34.htm#arquivox
Pelo
que pude entender, a divergência de ponto de vista entre eu e o irmão Elpídio
está num detalhe do que consiste o pecado contra o espírito de Deus. Tive a
impressão que ele defende a idéia de que este pecado pode ser cometido mediante
um ato pecaminoso específico contra o Pai. Enquanto, por outro lado, eu
acredito que este pecado só é cometido após contínua e insistente rejeição da
atuação do Pai no pecador. Porém, o mais importante é destacar que ambos
concordamos que o pecado contra o espírito Santo é o pecado (ou os vários
pecados) contra Deus, o Pai, e jamais contra uma suposta terceira pessoa da
Trindade.
“Examinai tudo. Retende o bem.” I Tessalonicenses 5:21
Continuaremos de olho...