De olho na Lição da Escola Sabatina

 

Antes de passarmos para a lição desta semana, gostaria apenas de enfatizar que a finalidade principal desta seção não é a de servir como um comentário tradicional da lição da Escola Sabatina. Para isto existem bons comentários disponíveis na internet:

http://www.advir.com.br/es/.

Não considero prudente utilizar as críticas e observações que faço aqui como temas para discussão nas classes aos sábados pela manhã. Como o tempo de que dispomos para recapitular a lição é muito pequeno (em média 30 min.), e os membros das classes são geralmente um grupo muito heterogêneo (membros antigos, membros recém-conversos, interessados, visitantes, etc.), seria muito mais proveitoso se procurássemos concentrar o foco em pontos que sejam verdadeiramente edificantes espiritualmente para todos. Lembre-se de que Jesus criticava os fariseus e suas tradições absurdas na cara deles, e não ficava por trás fazendo intrigas. Se humildemente clamarmos pela orientação do espírito de Deus, saberemos qual é o momento exato e o local mais propício de levantarmos a voz no espírito de Elias, como o fez João Batista, e denunciarmos todas as atrocidades que se cometem dentro do arraial do povo de Deus. Que o Senhor Deus nos dê muita sabedoria para discernirmos esta ocasião.

 

 

Lição 5  (2º Trimestre de 2005)

 

 

Segurança x Verdade:

 

 

O povo de Nazaré achava que sabia tudo a respeito de Jesus” (Lição de domingo – 24/04).

 

Na parte intitulada “Confronto em Nazaré”, o autor da lição procurou mostrar como as idéias pré-concebidas dos Nazarenos em relação a Jesus, bloquearam sua percepção da verdade: “...eles O viram crescer, conheciam Seus pais, irmãos e irmãs ... Achavam que O conheciam, mas não era assim.

 

Como estes nazarenos eram duros de coração e cegos de discernimento, não é mesmo? Em Lucas 4:16-30 é nos dito que Jesus fez um sermão especial para eles, apresentando-lhes evidências bíblicas que poderiam ser comprovadas pelos fatos, de que Ele era o Messias (o ungido de Deus) que eles estavam esperando. Mas eles não quiseram nem ao menos considerar a possibilidade e investigar antes de tomarem qualquer decisão precipitada. E por que? Simplesmente porque se achavam seguros de que sabiam tudo a respeito de Jesus e tudo a respeito do Messias prometido.

 

A fonte de sua segurança não se baseava em investigação sincera em busca da verdade custe o que custar, mas sim no fato de serem judeus, a nação escolhida de Deus, cujos conceitos messiânicos apresentados pelos seus líderes religiosos não poderiam jamais estar equivocados. Preferiram ficar com a segurança de pertencerem ao povo escolhido e de aterem-se a aquilo que seus líderes ensinavam, do que precisar ter que correr o risco de buscar a verdade a qualquer preço.

 

Nós, Adventistas do Sétimo dia, estendemos o dedo e dizemos: “Como estes nazarenos eram orgulhosos, acomodados e cegos!” Porém, não percebemos que esta mesma história está se repetindo em nossa experiência atual (“Tu és esse homem” II Sam. 12:7). Estamos seguros de que conhecemos tudo sobre a verdade pelo fato de sermos a “igreja verdadeira”, cujas 27 crenças fundamentais possuem o aval de nossos doutores em teologia. Não queremos permitir que nada atrapalhe nossa segurança institucional e teológica. Quando surge alguém questionando qualquer uma de nossas praxes ou crenças, logo queremos levá-lo para cima de um monte para de lá o atirarmos, pois não queremos que nada perturbe a nossa segurança. Não queremos investigar com sinceridade em busca da verdade e correr o risco de perder esta “preciosa” segurança. A semelhança dos judeus no passado, amamos mais a segurança do que a verdade.

 

Alguns afirmam que a IASD atual está dividida entre o grupo dos trinitarianos e o grupo dos não-trinirtarianos, outros já dizem que a divisão é entre os pré-lapsarianos e os pós-lapsarianos, mas na verdade todas estas divisões podem ser resumidas em uma só: aqueles que estão em busca de segurança, e aqueles que estão em busca da verdade.

 

Aqueles que estão em busca de segurança não querem perder tempo investigando e questionando, pois confiam nos seus líderes e doutores.

 

*  Eles devolvem o dízimo e não querem nem saber o que irão fazer com o dinheiro. Sua segurança pode ser entendida e resumida nesta frase: “Fiz a minha parte! Eles é que terão que prestar conta a Deus do que fizeram.” (A propósito: Vocês entenderam a pergunta nº 14 da lição?)

*  Eles pegam o livro “Nisto Cremos” e ficam satisfeitos pelo fato dos doutores terem sintetizado suas crenças fundamentais em 27 doutrinas. Sua segurança novamente é expressa nos seguintes pensamentos: “Estas crenças foram elaboradas por doutores que entendem muito mais de Bíblia do que eu, portanto quem sou eu para questioná-los?” ; “Eles estudaram muito, e por isso me sinto seguro em suas conclusões” ; “Não preciso me preocupar em buscar a verdade por mim mesmo, pois eles já percorreram este caminho.”

*  Ao se confrontarem com divergências teológicas dentro da igreja, vão correndo para o seu pastor esperando que ele lhe diga em que acreditarem.

*  Ao verem um irmão sendo disciplinado e excomungado, não querem perder tempo ouvindo suas razões, e nem analisá-las por si mesmos com sinceridade, profundidade e oração. Simplesmente dizem: “Este irmão problemático está abalando minha segurança; fogo nele!”

 

Por outro lado, aqueles que estão em busca da verdade, são vistos como encrenqueiros, baderneiros, frustrados, desequilibrados, amargurados, traumatizados, deficientes, desonestos, dissimuladores e diabólicos. E tudo por que?

 

*  Simplesmente porque um dia ousaram questionar.

*  Porque quiseram buscar por si mesmos a verdade, não importando o quanto tal busca poderia abalar suas convicções pré-estabelecidas.

*  Simplesmente por que resolveram seguir o exemplo dos cristãos bereanos verificando nas Escrituras por si mesmos para ver se as coisas realmente eram como estavam afirmando que são (Atos 17:11).

 

E você? Em que grupo está?

 

Enquanto pensa, avalie estes textos de Ellen White:

 

Nem sempre devem os homens em autoridade ser obedecido, ainda mesmo que professem ser mestre da doutrina bíblica. Muito há hoje em dia que ficam indignados e ofendidos de que alguma voz se levante apresentando idéias que divergem das suas com relação a pontos de crença religiosa... mas vemos que o Deus do céu às vezes comissiona homens para ensinarem o que é considerado contrário as doutrinas estabelecidas”. Testemunho para Ministros, pg.69-77

 

Quando não surgem novas questões em resultado de investigação das Escrituras, quando não aparecem divergências de opinião que instiguem os homens a examinar a Bíblia por si mesmos, para se certificarem de que possuem a verdade, haverá muitos agora, como antigamente, que se apegarão às tradições, cultuando nem se sabe o que.

Quando o povo de Deus está à vontade, satisfeito com a luz que já possui, podemos estar certos de que Ele os não favorecerá. É Sua vontade que eles marchem sempre avante, recebendo a avultada e sempre crescente luz que para eles brilha. A atitude atual da igreja não agrada a Deus. Tem-se introduzido uma confiança em si mesmos que os tem levado a não sentir nenhuma necessidade de mais e maior luz”. Testemunhos Seletos pg.312-313

 

E aí? Já se definiu?

 

 

“Examinai tudo. Retende o bem.” I Tessalonicenses 5:21

 

 

 

Continuaremos de olho...

 


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