A IASD NÃO PRECISA DE REFORMA;
A IASD PRECISA DE SACUDIDURA
A CONSTANTE PRESENÇA DO MONSTRO
Artigo de autoria do Irmão7
Quando eu estava no segundo ano do
curso de Teologia eu fiz um estudo, para firmar convicção quanto à minha fé.
Afinal eu nasci em um lar adventista e estava estudando no IAE. Realizaria um
sonho: o exercício da vocação.
Um dia eu me perguntei: por que sou
adventista? Será que se eu tivesse nascido num lar batista eu seria batista? E
se eu fosse um oriental? Como seria a minha prática religiosa?
O estudo, ao qual me referi, versou
sobre o tema a “Certeza do Movimento Adventista”. Foi sugerido pelo
Pastor David José de Bravo Torres, nosso professor no SALT. Fiz a pesquisa
baseada apenas nos ensinamentos adventistas, iniciando pela queda do Homem e
transcorrendo até o momento presente.
O curioso é que eu acabei fugindo do meu
objetivo principal, que era, conforme asseverei, firmar convicção quanto à
minha crença. Tive, porém, a oportunidade de vislumbrar uma outra realidade,
que me pareceu assustadora: qualquer movimento de fé ou frente evangelística,
sempre teve e tem ao seu lado a figura de do monstro!
Em outras palavras, eu diria: na
existência de qualquer movimento religioso, (inclusive IASD), o monstro se faz
presente. Toda vez que o remanescente se reorganizou, lá esteve o monstro. O
monstro sempre conviveu com a Igreja e convive hoje. Certamente conviverá por
mais um tempo, inclusive ficará mais agressivo. Judas foi a eminência parda
(monstro) entre os discípulos. O curioso é a coincidente vinculação do monstro
com o poder administrativo financeiro. No meu estudo confirmei que o mesmo
ocorreu com a nossa Igreja. Isto não é peculiar a ela (IASD), mas a qualquer
movimento religioso que tenha existido ou que venha a existir.
Interessante é observar que o monstro
não nasce assim, ele se constrói de forma sistemática e horripilante!
Basta um estudo superficial e notaremos
que, no começo de um Movimento, o setor administrativo nasce com o objetivo
único de viabilizar a prática do evangelismo. As primeiras pessoas, que assumem
essas funções, em geral estão repletas de objetivos nobres. Tais intenções
coadunam com a proposta do Movimento Evangélico. Isto no começo. Mas o tempo,
senhor da razão, mostra que o monstro se modifica. Vai crescendo e desvirtuando
as realizações meramente administrativas.
As pessoas que, posteriormente, assumem
os cargos diretivos já se encontram mais distantes do primeiro ideal. Não se
parecem mais com os fundadores do Movimento e assim vai...
Não é difícil entender o estado no qual
a IASD está hoje. Basta pensar que o administrador deveria ser (apenas) um
honrado serviçal, tendo como objetivo precípuo propiciar os meios e a estrutura
para a implementação do Evangelho. Ocorre isto hoje? Certamente que não!
Uma simples linha de raciocínio lógico
demonstra: os administradores, contadores, advogados e outros operadores
administrativos da IASD conhecem profundamente as doutrinas da Igreja? Costumam
pregar, conduzir o estudo da lição da Escola Sabatina? São apreciadores da boa
música? São assíduos freqüentadores dos programas da Igreja? São participativos
em eventos evangelísticos? Em geral eles são frios, com aparência de burocratas
e permanente aparência de tristeza ou infelicidade. Naturalmente tal
comportamento não pode ser generalizado, pois existe uma minoria que merece uma
grata consideração.
É sabido que um administrador que não
tenha uma visão pastoral acaba esquecendo o objetivo principal de sua tarefa,
que é servir à Causa. Não tendo esta visão, o que lhe sobra? A postura
exclusivamente temporal (financeira).
Não há como ser diferente! São pessoas
que se comportam como os carpinteiros de Noé. São eficazes na engenharia da
construção da arca, eficientes no trabalho. Mas operam o labor como um fim em
si mesmo.
Na realidade são carentes de atenção especial dos
membros da IASD e dos demais obreiros que não lidam com a burocracia e afazeres
administrativos.
Mas é muito difícil ajudar! Eles não aceitam,
pensam que estão corretos, que não dependem de auxílio. Alguns até sabem que
precisam de apoio espiritual. Mas não querem. Gostam da vida que levam. O que
fazer?
Estudando o comportamento dos
administradores, ao longo da História Cristã, notei peculiaridades.
O que pude, inicialmente perceber:
existem três grupos distintos nas administrações eclesiásticas,
incluindo a IASD e demais organizações confessionais:
1)
Pessoas idôneas, interessadas e
com visão evangelística,
2)
Outras que apesar de idôneas e
interessadas, não têm a necessária visão pastoral,
3)
A escória, por vezes com grande
capacidade profissional, mas despida de qualquer interesse cristão. São pessoas
que até acreditam na Lei de Deus, mas agem ao arrepio dela. Relaxadas e que
malversam os recursos sagrados quer seja por displicência administrativa, ou
por maldade no coração. Praticam sacrilégio ao desviar recursos para
finalidades não definidas pela Igreja ou afanam os seus bens, em proveito
próprio. Este é um grupo ínfimo, mas muito poderoso!
Por fim eu diria que existem dois Blocos Gerais
na IASD, conforme ocorre em outras denominações cristãs. Um que anseia ao
Céu e quer levar toda a humanidade para o Paraíso, através dos méritos de
Cristo. O outro, que pensa no momento. Um pé na Igreja e outro no Mundo.
Querem saber como está a Igreja hoje? Basta
verificar qual dos dois Blocos tem mais poder. Qual decide os destinos
terrestres da Organização no momento? Qual privilegia o retorno financeiro em
detrimento do espiritual? A força do monstro é tão grande que acaba
influenciando na Doutrina, na Liturgia e mesmo na Música. Qual é o objetivo
do “monstro”? Apregoar as mensagens angélicas? Ou engrandecer o patrimônio
terrestre da Igreja?
Quanto ao monstro: os membros se curvam ante a sua
força. Faz o pastorado padecer pelo sofrimento, pois o torna frágil diante de
tamanha pujança e arrogância. Alguns pastores são subjugados e passam a fazer o
jogo do poder. Teólogos são conclamados para a defesa de teses absurdas! Afinal
doutrinas espúrias precisam ser sustentadas. Estas doutrinas não deveriam fazer
parte do credo, mas se estão ali incluídas, mesmo que de forma indevida,
paciência (...). Devem ser sustentadas!
O que ocorreria com a base administrativa de uma
organização religiosa, caso ela precisasse admitir que houve erro na construção
de um corpo doutrinário? O exercício da humildade não pode ser praticado pelo
monstro! O que ele ganharia, ao admitir um erro? Nada! Apenas veria o seu poder
ameaçado.
É fundamental que entendamos o porque de certos
rumos que a Igreja vem tomando. Uma parte do corpo cresceu demais e abafou o
lado bom. Parece simples, mas não é!
Não há que condenar a Igreja como um todo. É um dos
Blocos que está forçando o caminho. Ele tem a força, hoje. O lado que no
momento é mais forte cria as alternativas. De forma política, se for possível,
Servir-se-á da força, caso esta seja necessária.
Quando o outro Bloco esteve mais forte, o que
aconteceu? Muitas almas foram conduzidas aos pés da Cruz. Houve um grande
Clamor. É típico na história do remanescente!
Não há espaço para dúvidas: o monstro crescerá
muito mais e o seu enfraquecimento só se dará na Sacudidura.
Foi assim que, no
segundo ano do Curso de Teologia, pude vislumbrar como surge e o cresce o
monstro.
Estas palavras são um ensaio geral. Pretendemos
analisar, a partir desta introdução, como foi que, ao longo da história da
humanidade, o monstro subjugou a difusão do Evangelho pelo remanescente. Trata-se
de um problema interno, qual implosão.
Existem dois Blocos em luta. Vendo
por este prisma seremos mais compreensivos e entenderemos a situação passada e
presente da Igreja. Aprenderemos que a verdade não muda. Ocorre que Bloco
predominante desvia a Igreja de sua rota, para o bem ou para o mal. Hoje, sem
dúvida, para o mal, pois o agente dominador é aquele que não tem o senso de
Missão.
Notaremos, porém, que não há espaço
para a divisão na IASD, não existe motivo especial para surgimento de novos
grupos e missões.
Os que são sinceros e que buscam a
verdade pura, precisam entender a importância de sua permanência no seio da
Igreja atual. A IASD, como ocorre em outras organizações, consiste em dois
Blocos. Sair pode representar uma fuga!
Deixar a IASD, apesar dos
constrangimentos que possam advir, significa enfraquecer o lado que luta o
tempo todo em prol da verdade! É como se estivesse dando força ao monstro!
É fundamental definir de que lado se está. E
permanecer até o final. Sabíamos que não seria fácil. O grande problema a ser
enfrentado pela IASD é o que está dentro dela: a influência crescente do “monstro”!
O povo de Deus sempre será quente e o monstro frio
como o gelo. Qual o resultado? Às vezes quente, às vezes frio. Quando os Blocos
se equivalem, uma Igreja morna. Conforme o momento é assim: quem tem fé, não
tem força e quem tem força não tem fé.
Precisamos perseverar, suportando, se possível, com
alegria.
Lembro-me de uma frase lapidar do professor Horne, num
culto no SALT: “... só reclama do mau cheiro da arca, quem não conhece a
tempestade, lá fora”.
Acreditamos em Deus e nas suas promessas? Então
precisamos ficar na Igreja atual. Não há que se falar em divisão ou novos
grupos. Tudo o que ocorre (na IASD) hoje é previsível e deve ser pacientemente
suportado.
Existe um desafio interno a ser superado com oração
e amor para com todos. Em especial por
aqueles que insistem em fazer parte do monstro.
Como eu resumiria este estudo? Uma luta interna. O
permanente confronto terrestre entre a Igreja Máquina e a Igreja Povo
de Deus.
Na continuação do tema, veremos alguns pontos
curiosos, entre eles: o monstro influi no pastorado, nas publicações, na música
e conseqüentemente na Doutrina.
Em breve...