Parte 6 – Mudanças no Adventismo
Reproduzimos aqui o
artigo de George R. Knight publicado na revista “Ministry” em outubro de 1993
(só primeira página):
E depois traduzido na
revista “Ministério” de janeiro/fevereiro de 1994 (artigo completo).
Clique nas respectivas
páginas para ler:
Comentários e
Questionamentos:
1- George
Knight começa este artigo com a constrangedora declaração de que muitos dos
fundadores do adventismo (os pioneiros) não se uniriam a Igreja Adventista atual
caso tivesse concordar com algumas das atuais crenças fundamentais da
denominação. Este pensamento está parcialmente correto. Inicialmente, ao eles
terem contato com as novas Crenças Fundamentais dos Adventistas, em particular
a “Trindade”, eles iriam se opor. Mas como eram homens de uma profunda
integridade, com um forte compromisso com a verdade, e amor a Deus acima de
todas as coisas, eles iriam estudar profundamente todas as novas evidências
bíblicas que o desenvolvimento da teologia adventista trouxe, antes de tomarem
qualquer decisão. O que será que os Adventistas trinitarianos de hoje teriam de
novo para mostrar-lhes que definitivamente os convencesse de que eles estavam
errados? Será que eles dariam o livro “A Trindade” para eles lerem? Qual é esta
nova argumentação bíblica que poderia convencê-los a se tornarem membros da
Igreja Adventista atual? Talvez se os líderes da Igreja Adventista atual
revelassem qual é o estudo bíblico que convenceria aqueles homens, que pensavam
por si mesmos, que conheciam muito bem a palavra de Deus, e que eram
profundamente espirituais, a se tornarem trinitarianos, talvez então consigam
convencer todos aqueles que resistem a esta crença. Eles, ou melhor, nós
estamos esperando!
2- Na página
16, encontramos George Knight argumentando que “foram os escritos de Ellen White que
guiaram o caminho das mudanças teológicas”. Esta afirmação deveria
nos causar uma certa estranheza, pois coloca os escritos de Ellen White como o
fator determinante das mudanças teológicas na Igreja Adventista do Sétimo Dia,
e não a Bíblia. Tal processo é justamente o inverso de como os escritos de
Ellen White foram considerados no início do movimento adventista pelos
pioneiros, bem como por ela mesma. Verdades como o sábado e a mortalidade da
alma, foram primeiramente descobertas na Bíblia como fruto de perseverante
investigação das Escrituras, sempre acompanhadas com sinceras orações. As
visões de Ellen White vinham na seqüência confirmando o caminho apontado pelo estudo
da Bíblia. George Knight vai mais além e afirma que após 1844 a Igreja
Adventista teve suas doutrinas formuladas a partir das interpretações que
Thiago White e José Bates fizeram da Bíblia, mas que durante os anos de 1890
houve uma reformulação teológica liderada por Ellen White a partir de seus
escritos. Será que foi realmente isto que aconteceu? As conclusões teológicas
dos últimos 50 anos provenientes do estudo da Bíblia feito por vários homens
seriam agora revistas e alteradas com base nos escritos de uma única pessoa?
Não estamos colocando em dúvida os escritos daquela que cremos ter sido a
Mensageira do Senhor, mas estamos questionando este estranho método de
reformulação teológica sugerido por George Knight, contrário a ação que Deus
havia estabelecido até o momento.
Mas é com base neste argumento
que o Dr.Knight coloca Ellen White à frente das mudanças teológicas na Igreja
Adventista, apresentando suas supostas declarações trinitarianas como a base
destas mudanças.
Dentre estas declarações que ele
afirma terem mudado os rumos da doutrina adventista, a “mais célebre”, na sua
opinião, é esta sobre a natureza divina de Cristo, publicada em 1898:
“Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada” O
Desejado de Todas as Nações, pág.395 (1898); Evangelismo, pág.616 (1946)
Dois meses após a
publicação deste artigo de George Knight, a Revista Adventista Americana
(Adventist Review) publicou em 05 de janeiro de 1994 o artigo abaixo:
Tradução:
História Adventista: Andando na luz
Alguns adventistas hoje pensam que as doutrinas permaneceram sem mudança ao
longo dos anos, ou eles desejam fazer o relógio andar para trás, em algum ponto
em que as coisas estavam para nós todas certinhas. Mas toda a tentativa de
recuperar um tal "adventismo histórico" falham em vista dos fatos da
nossa história.
As doutrinas Adventistas mudam com o passar dos anos no impacto da
"verdade presente". Os mais fascinantes são os ensinamentos relativos
a Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor. Muitos dos pioneiros, inclusive James
White, J.N. Andrews, Urias Smith e Waggoner tinham um entendimento Ariano ou
semi-Ariano. - isto é, que o Filho a certo ponto do tempo antes de criação do
nosso mundo foi gerado pelo Pai. Aos poucos essas falsas doutrinas foram
dando lugar às verdades bíblicas e em grande parte ao impacto das declarações
de Ellen White, tal como: “Em Cristo existe vida, original, não
emprestada, não derivada.” (Desejado de Todas as Nações, pg. 530)
Da mesma forma o entendimento Trinitariano de Deus, agora parte das nossas
crenças fundamentais, não era aceita pelos primeiros Adventistas.
Adventist Review, January 5 .... (1994)
A citação de Ellen White que aparece
de forma destacada no artigo de George Knight como a “mais célebre”, e na Adventist Review como uma declaração de
impacto, já foi alvo de estudo pelo Dr.Fred Veltman (Chairman of the Religion
Departament of Pacific Union College) que presidiu a comissão que investigou as
cópias (acusações de plágio) no livro “O
Desejado de Todas as Nações”, e que acabou revelando que esta citação de
Ellen White já havia sido dita 42 anos antes pelo pastor inglês Rev.John
Cummings em seu livro “Sabbath Evening
Readings on The New Testament” de 1856.
Compare a citação do livro de um
pastor inglês de 1856 com a citação de Ellen White no livro “The Desire of Ages” de 1898:
"Sabbath Evening Readings on
the New Testament" - 1856 |
The Desire os Ages - 1898 |
Exceto
por uma palavra, e o tempo do verbo, é igual ao que foi escrito 42 anos antes.
3- No
restante de todo artigo ele argumenta que uma das características do Adventismo
é a sua abertura para as mudanças doutrinárias passíveis de desenvolvimento à
medida que avança o constante estudo e compreensão da Bíblia. Motivo pelo qual
os Adventistas sempre deixam bem claro em suas declarações de Crenças
Fundamentais, que não possuem um credo, mas que a Bíblia é o seu único credo.
4- Na
página 21, George Knight afirma que Ellen White, embora concordasse com esta
postura flexível em relação ao desenvolvimento da pesquisa da verdade, se
mantinha “inflexível” quando a permitir que estas novas verdades mudassem os
“pilares doutrinários” do Adventismo. Conseqüentemente podemos deduzir que a
Igreja Adventista atual não considera a crença em um único Deus e em Jesus como
o Filho literal de Deus, como um dos pilares doutrinários distintivos do
Adventismo. Este entendimento é tido como um erro doutrinário de nossos
pioneiros, que foi corrigido gradativamente. De forma que a concepção de um
Deus triúno passou a ser um pilar doutrinário irremovível da atual Igreja
Adventista. Tente mexer neste “pilar” e sentirá toda a inflexibilidade do atual
adventismo denominacional!
5- Ainda
na página 21, é mencionado os cinco passos para a apostasia segundo o pioneiro
adventista Loughborough: 1º) Estabeleça um credo; 2º) Faça deste credo um teste
de discipulado; 3º) Prove os membros por este credo; 4º)Denuncie como heréticos
aqueles que não crêem no credo; 5º) Persiga os hereges. A história da Igreja
Católica Apostólica Romana prova que esta lógica está correta. Por que será que
os líderes atuais da Igreja Adventista desprezam esta lógica? No Brasil a
afirmação de que os Adventistas não possuem um credo é só retórica, pois na
prática todo aquele que não crê na Trindade é imediatamente removido do rol de
membros da igreja (nos Estados Unidos existe tolerância para membros e pastores
divergentes).
6- Se a
Igreja Adventista reunida em Assembléia na Conferência Geral é dirigida pelo
Espírito Santo, e não por alguns poucos homens que a manipulam de acordo com o
seu entendimento e interesses pessoais; então por que os líderes mundiais da
Igreja Adventista não admitem a possibilidade de rediscutir o assunto
“Trindade” de forma ampla e aberta, tendo em vista os recentes questionamentos,
inclusive quanto à legitimidade de sua aprovação na Assembléia de Dallas na
forma de um conjunto de 27 doutrinas e não, como deveria ser, de forma isolada
e destacada?
7-
Poderíamos chamar de desenvolvimento teológico, de nova luz, ou de verdade
presente algo que foi descoberto (para não dizer inventado) pela igreja
Católica por volta do ano 300 a.D., e que depois foi rejeitado como uma heresia
pelos principais pioneiros do Adventismo? Deus primeiro revelou esta “verdade”
para a “prostituta” que embriaga a terra com o seu vinho de heresias blasfemas,
para depois revelar para o seu povo remanescente, aqueles que guardam o
mandamento de Deus e tem a fé em Jesus?
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