Para que você
compreenda melhor o contexto da carta que lerá logo a seguir leia isto:
Na década de 1950, a liderança americana da IASD entrou em acordo
com líderes porta-vozes evangélicos americanos (Martin & Barnhouse), para
que a IASD não mais fosse considerada uma seita, mas sim uma igreja como as
demais igrejas evangélicas. Tanto assim que já em 1959, a IASD passou a fazer
parte como membro cooperador do Concílio Nacional de Igrejas dos Estados
Unidos, uma organização ecumênica.
Para
tanto, a IASD deveria abdicar de certas doutrinas fundamentais dos pioneiros
adventistas, as quais são apoiadas pelo Espírito de Profecia de Ellen G. White.
Dentre essas doutrinas fundamentais está a da Encarnação, a qual os evangélicos
e católicos crêem que JESUS encarnou com a natureza de Adão antes de sua queda,
ou seja, Sua natureza seria isenta ou imune às paixões e às leis da
hereditariedade a que estão sujeitos os filhos de Adão, depois de sua queda.
Assim, a partir de 1957,
os teólogos adventistas passaram a ensinar que JESUS veio com a natureza sem
pecado de Adão, antes de sua queda, ao contrário do que ensinavam os pioneiros
e a Sra. White. JESUS seria apenas nosso substituto e não nosso exemplo a ser
seguido. Com essa mudança teológica o mundanismo entrou na IASD, junto com o
ecumenismo.
Na ocasião, uma das raras vozes oficiais que se levantaram
contra esse compromisso apóstata foi a do Pr. Andreasen (1876-1962), conhecido
entre nós brasileiros como o autor do livro O Ritual do Santuário. Depois de
tentar em vão fazer-se ouvir pela liderança apóstata da Igreja, ele escreveu
seis longas cartas às igrejas adventistas de todo mundo, denunciando toda essa
conspiração ecumênico-doutrinária. Devido ao protesto do Pr. Andreasen, a
Associação Geral, em 06.04.61, tirou suas credenciais e sua pensão por
aposentadoria.
Só depois que uns irmãos do sul da Califórnia, revoltados com a
injustiça feita ao Pr. Andreasen, ameaçaram não encaminhar mais o dízimo à
Organização, é que a Associação Geral voltou a pagar sua aposentadoria, mas
isto já perto de sua morte, que ocorreu em 19.02.62. Em 01.03.62, após sua
morte, a Associação Geral restaurou as credenciais do Pr. Andreasen.
Portanto, a carta que você lerá
logo a seguir é uma (2ª carta) destas seis cartas que foram escrita pelo Pr.
M.L. Andreasen, e muito embora não esteje relacionada com o tema da trindade,
serve como um bom exemplo de como as teorias conspiratórias que falam de
manipulações nos escritos de Ellen White vão muito além de meras suposições ou
acusações sem fundamento.
Logo no começo do
verão de 1957 foi-me colocado nas mãos, providencialmente creio, uma cópia das
Minutas da Mesa Diretora dos Depositários White para o mês de maio daquele ano.
Para os que não estão familiarizados com essa mesa diretora, devo declarar que
é uma pequena comissão apontada para ter em guarda o grande volume de cartas,
manuscritos e livros deixados pela falecida Sra. Ellen G. White. Em conselho
com os oficiais da denominação adventista a mesa decide quem deve ter acesso ao
material, e em que extensão e para que propósito; o que deve ser publicado e o
que não deve; e que material não deve estar disponível em absoluto.
Muito do trabalho da
comissão consiste em examinar e editar esses escritos e recomendar para
publicação tal matéria que pareça ser de valor permanente. Esse trabalho é de
grande importância para a igreja, pois somente o que é liberado pela comissão
vê a luz do dia. Durante toda sua vida a própria Sra. White fez muito da obra
de selecionar e editar, e em todos os casos ela tinha a supervisão do que era
feito. Todos sabiam que qualquer coisa que fosse publicada estava sob sua supervisão
e que tinha sua aprovação. A comissão agora assumiu essa obra.
De acordo com as
Minutas White, foi em 1º de maio de 1957 que dois homens [Roy Allan Anderson e
Walter Read], membros da comissão que fora apontada para escrever o livro
Questions on Doctrine, foram convidados pela mesa para reunir-se, a fim de
discutir a questão que tinha recebido alguma consideração na reunião de janeiro
de 1957. Referia-se a afirmações feitas pela Sra. White com relação à expiação
ora em progresso no santuário celestial. Essa concepção não estava de acordo
com as conclusões atingidas pelos líderes da denominação em conselho com os
evangélicos. Para entender isto completamente, e sua importância, é necessário
rever alguma história.
Os líderes
adventistas estiveram por algum tempo em contato com dois ministros de outra
fé, evangélicos, o Dr. Barnhouse e o Sr. Martin, respectivamente editor e
editor assistente do jornal religioso Eternity, publicado na Filadélfia,
e discutiram com eles várias de nossas doutrinas. Nessas conversações, como em
numerosas cartas trocadas entre eles, os evangélicos levantaram sérias objeções
a algumas de nossas crenças. A questão de grande importância foi se os
adventistas poderiam ser considerados cristãos enquanto mantêm tais pontos de
vista, como a doutrina do santuário; os 2300 dias; a data 1844; o juízo
investigativo; e a obra expiatória de CRISTO no santuário no céu desde 1844.
Nossos homens expressaram o desejo de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia fosse
contada como uma das igrejas protestantes regulares, uma igreja cristã, não uma
seita.
Os dois grupos
gastaram "centenas de horas" estudando, e escreveram muitas centenas
de páginas. Os evangélicos visitaram nossa sede em Takoma Park, e nossos homens
visitaram Filadélfia e foram hóspedes do Dr. Barnhouse em sua confortável casa.
De tempos em tempos outros homens foram chamados para consulta em tais assuntos
como a Voz da Profecia e nossos periódicos, todos com o ponto de vista de
acertar o que impedia que fôssemos reconhecidos como uma denominação cristã.
Após longas e
demoradas discussões, os dois partidos chegaram finalmente a um acordo de
trabalho, e embora os evangélicos ainda objetassem a um número de nossas
doutrinas, eles ficaram desejosos de nos reconhecer como cristãos. Deveríamos
fazer algumas mudanças em alguns de nossos livros com relação à "marca da
besta" e, também, "com relação à natureza de CRISTO enquanto na
carne." Eternity, setembro de 1956. Isto foi levado à "atenção
dos oficiais da Conferência Geral, que a situação deveria ser remediada e que
tais publicações deveriam ser corrigidas. As correções foram feitas, e
"essa ação dos ASDs foi indicativa de passos similares que foram tomados
subseqüentemente." Ibid. Não estamos informados de quais outros
livros foram "remediados e corrigidos".
Os evangélicos
publicaram um relatório de suas conferências com os adventistas em Eternity, da
qual as citações acima são tomadas. O Dr. Barnhouse declara que eles tomaram a
precaução de submeter seus manuscritos aos adventistas, para que nenhuma
declaração errada ou erro pudesse ocorrer. Os adventistas publicaram um
relatório. Mesmo na sessão da Conferência Geral do último ano (1958), o assunto
não foi discutido. Somente poucos sabiam que houvera algumas conferências com
os evangélicos. Havia rumores que os líderes adventistas tinham estado em
conferência com os evangélicos, mas aquilo foi considerado por alguns como
boato apenas. Os poucos que sabiam, mantiveram-se calados. Parecia haver uma
conspiração de sigilo.
Até hoje (1959) não
sabemos, e não supomos saber, quem realizou as conferências com os evangélicos.
Não sabemos, e não supomos conhecer, quem escreveu Questions on Doctrine.
[Posteriormente, soube-se que fora escrito pelos pastores Leroy Froom e Roy
Allan Anderson.] Investigação diligente não deu resultado. Não sabemos, nem
supomos saber, exatamente que mudanças foram feitas, e em que livros,
concernentes à marca da besta e à natureza de CRISTO enquanto em carne. Não
sabemos quem autorizou a omissão do capítulo 13 do Apocalipse em nossas lições
da Escola Sabatina para o segundo trimestre de 1958, que trata da marca da
besta. [Não é à toa que já em 1959 a Conferência Geral da IASD entrou como
sócia da organização ecumênica Conselho Nacional de Igrejas dos Estados
Unidos.]
O Dr. Barnhouse
relata que para "evitar acusações contra os ASDs pelos evangélicos",
os adventistas "fizeram arranjos" no que concerne à Voz da
Profecia e à revista Signs of the Times. O que foi feito não sabemos
e não nos foi dito. Não teremos um relatório detalhado? Nós, de certo,
imaginamos como aconteceu que ministros de outra organização tivessem qualquer
voz ou qualquer opinião em como conduzirmos nossa obra. Têm nossos líderes
abdicado? Como é que eles consultam os evangélicos e mantêm nosso povo nas
trevas?
Para um relatório
deste estamos confinados quase inteiramente ao que foi publicado na revista Eternity.
O assunto que tomou
muito tempo nas conferências foi o do santuário. O Dr. Barnhouse foi franco em
sua estimativa dessa doutrina. Em particular ele objetou de nosso ensino sobre
o juízo investigativo que ele caracterizou como "o fenômeno mais colossal,
psicológico, para salvar as aparências na história religiosa." Mais tarde
ele o chamou "a não importante e quase ingênua doutrina do 'juízo
investigativo'", e disse que qualquer esforço para estabelecê-la é
estragado, vazio e inaproveitável." Eternity, setembro de 1956.
O Dr. Barnhouse, ao
discutir a explicação de Hiran Edson sobre o desapontamento de 1844, diz que a
suposição de que CRISTO "tinha uma obra a realizar no lugar santíssimo
antes da vinda a esta terra... é uma idéia humana, para salvar as aparências,
que alguns adventistas desinformados... levam a extremos literários fantásticos.
O Sr. Martin e eu ouvimos os líderes adventistas dizerem, positivamente, que
eles repudiavam tais extremos. Isto eles disserem em nenhum termo incerto. Além
disse, eles não crêem, como alguns de seus pioneiros ensinavam que a obra
expiatória de JESUS não foi completada no Calvário, mas que em vez disso que
JESUS ainda estava realizando uma segunda obra ministerial desde 1844. Essa
idéia os líderes adventistas também repudiaram totalmente." Ibidem.
Notem estas
declarações: A idéia de que CRISTO "tinha uma obra a realizar no lugar
santíssimo antes da vinda a esta terra... é uma idéia humana, para salvar as
aparências," "o Sr. Martin e eu ouvimos os líderes adventistas
dizerem positivamente que eles repudiavam tais extremos. Isto eles disseram em
nenhum termo incerto."
Penso que nossos
líderes devem dar uma declaração precisa à denominação adventista quanto a se o
Dr. Barnhouse e o Sr. Martin disseram a verdade quando ouviram nossos líderes
dizerem que repudiavam a idéia de que CRISTO tinha uma obra a fazer no lugar
santíssimo antes de vir a esta terra. A questão demanda uma resposta precisa.
Antes de relatar
mais do que foi feito nas conferências, voltemos aos dois homens que naquele
primeiro dia de maio de 1957, encontraram-se com a Mesa dos Depositários White
para buscar seu conselho e, também, fazer uma sugestão. Os homens estavam bem
familiarizados com as declarações feitas pelo Dr. Barnhouse e o Sr. Martin, de
que a idéia do ministério de CRISTO no lugar santíssimo do santuário tinha sido
totalmente repudiada pelos nossos líderes. Isto tinha estado publicado há
vários meses na ocasião, e não tinha sido protestado. Os homens, contudo, não
precisavam da declaração publicada, pois ambos tinham tomado parte na discussão
com os evangélicos. Um deles em particular tinha tido parte proeminente nas
conferências [Roy Allan Anderson], tinha visitado o Sr. Barnhouse em seu lar,
tinha falado na igreja do Dr. Barnhouse a seu convite. Ele era um dos quatro homens
[T.E. Unruh, Roy Allan Anderson, Leroy Froom e Walter Read] que realmente
levaram a carga, e um dos escolhidos para acompanhar o Sr. Martin em sua viagem
à costa Oeste para falar em nossas igrejas. Ele era tido em alta estima pelo
Dr. Barnhouse. Esse sentimento era mútuo.
Na ocasião em que os
dois homens visitaram os Depositários, uma série de artigos apareceu na
Ministry [da qual Roy Allan Anderson era editor-chefe], que reivindicava ser
"o entendimento adventista da expiação, confirmado e iluminado e
clarificado pelo Espírito de Profecia." Na edição da Ministry, de
fevereiro de 1957, a declaração ocorre que o "ato sacrifical sobre a cruz
é uma expiação completa, perfeita e final em favor do pecado do homem."
Esse pronunciamento está em harmonia com a crença de nossos líderes, como o Dr.
Barnhouse citou-os. Está também em harmonia com a declaração assinada por um
oficial encarregado [R.R. Figuhr, presidente da Associação Geral na época],
numa carta pessoal: "Não podes, Irmão Andreasen, tirar de nós este
precioso ensino que JESUS fez um sacrifício expiatório completo e
todo-suficiente sobre a cruz... Isto nós sempre manteremos firme, e
continuaremos a proclamá-lo, mesmo como nossos queridos antepassados venerados
na fé."
Seria interessante
que o escritor desse prova de sua asserção. A verdade é, nossos antepassados
não criam nem proclamaram tal coisa. Eles não criam que a obra sobre a cruz
fosse completa e toda-suficiente. Eles criam que o resgate foi pago ali e que
era todo-suficiente; mas a expiação final aguardava a entrada de CRISTO no
santíssimo em 1844. Isto os adventistas tinham sempre ensinado e crido, e esta
é a antiga e estabelecida doutrina que nossos venerados antepassados criam e
proclamavam.
Eles não podiam
ensinar que a expiação na cruz era final, completa, e toda-suficiente, e ainda
crer que outra expiação também final, ocorreria em 1844. Tal seria absurdo e
sem significado. Pagar a pena pelo nosso pecado era, certamente, uma parte
vital e necessária do plano de DEUS para nossa salvação, mas em absoluto não
era tudo. Era, como foi, colocar no banco do céu uma soma suficiente e de todo
modo adequada para qualquer contingência, e da qual poderia ser sacada em favor
e pelo indivíduo conforme necessitasse. Esse pagamento era "o precioso
sangue de CRISTO, como um cordeiro, sem mancha e sem defeito." I Pedro
1:19. Em Sua morte na cruz JESUS "pagou tudo"; mas o precioso tesouro
torna-se eficaz para nós somente conforme CRISTO saca dele em nosso favor, e
isto deve esperar a vinda ao mundo de cada indivíduo; daí, a expiação deve
continuar enquanto as pessoas forem nascidas. Ouçam isto:
"Há um fundo
inexaurível de perfeita obediência advindo de Sua obediência. Como é isto, que
tal infinito tesouro não é apropriado? No céu os méritos de CRISTO, sua
abnegação e sacrifício próprio, estão entesourados como incenso, a ser
oferecido com as orações de Seu povo." General Conference Bulletin,
vol. 3, pág. 101, 102, quarto trimestre, 1899.
Notem as frases:
"fundo inesgotável", "tesouro infinito", "méritos de
CRISTO". Esse fundo foi depositado na cruz, mas não "exaurido"
lá. Ele está "entesourado" e é oferecido com as orações do povo de
DEUS. Especialmente desde 1844, esse fundo é sacado pesadamente conforme o povo
de DEUS avança em santidade; mas não é exaurido, há suficiente e para poupar.
Leiam de novo:
"JESUS que
através de Sua própria expiação proveu para eles um fundo infinito de poder
moral, não falhará a empregar esse poder em favor deles. Ele lhes imputará Sua
própria justiça... Há um fundo inesgotável de perfeita obediência advindo de
Sua obediência... conforme orações humildes e sinceras ascendem ao trono de
DEUS, CRISTO mistura com elas os méritos de Sua própria vida de perfeita
obediência. Nossas orações se tornam perfumadas por esse incenso. CRISTO
comprometeu-Se a interceder em nosso favor, e o PAI sempre ouve a Seu
Filho." Ibidem.
Quando oramos, neste
próprio ano de 1959, CRISTO intercede por nós e mistura com nossas orações
"os méritos de Sua própria vida de perfeita obediência. Nossas orações são
perfumadas por esse incenso... e o PAI sempre ouve a Seu Filho."
Contrastem isto com
a afirmação em Questions on Doctrine, pág. 381: "JESUS apareceu na
presença de DEUS por nós... Mas não foi com a esperança de obter algo nessa
ocasião ou em algum tempo futuro. Não! Ele já o tinha obtido por nós na
cruz." (snfase dos autores). Notem o quadro: CRISTO aparece na presença do
PAI em nosso favor. Ele intercede, mas nada consegue. Por 1800 anos JESUS
pleiteia, e nada obtém. Não sabe Ele que já o obteve na cruz? Ninguém Lhe
informa que é inútil suplicar? Ele próprio não tem esperança de obter nada
agora ou em qualquer tempo futuro. E mesmo assim Ele pleiteia, e Se mantém
pedindo. Que visão para os anjos! E isso é representado ser ensino adventista!
Esse é o livro que tem a aprovação dos líderes adventistas e é enviado ao mundo
para mostrar o que nós cremos. Queira DEUS nos perdoar. Como podemos permanecer
diante do mundo e convencer que acreditamos num Salvador que é poderoso para
salvar, quando O apresentamos como suplicando em vão perante o PAI?
Mas graças a DEUS,
isso não é doutrina adventista. Ouçam isto da Irmã White, como citado acima:
"CRISTO Se comprometeu a interceder em nosso favor, e o PAI sempre houve a
Seu Filho." Isto é cristianismo, e o outro não.
Ficaremos em
silêncio sob tais condições? Diz a Irmã White:
"Pelos passados
50 anos cada fase da heresia tem sido posta em ação contra nós... especialmente
concernente à ministração de CRISTO no santuário celestial... imaginai que
quando vejo o começo de uma obra que removeria alguns dos pilares de nossa fé,
eu tenha algo a dizer? Devo obedecer a ordem, 'Enfrentai-o!'" Special
Testimonies, Series B, nº 2, pág. 58.
De novo: "O
inimigo das almas tem buscado introduzir a suposição de que uma grande reforma
deveria ter lugar entre os adventistas do sétimo dia, e que essa reforma
consistiria em renunciar às doutrinas que permanecem como pilares de nossa fé,
e engajar-se num processo de reorganização. Caso essa reforma tivesse
acontecido, o que resultaria? Os princípios da verdade que Deus em Sua
sabedoria tem concedido à igreja remanescente seriam descartados. Nossa
religião seria mudada. Os princípios fundamentais que têm sustentado a obra
durante os últimos cinqüenta anos seriam considerados como erro. Uma nova
organização seria estabelecida. Livros de uma nova ordem seriam escritos. Um
sistema de filosofia intelectual seria introduzido. Os fundadores desse sistema
iriam às cidades e realizariam uma maravilhosa obra. O sábado, logicamente,
seria considerado levianamente, bem como o Deus que o criou. Nada seria
permitido permanecer no caminho do novo movimento. Os líderes ensinariam que a
virtude é melhor do que o vício, mas Deus sendo removido, eles depositariam sua
dependência no poder humano, o qual, sem Deus, é sem valor. O seu fundamento
seria edificado sobre a areia, e a tempestade e a tormenta levariam de roldão a
estrutura ". Special Testimonies, Série B, # 7, págs. 39-40
(outubro de 1903). Mensagens Escolhidas, Vol. 1, ppág. 204-205. Grifos
supridos.
"Ficaremos
calados, por temor de ferir os sentimentos deles?... Ficaremos calados por
receio de prejudicar a influência deles, enquanto almas estão sendo
enganadas... Minha mensagem é: Não mais consintais em ouvir sem protestar
contra a perversão da verdade." Special Testimonies, Series B, nº
2, pág. 9,15.
Duvido que os
líderes adventistas estivessem completamente a par das muitas referências nas
obras da Sra. White sobre a expiação agora em progresso no santuário celestial
desde 1844. Se estivessem, como ousariam tomar a posição que tomaram com
relação à questão do santuário? Esta idéia encontra apoio na aparente surpresa
dos dois homens (Roy Allan Anderson e Walter Read) que visitaram os
Depositários White e declararam que em sua pesquisa ficaram "agudamente a
par das declarações de Ellen G. White que indicam que a obra da expiação de
CRISTO está agora em progresso no santuário celestial." Minutes, 1º
de maio de 1957, pág. 1483. Por que se tornaram eles agudamente a par? A
descoberta pareceu surpreendê-los. Ao usar o plural, declarações, eles admitem
mais de uma referência. Não sei quantas acharam. Eu achei 17, e há outras sem
dúvida. E por que usam eles a palavra "indicar"? A Irmã White faz
mais do que indicar. Ela faz pronunciamentos definidos. Eis alguns deles:
"Ao término dos
2.300 dias, em 1844, CRISTO entrou no lugar santíssimo do santuário celestial,
para executar a obra de encerramento da expiação, preparatória para Sua
vinda." O Grande Conflito, 422.
"CRISTO tinha
apenas completado uma parte de Sua obra como nosso Intercessor para entrar
noutra porção da obra, e Ele ainda pleiteia Seu sangue diante de DEUS em
benefício dos pecadores." Ibid., 429.
"Na abertura do
lugar santíssimo do santuário celestial, em 1844, CRISTO entrou lá para
executar a obra de encerramento da expiação. Eles viram que JESUS estava agora
oficiando diante da arca de DEUS, pleiteando Seu sangue em favor dos pecadores."
Ibidem, 433.
"CRISTO é
representado como continuamente de pé no altar, momentaneamente oferecendo o
sacrifício pelos pecados do mundo... Um Mediador é essencial devido ao contínuo
cometimento de pecado... JESUS apresenta a oblação oferecida por cada ofensa e
cada falta do pecador." MS 50, 1900.
Essas declarações
são definidas. Foi ao final dos 2300 dias, em 1844, que CRISTO entrou no
santíssimo "para desempenhar a obra de encerramento da expiação".
"JESUS tinha APENAS COMPLETADO UMA PARTE DE SUA OBRA como nosso Intercessor,"
no primeiro compartimento. Agora Ele "entra na outra porção da obra."
Ele pleiteia "Seu sangue perante o Pai." Ele está "continuamente
de pé diante do altar." Isto é necessário "por causa da contínua perpetração
do pecado." "JESUS apresenta a oblação por toda ofensa e toda falta
do pecador." Isto prova uma expiação contínua, presente. Ele oferece
"momentaneamente". "JESUS apresenta a oblação oferecida por cada
ofensa." "Ele sempre vive para fazer intercessão por eles."
Hebreus 7: 25.
Presume-se que
quando os dois homens declararam que se tinham "tornado agudamente cientes
das declarações de Ellen G. White que indicam que a obra expiatória de CRISTO
está agora em progresso no santuário celestial", que eles tinham lido as
citações dadas aqui e talvez outras. Em vista deste conhecimento, o que eles
sugeriram que fosse feito? Mudariam eles as suas opiniões erradas anteriores e
se harmonizariam com as claras palavras do Espírito de Profecia? Não, ao
contrário, eles "sugeriram aos Depositários que algumas notas de rodapé ou
apêndices devessem aparecer em certos livros de Ellen G. White, esclarecendo
muito largamente nas palavras de Ellen White nosso entendimento das várias
fases da obra de expiação de CRISTO." Minutes, 1483.
Ponderem sobre essa
surpreendente declaração. Eles admitem que a Irmã White diz que "a obra
expiatória de CRISTO está agora em progresso no santuário celestial," e
então eles propõem que inserções sejam feitas em alguns livros da Irmã White
que darão nosso entendimento da expiação! Eles estavam, contudo, agindo somente
em harmonia com a declaração oficial em Questions on Doctrine de que
quando se lê "nos escritos de Ellen G. White que CRISTO está fazendo
expiação agora, deve ser entendido que simplesmente queremos dizer que CRISTO está
agora fazendo aplicação" etc., pág. 354, 355.
Se a Irmã White
estivesse agora viva e devesse ler isto, ela certamente estaria tratando com
certos escritores presunçosos e em palavras que poderiam ser entendidas. Ela
não concederia o direito para ninguém, quem quer que fosse, de mudar o que ela
tinha escrito ou interpretá-lo para viciar seu claro significado. A
reivindicação que Questions on Doctrine faz de que a Sra. White quer
dizer o que ela não diz, efetivamente destrói a força de tudo o que ela já escreveu.
Se temos de consultar o intérprete inspirado [pelo diabo] de Washington antes
de saber o que ela quer dizer, é melhor descartarmos todos os Testemunhos.
Queira DEUS salvar o Seu povo.
Cedo neste século,
quando a sorte da denominação estava na balança, a Irmã White escreveu:
"Satanás lançou seus planos para debilitar nossa fé na história da causa e
obra de DEUS. Estou profundamente convicta conforme escrevo isto: Satanás está
operando com homens de posição proeminente para varrer os fundamentos de nossa
fé. Permitiremos que isso aconteça, irmãos?" R&H, 12-11-1903.
Respondendo a sua
pergunta, "permitiremos que isso seja feito?", ela diz:
"Minha mensagem
é: Não mais consintais sem protestar contra a perversão da verdade... Fui
instruída a advertir nosso povo; pois muitos estão em perigo de receber teorias
e sofismas que minam os pilares fundamentais de nossa fé." Letter to the Physicians and Ministers, Series B, nº 2, pág. 15. "Nos passados cinqüenta anos cada fase da heresia tem sido
trazida sobre nós, para obscurecer nossas mentes com relação aos ensinos da
Palavra - especialmente com relação à ministração de CRISTO no santuário
celestial... Mas os marcos-guias que nos têm feito o que somos, devem ser
preservados, e serão preservados, como DEUS tem significado através de Sua
Palavra e do testemunho de Seu ESPÍRITO. Ele nos chama para ficarmos firmes,
com as garras da fé aos princípios fundamentais que estão baseados em
inquestionável autoridade." Ibidem, 59. "Imaginais que quando
vejo o início de uma obra que removeria alguns dos pilares de nossa fé, eu
teria algo a dizer? Devo obedecer a ordem, 'Enfrentai-o!'" Ibidem,
58 (Ênfases supridas).
Após os dois homens
terem sugerido a inserção de notas e explicações em alguns dos livros de Ellen
G. White [Isso passou a ser feito com regularidade a partir da década de 1960
em vários livros de Ellen G. White, por exemplo, Primeiros Escritos, Testemunhos
para Ministros, baseados no princípio papal, de que a Igreja é a única
fonte genuína de interpretação, quando na verdade é o ESPÍRITO SANTO.], que
dariam ao leitor a impressão que ela não se oporia à nova interpretação deles,
eles tiveram outra sugestão a dar. "Isto é um assunto", eles
disseram, "que no futuro próximo vai se revelar proeminentemente, e que
faríamos bem em prosseguir com a preparação e inclusão de tais notas nas
futuras impressões dos livros de Ellen G. White." Minutes, pág.
1483.
Deixo ao leitor
decidir por que os homens estavam com pressa de introduzir as notas e
explanações nos livros de Ellen White. Poderia ser que isto se constituiria um
"fait accompli", um fato consumado, uma coisa que já tinha sido feita
e que seria difícil ou impossível de mudar? Esta é uma consideração importante,
pois há razão para crer que as coisas estão ocorrendo a outros de nossos
livros, e há um movimento definido para mudar nossa doutrina em outros
assuntos. Isto deve ser também explorado, antes que seja muito tarde.
Em 2 de maio de 1957
está registrado nas Minutas: Afirmações de Ellen G. White sobre a Obra de
Expiação de Cristo - "A reunião dos Depositários realizada em primeiro
de maio encerrou-se com nenhuma ação tomada sobre a questão que foi discutida
em extensão - adequadas notas de rodapé e explanações quanto às declarações de
Ellen G. White sobre a obra expiatória de CRISTO, que indicam uma contínua obra
no tempo presente no céu. Visto que o presidente de nossa mesa estará ausente
de Washington para os próximos quatro meses, e os envolvimentos nesta questão
são tais que deve haver a mais cuidadosa consideração e conselho, foi 'VOTADO,
Que adiamos a consideração até mais tarde sobre os assuntos que foram trazidos
a nossa atenção pelos Prs. "X" e "Y" envolvendo declarações
de Ellen G. White sobre a obra expiatória contínua de CRISTO'." Minutas
da Mesa dos Depositários White, pág. 1488.
Ficou presumido
quatro meses depois quando o Pr. Olson voltou que nenhum voto foi tomado para
garantir o pedido. Isto foi oito meses após a primeira reunião deles em janeiro
de 1957, tempo em que o assunto foi exposto.
Depois que esse
assunto veio ao meu conhecimento, orei bastante. Qual era minha
responsabilidade nesse assunto, ou tinha eu alguma? Não confidenciei com
ninguém. Decidi que minha primeira responsabilidade seria com os oficiais de
Washington, assim escrevi à Associação Geral. Lá fui informado que eu não tinha
nenhum direito à informação que eu obtivera. Aquilo era suposto ser secreto, e
eu não tinha direito nem mesmo de ler os documentos.
Depois de quatro
cartas passadas, foi-me dito que eles não estavam mais interessados em discutir
o assunto. O assunto estava resolvido. Quando perguntei se isto significava que
a porta estava fechada, recebi a resposta: "Considerei o assunto ao qual
tens referido como encerrado." Quanto ao indecente e não verdadeiro artigo
na revista Ministry, "Discuti isso com os irmãos envolvidos e
gostaria de deixar o assunto lá." Assim a porta estava fechada.
Eis alguns dos
pronunciamentos oficiais: "As minutas são confidenciais e não destinadas
ao uso público." Se erro é cometido, é proibido expô-lo meramente porque
alguns querem mantê-lo confidencial?
"Estás fazendo
isso sobre boato e sobre minutas confidenciais que não tens o direito de
ler." Ninguém nunca falou comigo sobre isso ou me informou. Li as Minutas
e agi sobre elas. As minutas não são boatos. Elas são documentadas oficialmente
e assinadas.
"...não tens o
direito mesmo de ler." Quando tenho evidência que me parece destrutiva da
fé, devo eu fechar meus olhos para o que considero tentativas premeditadas para
extraviar o povo pela inserção de notas, explanações e notas de apêndice nos
livros da Sra. White? É oficialmente aprovado?
"Desejo repetir
o que escrevi antes, que os homens têm o perfeito direito de ir às mesas
diretoras, incluindo o grupo dos Depositários White, e fazer suas sugestões sem
temor de serem disciplinados ou tratados como heréticos."
Isto foi
reenfatizado: "Reafirmo minha declaração anterior que creio que esses
irmãos estavam inteiramente certos de ir aos responsáveis e delegados com
qualquer sugestão que tivessem para estudo."
Isto torna claro que
o ato dos dois irmãos foi aprovado oficialmente; que nada fizeram pelo que
devessem ser reprovados, mas que fizeram o que tinham perfeito direito de
fazer. Não penso que nosso povo dará boas-vindas a esse novo princípio.
"Sugerir que
bons e fiéis homens adventistas decidiram alterar os pilares de nossa fé está
longe dos fatos como os pólos estão afastados... adulterar os testemunhos,
quando isto nunca ocorreu, nem houve qualquer tentativa para fazê-lo."
Deixo com a decisão
do leitor exatamente por que os homens foram aos Depositários: não foram eles
para ter inserções, notas, notas de apêndice, explanações feitas em
"alguns dos livros de Ellen G. White"? Conquanto o comitê
eventualmente decidiu não fazê-lo, a culpa dos homens não mudou por esse fato.
Afirmar que quanto a "adulterar os Testemunhos quando nada disso nunca
ocorreu nem nunca houve tentativa de fazê-lo," as Minutas falam por si
mesmas.
Esse episódio dos
Depositários traz em foco uma grave situação. Não é meramente o assunto de dois
homens tentarem ter inserções feitas em alguns livros da Sra. White. A coisa
mais séria é que este fato teve a aprovação da administração, que declarou que
os homens tinham "perfeito direito" de fazer o que fizeram. Este
pronunciamento abre um caminho para outros seguirem, e como o assunto é mantido
secreto, grande abuso poderia prontamente resultar. Sem dúvida, se o assunto
for deixado para o povo votar, não haverá permissão para qualquer falsificação,
ou tentativa para adulterar os escritos de Ellen G. White.
Os homens que
visitaram os Depositários em primeiro de maio de 1957, como relatado,
declararam claramente que haviam descoberto que a Sra. White ensina claramente
"que a obra de expiação de CRISTO está agora em progresso no santuário
celestial." Por outro lado, a revista Ministry, de fevereiro de
1957, declara exatamente o oposto. Diz que o "ato sacrifical na cruz é a
expiação completa, perfeita e final para os pecados dos homens." Questions
on Doctrine tenta reconciliar esses dois pontos de vista opostos declarando
que quando se "ouve um adventista dizer ou ler na literatura adventista -
mesmo nos escritos de Ellen G. White - que CRISTO está fazendo expiação agora,
deve ser entendido que queremos significar ou dizer simplesmente que CRISTO
está agora fazendo aplicação," etc. pág. 354, 355. Está claro que se a
expiação na cruz foi final, não pode haver uma expiação mais tarde também
final. Quando nós, portanto, por 100 anos temos pregado que o dia da expiação
começou em 1844, estávamos errados. A expiação findou 1800 anos atrás. As
centenas de livros que temos publicado; as milhões de cópias do livro Bible
Readings [Estudos Bíblicos] que temos vendido; os milhões de
folhetos que temos distribuído, dizendo que é "a semana na corte no
céu", são tudo falsa doutrina; as instruções bíblicas que temos dado às
crianças e o ministério jovem e que eles têm sorvido como verdade bíblica, é
uma fábula.
Urias Smith,
Loughborough, Andrews, Andross, Watson, Daniells, Branson, Johnson, Lacey,
Spicer, Haskell, Gilbert, e uma hoste de outros ficam condenados por ter
ensinado falsa doutrina; e a denominação inteira, cuja principal contribuição
para o cristianismo é a doutrina do santuário e o ministério de CRISTO, deve
agora confessar que todos estávamos errados, e que não temos nenhuma mensagem
para o mundo para os últimos dias. Em outras palavras, somos um povo enganado e
enganador. O fato que possamos ter sido honestos não altera o fato que temos
dado uma falsa mensagem. Tirem de nós a questão do santuário, o juízo
investigativo, a mensagem dos 2300 dias, a obra de CRISTO no lugar santíssimo,
e não temos o direito de existir como um povo denominado, como mensageiros de
DEUS a um mundo condenado. Se o Espírito de Profecia nos extraviou estes muitos
anos, então vamos jogá-lo fora.
Mas não! Alto! DEUS
não nos tem extraviado. Não temos falado fábulas ardilosamente inventadas.
Temos uma mensagem que suportará o teste e confundirá as teorias destruidoras
que estão encontrando seu caminho entre nós. Neste caso não é o povo que está
se extraviando, exceto se seguirem os líderes. É tempo que haja uma viravolta.
Já fazem agora mais
de quatro anos que a apostasia começou a ser plenamente evidente. Desde aquele
tempo tem havido uma tentativa deliberada de enfraquecer a fé no Espírito de
Profecia, pois está claro que enquanto o povo reverenciar o dom dado a nós,
eles não podem se extraviar. Disto falaremos resumidamente. O tempo para agir
chegou. O tempo para abrir os cantos escuros chegou. Não mais deve haver
acordos secretos, nenhum contato com outras denominações que odeiam a lei e o
sábado, que ridicularizam nossa mais elevada fé. Não mais devemos ter
intimidade com os inimigos da verdade, não mais promessas que não faremos
proselitismo. Não devemos tolerar lideranças que permitem adulterar os escritos
confiados a nós, e estigmatizar como pertencente à orla lunática os que ousam
discordar deles. Não mais devemos ficar calados. Alarga tua tenda, ó Israel!
Sejam de boa
coragem, irmãos. O SENHOR ainda une. Temos uma obra a fazer. Trabalhem todos
juntos. E não nos esqueçamos que nossa maior força jaz na íntima união com
DEUS, em oração. Dediquemo-nos novamente todos a ELE.
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