4) Uma Séria Denúncia feita pelo Pr.Andreasen

 

Para que você compreenda melhor o contexto da carta que lerá logo a seguir leia isto:

 

Na década de 1950, a liderança americana da IASD entrou em acordo com líderes porta-vozes evangélicos americanos (Martin & Barnhouse), para que a IASD não mais fosse considerada uma seita, mas sim uma igreja como as demais igrejas evangélicas. Tanto assim que já em 1959, a IASD passou a fazer parte como membro cooperador do Concílio Nacional de Igrejas dos Estados Unidos, uma organização ecumênica.

 

Para tanto, a IASD deveria abdicar de certas doutrinas fundamentais dos pioneiros adventistas, as quais são apoiadas pelo Espírito de Profecia de Ellen G. White. Dentre essas doutrinas fundamentais está a da Encarnação, a qual os evangélicos e católicos crêem que JESUS encarnou com a natureza de Adão antes de sua queda, ou seja, Sua natureza seria isenta ou imune às paixões e às leis da hereditariedade a que estão sujeitos os filhos de Adão, depois de sua queda.

 

Assim, a partir de 1957, os teólogos adventistas passaram a ensinar que JESUS veio com a natureza sem pecado de Adão, antes de sua queda, ao contrário do que ensinavam os pioneiros e a Sra. White. JESUS seria apenas nosso substituto e não nosso exemplo a ser seguido. Com essa mudança teológica o mundanismo entrou na IASD, junto com o ecumenismo.

Na ocasião, uma das raras vozes oficiais que se levantaram contra esse compromisso apóstata foi a do Pr. Andreasen (1876-1962), conhecido entre nós brasileiros como o autor do livro O Ritual do Santuário. Depois de tentar em vão fazer-se ouvir pela liderança apóstata da Igreja, ele escreveu seis longas cartas às igrejas adventistas de todo mundo, denunciando toda essa conspiração ecumênico-doutrinária. Devido ao protesto do Pr. Andreasen, a Associação Geral, em 06.04.61, tirou suas credenciais e sua pensão por aposentadoria.

 

Só depois que uns irmãos do sul da Califórnia, revoltados com a injustiça feita ao Pr. Andreasen, ameaçaram não encaminhar mais o dízimo à Organização, é que a Associação Geral voltou a pagar sua aposentadoria, mas isto já perto de sua morte, que ocorreu em 19.02.62. Em 01.03.62, após sua morte, a Associação Geral restaurou as credenciais do Pr. Andreasen.

 

Portanto, a carta que você lerá logo a seguir é uma (2ª carta) destas seis cartas que foram escrita pelo Pr. M.L. Andreasen, e muito embora não esteje relacionada com o tema da trindade, serve como um bom exemplo de como as teorias conspiratórias que falam de manipulações nos escritos de Ellen White vão muito além de meras suposições ou acusações sem fundamento.

 

Tentativa de Alterar Escritos de E.G.W.

 

Logo no começo do verão de 1957 foi-me colocado nas mãos, providencialmente creio, uma cópia das Minutas da Mesa Diretora dos Depositários White para o mês de maio daquele ano. Para os que não estão familiarizados com essa mesa diretora, devo declarar que é uma pequena comissão apontada para ter em guarda o grande volume de cartas, manuscritos e livros deixados pela falecida Sra. Ellen G. White. Em conselho com os oficiais da denominação adventista a mesa decide quem deve ter acesso ao material, e em que extensão e para que propósito; o que deve ser publicado e o que não deve; e que material não deve estar disponível em absoluto.

 

Muito do trabalho da comissão consiste em examinar e editar esses escritos e recomendar para publicação tal matéria que pareça ser de valor permanente. Esse trabalho é de grande importância para a igreja, pois somente o que é liberado pela comissão vê a luz do dia. Durante toda sua vida a própria Sra. White fez muito da obra de selecionar e editar, e em todos os casos ela tinha a supervisão do que era feito. Todos sabiam que qualquer coisa que fosse publicada estava sob sua supervisão e que tinha sua aprovação. A comissão agora assumiu essa obra.

 

Dois Homens e a Comissão

 

De acordo com as Minutas White, foi em 1º de maio de 1957 que dois homens [Roy Allan Anderson e Walter Read], membros da comissão que fora apontada para escrever o livro Questions on Doctrine, foram convidados pela mesa para reunir-se, a fim de discutir a questão que tinha recebido alguma consideração na reunião de janeiro de 1957. Referia-se a afirmações feitas pela Sra. White com relação à expiação ora em progresso no santuário celestial. Essa concepção não estava de acordo com as conclusões atingidas pelos líderes da denominação em conselho com os evangélicos. Para entender isto completamente, e sua importância, é necessário rever alguma história.

 

Os líderes adventistas estiveram por algum tempo em contato com dois ministros de outra fé, evangélicos, o Dr. Barnhouse e o Sr. Martin, respectivamente editor e editor assistente do jornal religioso Eternity, publicado na Filadélfia, e discutiram com eles várias de nossas doutrinas. Nessas conversações, como em numerosas cartas trocadas entre eles, os evangélicos levantaram sérias objeções a algumas de nossas crenças. A questão de grande importância foi se os adventistas poderiam ser considerados cristãos enquanto mantêm tais pontos de vista, como a doutrina do santuário; os 2300 dias; a data 1844; o juízo investigativo; e a obra expiatória de CRISTO no santuário no céu desde 1844. Nossos homens expressaram o desejo de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia fosse contada como uma das igrejas protestantes regulares, uma igreja cristã, não uma seita.

 

Os dois grupos gastaram "centenas de horas" estudando, e escreveram muitas centenas de páginas. Os evangélicos visitaram nossa sede em Takoma Park, e nossos homens visitaram Filadélfia e foram hóspedes do Dr. Barnhouse em sua confortável casa. De tempos em tempos outros homens foram chamados para consulta em tais assuntos como a Voz da Profecia e nossos periódicos, todos com o ponto de vista de acertar o que impedia que fôssemos reconhecidos como uma denominação cristã.

 

Após longas e demoradas discussões, os dois partidos chegaram finalmente a um acordo de trabalho, e embora os evangélicos ainda objetassem a um número de nossas doutrinas, eles ficaram desejosos de nos reconhecer como cristãos. Deveríamos fazer algumas mudanças em alguns de nossos livros com relação à "marca da besta" e, também, "com relação à natureza de CRISTO enquanto na carne." Eternity, setembro de 1956. Isto foi levado à "atenção dos oficiais da Conferência Geral, que a situação deveria ser remediada e que tais publicações deveriam ser corrigidas. As correções foram feitas, e "essa ação dos ASDs foi indicativa de passos similares que foram tomados subseqüentemente." Ibid. Não estamos informados de quais outros livros foram "remediados e corrigidos".

 

Os evangélicos publicaram um relatório de suas conferências com os adventistas em Eternity, da qual as citações acima são tomadas. O Dr. Barnhouse declara que eles tomaram a precaução de submeter seus manuscritos aos adventistas, para que nenhuma declaração errada ou erro pudesse ocorrer. Os adventistas publicaram um relatório. Mesmo na sessão da Conferência Geral do último ano (1958), o assunto não foi discutido. Somente poucos sabiam que houvera algumas conferências com os evangélicos. Havia rumores que os líderes adventistas tinham estado em conferência com os evangélicos, mas aquilo foi considerado por alguns como boato apenas. Os poucos que sabiam, mantiveram-se calados. Parecia haver uma conspiração de sigilo.

 

Até hoje (1959) não sabemos, e não supomos saber, quem realizou as conferências com os evangélicos. Não sabemos, e não supomos conhecer, quem escreveu Questions on Doctrine. [Posteriormente, soube-se que fora escrito pelos pastores Leroy Froom e Roy Allan Anderson.] Investigação diligente não deu resultado. Não sabemos, nem supomos saber, exatamente que mudanças foram feitas, e em que livros, concernentes à marca da besta e à natureza de CRISTO enquanto em carne. Não sabemos quem autorizou a omissão do capítulo 13 do Apocalipse em nossas lições da Escola Sabatina para o segundo trimestre de 1958, que trata da marca da besta. [Não é à toa que já em 1959 a Conferência Geral da IASD entrou como sócia da organização ecumênica Conselho Nacional de Igrejas dos Estados Unidos.]

 

O Dr. Barnhouse relata que para "evitar acusações contra os ASDs pelos evangélicos", os adventistas "fizeram arranjos" no que concerne à Voz da Profecia e à revista Signs of the Times. O que foi feito não sabemos e não nos foi dito. Não teremos um relatório detalhado? Nós, de certo, imaginamos como aconteceu que ministros de outra organização tivessem qualquer voz ou qualquer opinião em como conduzirmos nossa obra. Têm nossos líderes abdicado? Como é que eles consultam os evangélicos e mantêm nosso povo nas trevas?

 

O Que Foi Feito nas Conferências

 

Para um relatório deste estamos confinados quase inteiramente ao que foi publicado na revista Eternity.

 

O assunto que tomou muito tempo nas conferências foi o do santuário. O Dr. Barnhouse foi franco em sua estimativa dessa doutrina. Em particular ele objetou de nosso ensino sobre o juízo investigativo que ele caracterizou como "o fenômeno mais colossal, psicológico, para salvar as aparências na história religiosa." Mais tarde ele o chamou "a não importante e quase ingênua doutrina do 'juízo investigativo'", e disse que qualquer esforço para estabelecê-la é estragado, vazio e inaproveitável." Eternity, setembro de 1956.

 

O Dr. Barnhouse, ao discutir a explicação de Hiran Edson sobre o desapontamento de 1844, diz que a suposição de que CRISTO "tinha uma obra a realizar no lugar santíssimo antes da vinda a esta terra... é uma idéia humana, para salvar as aparências, que alguns adventistas desinformados... levam a extremos literários fantásticos. O Sr. Martin e eu ouvimos os líderes adventistas dizerem, positivamente, que eles repudiavam tais extremos. Isto eles disserem em nenhum termo incerto. Além disse, eles não crêem, como alguns de seus pioneiros ensinavam que a obra expiatória de JESUS não foi completada no Calvário, mas que em vez disso que JESUS ainda estava realizando uma segunda obra ministerial desde 1844. Essa idéia os líderes adventistas também repudiaram totalmente." Ibidem.

 

Notem estas declarações: A idéia de que CRISTO "tinha uma obra a realizar no lugar santíssimo antes da vinda a esta terra... é uma idéia humana, para salvar as aparências," "o Sr. Martin e eu ouvimos os líderes adventistas dizerem positivamente que eles repudiavam tais extremos. Isto eles disseram em nenhum termo incerto."

 

Penso que nossos líderes devem dar uma declaração precisa à denominação adventista quanto a se o Dr. Barnhouse e o Sr. Martin disseram a verdade quando ouviram nossos líderes dizerem que repudiavam a idéia de que CRISTO tinha uma obra a fazer no lugar santíssimo antes de vir a esta terra. A questão demanda uma resposta precisa.

 

Tentativa de Adulterar os Escritos de Ellen G. White

 

Antes de relatar mais do que foi feito nas conferências, voltemos aos dois homens que naquele primeiro dia de maio de 1957, encontraram-se com a Mesa dos Depositários White para buscar seu conselho e, também, fazer uma sugestão. Os homens estavam bem familiarizados com as declarações feitas pelo Dr. Barnhouse e o Sr. Martin, de que a idéia do ministério de CRISTO no lugar santíssimo do santuário tinha sido totalmente repudiada pelos nossos líderes. Isto tinha estado publicado há vários meses na ocasião, e não tinha sido protestado. Os homens, contudo, não precisavam da declaração publicada, pois ambos tinham tomado parte na discussão com os evangélicos. Um deles em particular tinha tido parte proeminente nas conferências [Roy Allan Anderson], tinha visitado o Sr. Barnhouse em seu lar, tinha falado na igreja do Dr. Barnhouse a seu convite. Ele era um dos quatro homens [T.E. Unruh, Roy Allan Anderson, Leroy Froom e Walter Read] que realmente levaram a carga, e um dos escolhidos para acompanhar o Sr. Martin em sua viagem à costa Oeste para falar em nossas igrejas. Ele era tido em alta estima pelo Dr. Barnhouse. Esse sentimento era mútuo.

 

Na ocasião em que os dois homens visitaram os Depositários, uma série de artigos apareceu na Ministry [da qual Roy Allan Anderson era editor-chefe], que reivindicava ser "o entendimento adventista da expiação, confirmado e iluminado e clarificado pelo Espírito de Profecia." Na edição da Ministry, de fevereiro de 1957, a declaração ocorre que o "ato sacrifical sobre a cruz é uma expiação completa, perfeita e final em favor do pecado do homem." Esse pronunciamento está em harmonia com a crença de nossos líderes, como o Dr. Barnhouse citou-os. Está também em harmonia com a declaração assinada por um oficial encarregado [R.R. Figuhr, presidente da Associação Geral na época], numa carta pessoal: "Não podes, Irmão Andreasen, tirar de nós este precioso ensino que JESUS fez um sacrifício expiatório completo e todo-suficiente sobre a cruz... Isto nós sempre manteremos firme, e continuaremos a proclamá-lo, mesmo como nossos queridos antepassados venerados na fé."

 

Seria interessante que o escritor desse prova de sua asserção. A verdade é, nossos antepassados não criam nem proclamaram tal coisa. Eles não criam que a obra sobre a cruz fosse completa e toda-suficiente. Eles criam que o resgate foi pago ali e que era todo-suficiente; mas a expiação final aguardava a entrada de CRISTO no santíssimo em 1844. Isto os adventistas tinham sempre ensinado e crido, e esta é a antiga e estabelecida doutrina que nossos venerados antepassados criam e proclamavam.

 

Eles não podiam ensinar que a expiação na cruz era final, completa, e toda-suficiente, e ainda crer que outra expiação também final, ocorreria em 1844. Tal seria absurdo e sem significado. Pagar a pena pelo nosso pecado era, certamente, uma parte vital e necessária do plano de DEUS para nossa salvação, mas em absoluto não era tudo. Era, como foi, colocar no banco do céu uma soma suficiente e de todo modo adequada para qualquer contingência, e da qual poderia ser sacada em favor e pelo indivíduo conforme necessitasse. Esse pagamento era "o precioso sangue de CRISTO, como um cordeiro, sem mancha e sem defeito." I Pedro 1:19. Em Sua morte na cruz JESUS "pagou tudo"; mas o precioso tesouro torna-se eficaz para nós somente conforme CRISTO saca dele em nosso favor, e isto deve esperar a vinda ao mundo de cada indivíduo; daí, a expiação deve continuar enquanto as pessoas forem nascidas. Ouçam isto:

 

"Há um fundo inexaurível de perfeita obediência advindo de Sua obediência. Como é isto, que tal infinito tesouro não é apropriado? No céu os méritos de CRISTO, sua abnegação e sacrifício próprio, estão entesourados como incenso, a ser oferecido com as orações de Seu povo." General Conference Bulletin, vol. 3, pág. 101, 102, quarto trimestre, 1899.

 

Notem as frases: "fundo inesgotável", "tesouro infinito", "méritos de CRISTO". Esse fundo foi depositado na cruz, mas não "exaurido" lá. Ele está "entesourado" e é oferecido com as orações do povo de DEUS. Especialmente desde 1844, esse fundo é sacado pesadamente conforme o povo de DEUS avança em santidade; mas não é exaurido, há suficiente e para poupar. Leiam de novo:

 

"JESUS que através de Sua própria expiação proveu para eles um fundo infinito de poder moral, não falhará a empregar esse poder em favor deles. Ele lhes imputará Sua própria justiça... Há um fundo inesgotável de perfeita obediência advindo de Sua obediência... conforme orações humildes e sinceras ascendem ao trono de DEUS, CRISTO mistura com elas os méritos de Sua própria vida de perfeita obediência. Nossas orações se tornam perfumadas por esse incenso. CRISTO comprometeu-Se a interceder em nosso favor, e o PAI sempre ouve a Seu Filho." Ibidem.

 

Quando oramos, neste próprio ano de 1959, CRISTO intercede por nós e mistura com nossas orações "os méritos de Sua própria vida de perfeita obediência. Nossas orações são perfumadas por esse incenso... e o PAI sempre ouve a Seu Filho."

 

Contrastem isto com a afirmação em Questions on Doctrine, pág. 381: "JESUS apareceu na presença de DEUS por nós... Mas não foi com a esperança de obter algo nessa ocasião ou em algum tempo futuro. Não! Ele já o tinha obtido por nós na cruz." (snfase dos autores). Notem o quadro: CRISTO aparece na presença do PAI em nosso favor. Ele intercede, mas nada consegue. Por 1800 anos JESUS pleiteia, e nada obtém. Não sabe Ele que já o obteve na cruz? Ninguém Lhe informa que é inútil suplicar? Ele próprio não tem esperança de obter nada agora ou em qualquer tempo futuro. E mesmo assim Ele pleiteia, e Se mantém pedindo. Que visão para os anjos! E isso é representado ser ensino adventista! Esse é o livro que tem a aprovação dos líderes adventistas e é enviado ao mundo para mostrar o que nós cremos. Queira DEUS nos perdoar. Como podemos permanecer diante do mundo e convencer que acreditamos num Salvador que é poderoso para salvar, quando O apresentamos como suplicando em vão perante o PAI?

 

Mas graças a DEUS, isso não é doutrina adventista. Ouçam isto da Irmã White, como citado acima: "CRISTO Se comprometeu a interceder em nosso favor, e o PAI sempre houve a Seu Filho." Isto é cristianismo, e o outro não.

 

Ficaremos em silêncio sob tais condições? Diz a Irmã White:

 

"Pelos passados 50 anos cada fase da heresia tem sido posta em ação contra nós... especialmente concernente à ministração de CRISTO no santuário celestial... imaginai que quando vejo o começo de uma obra que removeria alguns dos pilares de nossa fé, eu tenha algo a dizer? Devo obedecer a ordem, 'Enfrentai-o!'" Special Testimonies, Series B, nº 2, pág. 58.

 

De novo: "O inimigo das almas tem buscado introduzir a suposição de que uma grande reforma deveria ter lugar entre os adventistas do sétimo dia, e que essa reforma consistiria em renunciar às doutrinas que permanecem como pilares de nossa fé, e engajar-se num processo de reorganização. Caso essa reforma tivesse acontecido, o que resultaria? Os princípios da verdade que Deus em Sua sabedoria tem concedido à igreja remanescente seriam descartados. Nossa religião seria mudada. Os princípios fundamentais que têm sustentado a obra durante os últimos cinqüenta anos seriam considerados como erro. Uma nova organização seria estabelecida. Livros de uma nova ordem seriam escritos. Um sistema de filosofia intelectual seria introduzido. Os fundadores desse sistema iriam às cidades e realizariam uma maravilhosa obra. O sábado, logicamente, seria considerado levianamente, bem como o Deus que o criou. Nada seria permitido permanecer no caminho do novo movimento. Os líderes ensinariam que a virtude é melhor do que o vício, mas Deus sendo removido, eles depositariam sua dependência no poder humano, o qual, sem Deus, é sem valor. O seu fundamento seria edificado sobre a areia, e a tempestade e a tormenta levariam de roldão a estrutura ". Special Testimonies, Série B, # 7, págs. 39-40 (outubro de 1903). Mensagens Escolhidas, Vol. 1, ppág. 204-205. Grifos supridos.

 

"Ficaremos calados, por temor de ferir os sentimentos deles?... Ficaremos calados por receio de prejudicar a influência deles, enquanto almas estão sendo enganadas... Minha mensagem é: Não mais consintais em ouvir sem protestar contra a perversão da verdade." Special Testimonies, Series B, nº 2, pág. 9,15.

 

A Reunião de 1º de Maio

 

Duvido que os líderes adventistas estivessem completamente a par das muitas referências nas obras da Sra. White sobre a expiação agora em progresso no santuário celestial desde 1844. Se estivessem, como ousariam tomar a posição que tomaram com relação à questão do santuário? Esta idéia encontra apoio na aparente surpresa dos dois homens (Roy Allan Anderson e Walter Read) que visitaram os Depositários White e declararam que em sua pesquisa ficaram "agudamente a par das declarações de Ellen G. White que indicam que a obra da expiação de CRISTO está agora em progresso no santuário celestial." Minutes, 1º de maio de 1957, pág. 1483. Por que se tornaram eles agudamente a par? A descoberta pareceu surpreendê-los. Ao usar o plural, declarações, eles admitem mais de uma referência. Não sei quantas acharam. Eu achei 17, e há outras sem dúvida. E por que usam eles a palavra "indicar"? A Irmã White faz mais do que indicar. Ela faz pronunciamentos definidos. Eis alguns deles:

 

"Ao término dos 2.300 dias, em 1844, CRISTO entrou no lugar santíssimo do santuário celestial, para executar a obra de encerramento da expiação, preparatória para Sua vinda." O Grande Conflito, 422.

 

"CRISTO tinha apenas completado uma parte de Sua obra como nosso Intercessor para entrar noutra porção da obra, e Ele ainda pleiteia Seu sangue diante de DEUS em benefício dos pecadores." Ibid., 429.

 

"Na abertura do lugar santíssimo do santuário celestial, em 1844, CRISTO entrou lá para executar a obra de encerramento da expiação. Eles viram que JESUS estava agora oficiando diante da arca de DEUS, pleiteando Seu sangue em favor dos pecadores." Ibidem, 433.

 

"CRISTO é representado como continuamente de pé no altar, momentaneamente oferecendo o sacrifício pelos pecados do mundo... Um Mediador é essencial devido ao contínuo cometimento de pecado... JESUS apresenta a oblação oferecida por cada ofensa e cada falta do pecador." MS 50, 1900.

 

Essas declarações são definidas. Foi ao final dos 2300 dias, em 1844, que CRISTO entrou no santíssimo "para desempenhar a obra de encerramento da expiação". "JESUS tinha APENAS COMPLETADO UMA PARTE DE SUA OBRA como nosso Intercessor," no primeiro compartimento. Agora Ele "entra na outra porção da obra." Ele pleiteia "Seu sangue perante o Pai." Ele está "continuamente de pé diante do altar." Isto é necessário "por causa da contínua perpetração do pecado." "JESUS apresenta a oblação por toda ofensa e toda falta do pecador." Isto prova uma expiação contínua, presente. Ele oferece "momentaneamente". "JESUS apresenta a oblação oferecida por cada ofensa." "Ele sempre vive para fazer intercessão por eles." Hebreus 7: 25.

 

Presume-se que quando os dois homens declararam que se tinham "tornado agudamente cientes das declarações de Ellen G. White que indicam que a obra expiatória de CRISTO está agora em progresso no santuário celestial", que eles tinham lido as citações dadas aqui e talvez outras. Em vista deste conhecimento, o que eles sugeriram que fosse feito? Mudariam eles as suas opiniões erradas anteriores e se harmonizariam com as claras palavras do Espírito de Profecia? Não, ao contrário, eles "sugeriram aos Depositários que algumas notas de rodapé ou apêndices devessem aparecer em certos livros de Ellen G. White, esclarecendo muito largamente nas palavras de Ellen White nosso entendimento das várias fases da obra de expiação de CRISTO." Minutes, 1483.

 

Ponderem sobre essa surpreendente declaração. Eles admitem que a Irmã White diz que "a obra expiatória de CRISTO está agora em progresso no santuário celestial," e então eles propõem que inserções sejam feitas em alguns livros da Irmã White que darão nosso entendimento da expiação! Eles estavam, contudo, agindo somente em harmonia com a declaração oficial em Questions on Doctrine de que quando se lê "nos escritos de Ellen G. White que CRISTO está fazendo expiação agora, deve ser entendido que simplesmente queremos dizer que CRISTO está agora fazendo aplicação" etc., pág. 354, 355.

 

Se a Irmã White estivesse agora viva e devesse ler isto, ela certamente estaria tratando com certos escritores presunçosos e em palavras que poderiam ser entendidas. Ela não concederia o direito para ninguém, quem quer que fosse, de mudar o que ela tinha escrito ou interpretá-lo para viciar seu claro significado. A reivindicação que Questions on Doctrine faz de que a Sra. White quer dizer o que ela não diz, efetivamente destrói a força de tudo o que ela já escreveu. Se temos de consultar o intérprete inspirado [pelo diabo] de Washington antes de saber o que ela quer dizer, é melhor descartarmos todos os Testemunhos. Queira DEUS salvar o Seu povo.

 

Cedo neste século, quando a sorte da denominação estava na balança, a Irmã White escreveu: "Satanás lançou seus planos para debilitar nossa fé na história da causa e obra de DEUS. Estou profundamente convicta conforme escrevo isto: Satanás está operando com homens de posição proeminente para varrer os fundamentos de nossa fé. Permitiremos que isso aconteça, irmãos?" R&H, 12-11-1903.

 

Respondendo a sua pergunta, "permitiremos que isso seja feito?", ela diz:

 

"Minha mensagem é: Não mais consintais sem protestar contra a perversão da verdade... Fui instruída a advertir nosso povo; pois muitos estão em perigo de receber teorias e sofismas que minam os pilares fundamentais de nossa fé." Letter to the Physicians and Ministers, Series B, nº 2, pág. 15. "Nos passados cinqüenta anos cada fase da heresia tem sido trazida sobre nós, para obscurecer nossas mentes com relação aos ensinos da Palavra - especialmente com relação à ministração de CRISTO no santuário celestial... Mas os marcos-guias que nos têm feito o que somos, devem ser preservados, e serão preservados, como DEUS tem significado através de Sua Palavra e do testemunho de Seu ESPÍRITO. Ele nos chama para ficarmos firmes, com as garras da fé aos princípios fundamentais que estão baseados em inquestionável autoridade." Ibidem, 59. "Imaginais que quando vejo o início de uma obra que removeria alguns dos pilares de nossa fé, eu teria algo a dizer? Devo obedecer a ordem, 'Enfrentai-o!'" Ibidem, 58 (Ênfases supridas).

 

Manifestar-se Proeminentemente

 

Após os dois homens terem sugerido a inserção de notas e explicações em alguns dos livros de Ellen G. White [Isso passou a ser feito com regularidade a partir da década de 1960 em vários livros de Ellen G. White, por exemplo, Primeiros Escritos, Testemunhos para Ministros, baseados no princípio papal, de que a Igreja é a única fonte genuína de interpretação, quando na verdade é o ESPÍRITO SANTO.], que dariam ao leitor a impressão que ela não se oporia à nova interpretação deles, eles tiveram outra sugestão a dar. "Isto é um assunto", eles disseram, "que no futuro próximo vai se revelar proeminentemente, e que faríamos bem em prosseguir com a preparação e inclusão de tais notas nas futuras impressões dos livros de Ellen G. White." Minutes, pág. 1483.

 

Deixo ao leitor decidir por que os homens estavam com pressa de introduzir as notas e explanações nos livros de Ellen White. Poderia ser que isto se constituiria um "fait accompli", um fato consumado, uma coisa que já tinha sido feita e que seria difícil ou impossível de mudar? Esta é uma consideração importante, pois há razão para crer que as coisas estão ocorrendo a outros de nossos livros, e há um movimento definido para mudar nossa doutrina em outros assuntos. Isto deve ser também explorado, antes que seja muito tarde.

 

Em 2 de maio de 1957 está registrado nas Minutas: Afirmações de Ellen G. White sobre a Obra de Expiação de Cristo - "A reunião dos Depositários realizada em primeiro de maio encerrou-se com nenhuma ação tomada sobre a questão que foi discutida em extensão - adequadas notas de rodapé e explanações quanto às declarações de Ellen G. White sobre a obra expiatória de CRISTO, que indicam uma contínua obra no tempo presente no céu. Visto que o presidente de nossa mesa estará ausente de Washington para os próximos quatro meses, e os envolvimentos nesta questão são tais que deve haver a mais cuidadosa consideração e conselho, foi 'VOTADO, Que adiamos a consideração até mais tarde sobre os assuntos que foram trazidos a nossa atenção pelos Prs. "X" e "Y" envolvendo declarações de Ellen G. White sobre a obra expiatória contínua de CRISTO'." Minutas da Mesa dos Depositários White, pág. 1488.

 

Ficou presumido quatro meses depois quando o Pr. Olson voltou que nenhum voto foi tomado para garantir o pedido. Isto foi oito meses após a primeira reunião deles em janeiro de 1957, tempo em que o assunto foi exposto.

 

Correspondência com Washington

 

Depois que esse assunto veio ao meu conhecimento, orei bastante. Qual era minha responsabilidade nesse assunto, ou tinha eu alguma? Não confidenciei com ninguém. Decidi que minha primeira responsabilidade seria com os oficiais de Washington, assim escrevi à Associação Geral. Lá fui informado que eu não tinha nenhum direito à informação que eu obtivera. Aquilo era suposto ser secreto, e eu não tinha direito nem mesmo de ler os documentos.

 

Depois de quatro cartas passadas, foi-me dito que eles não estavam mais interessados em discutir o assunto. O assunto estava resolvido. Quando perguntei se isto significava que a porta estava fechada, recebi a resposta: "Considerei o assunto ao qual tens referido como encerrado." Quanto ao indecente e não verdadeiro artigo na revista Ministry, "Discuti isso com os irmãos envolvidos e gostaria de deixar o assunto lá." Assim a porta estava fechada.

 

Eis alguns dos pronunciamentos oficiais: "As minutas são confidenciais e não destinadas ao uso público." Se erro é cometido, é proibido expô-lo meramente porque alguns querem mantê-lo confidencial?

 

"Estás fazendo isso sobre boato e sobre minutas confidenciais que não tens o direito de ler." Ninguém nunca falou comigo sobre isso ou me informou. Li as Minutas e agi sobre elas. As minutas não são boatos. Elas são documentadas oficialmente e assinadas.

 

"...não tens o direito mesmo de ler." Quando tenho evidência que me parece destrutiva da fé, devo eu fechar meus olhos para o que considero tentativas premeditadas para extraviar o povo pela inserção de notas, explanações e notas de apêndice nos livros da Sra. White? É oficialmente aprovado?

 

"Desejo repetir o que escrevi antes, que os homens têm o perfeito direito de ir às mesas diretoras, incluindo o grupo dos Depositários White, e fazer suas sugestões sem temor de serem disciplinados ou tratados como heréticos."

 

Isto foi reenfatizado: "Reafirmo minha declaração anterior que creio que esses irmãos estavam inteiramente certos de ir aos responsáveis e delegados com qualquer sugestão que tivessem para estudo."

 

Isto torna claro que o ato dos dois irmãos foi aprovado oficialmente; que nada fizeram pelo que devessem ser reprovados, mas que fizeram o que tinham perfeito direito de fazer. Não penso que nosso povo dará boas-vindas a esse novo princípio.

 

"Sugerir que bons e fiéis homens adventistas decidiram alterar os pilares de nossa fé está longe dos fatos como os pólos estão afastados... adulterar os testemunhos, quando isto nunca ocorreu, nem houve qualquer tentativa para fazê-lo."

 

Deixo com a decisão do leitor exatamente por que os homens foram aos Depositários: não foram eles para ter inserções, notas, notas de apêndice, explanações feitas em "alguns dos livros de Ellen G. White"? Conquanto o comitê eventualmente decidiu não fazê-lo, a culpa dos homens não mudou por esse fato. Afirmar que quanto a "adulterar os Testemunhos quando nada disso nunca ocorreu nem nunca houve tentativa de fazê-lo," as Minutas falam por si mesmas.

 

Uma Situação Séria

 

Esse episódio dos Depositários traz em foco uma grave situação. Não é meramente o assunto de dois homens tentarem ter inserções feitas em alguns livros da Sra. White. A coisa mais séria é que este fato teve a aprovação da administração, que declarou que os homens tinham "perfeito direito" de fazer o que fizeram. Este pronunciamento abre um caminho para outros seguirem, e como o assunto é mantido secreto, grande abuso poderia prontamente resultar. Sem dúvida, se o assunto for deixado para o povo votar, não haverá permissão para qualquer falsificação, ou tentativa para adulterar os escritos de Ellen G. White.

 

Os homens que visitaram os Depositários em primeiro de maio de 1957, como relatado, declararam claramente que haviam descoberto que a Sra. White ensina claramente "que a obra de expiação de CRISTO está agora em progresso no santuário celestial." Por outro lado, a revista Ministry, de fevereiro de 1957, declara exatamente o oposto. Diz que o "ato sacrifical na cruz é a expiação completa, perfeita e final para os pecados dos homens." Questions on Doctrine tenta reconciliar esses dois pontos de vista opostos declarando que quando se "ouve um adventista dizer ou ler na literatura adventista - mesmo nos escritos de Ellen G. White - que CRISTO está fazendo expiação agora, deve ser entendido que queremos significar ou dizer simplesmente que CRISTO está agora fazendo aplicação," etc. pág. 354, 355. Está claro que se a expiação na cruz foi final, não pode haver uma expiação mais tarde também final. Quando nós, portanto, por 100 anos temos pregado que o dia da expiação começou em 1844, estávamos errados. A expiação findou 1800 anos atrás. As centenas de livros que temos publicado; as milhões de cópias do livro Bible Readings [Estudos Bíblicos] que temos vendido; os milhões de folhetos que temos distribuído, dizendo que é "a semana na corte no céu", são tudo falsa doutrina; as instruções bíblicas que temos dado às crianças e o ministério jovem e que eles têm sorvido como verdade bíblica, é uma fábula.

 

Urias Smith, Loughborough, Andrews, Andross, Watson, Daniells, Branson, Johnson, Lacey, Spicer, Haskell, Gilbert, e uma hoste de outros ficam condenados por ter ensinado falsa doutrina; e a denominação inteira, cuja principal contribuição para o cristianismo é a doutrina do santuário e o ministério de CRISTO, deve agora confessar que todos estávamos errados, e que não temos nenhuma mensagem para o mundo para os últimos dias. Em outras palavras, somos um povo enganado e enganador. O fato que possamos ter sido honestos não altera o fato que temos dado uma falsa mensagem. Tirem de nós a questão do santuário, o juízo investigativo, a mensagem dos 2300 dias, a obra de CRISTO no lugar santíssimo, e não temos o direito de existir como um povo denominado, como mensageiros de DEUS a um mundo condenado. Se o Espírito de Profecia nos extraviou estes muitos anos, então vamos jogá-lo fora.

 

Mas não! Alto! DEUS não nos tem extraviado. Não temos falado fábulas ardilosamente inventadas. Temos uma mensagem que suportará o teste e confundirá as teorias destruidoras que estão encontrando seu caminho entre nós. Neste caso não é o povo que está se extraviando, exceto se seguirem os líderes. É tempo que haja uma viravolta.

 

Já fazem agora mais de quatro anos que a apostasia começou a ser plenamente evidente. Desde aquele tempo tem havido uma tentativa deliberada de enfraquecer a fé no Espírito de Profecia, pois está claro que enquanto o povo reverenciar o dom dado a nós, eles não podem se extraviar. Disto falaremos resumidamente. O tempo para agir chegou. O tempo para abrir os cantos escuros chegou. Não mais deve haver acordos secretos, nenhum contato com outras denominações que odeiam a lei e o sábado, que ridicularizam nossa mais elevada fé. Não mais devemos ter intimidade com os inimigos da verdade, não mais promessas que não faremos proselitismo. Não devemos tolerar lideranças que permitem adulterar os escritos confiados a nós, e estigmatizar como pertencente à orla lunática os que ousam discordar deles. Não mais devemos ficar calados. Alarga tua tenda, ó Israel!

 

Sejam de boa coragem, irmãos. O SENHOR ainda une. Temos uma obra a fazer. Trabalhem todos juntos. E não nos esqueçamos que nossa maior força jaz na íntima união com DEUS, em oração. Dediquemo-nos novamente todos a ELE.

 

M.L. Andreasen

 

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